Há muito, muito tempo havia no Alto da Rainha dois territórios: o de S. Bartolomeu e o dos Mouros; neste último morava uma princesa moura chamada Zaira.
Certo dia andava Zaira a passear pelas courelas das redondezas, quando avistou Bartolomeu a beber água na fonte de uma presa. A princesa ficou encantada com o belo cavaleiro, pois ele tinha, a seu lado, um exemplar raro do cavalo Lusitano.
Todos os dias - à mesma hora - Zaira passeava pelos campos à espera de encontrar o seu belo cavaleiro.
Bartolomeu galopava no seu cavalo quando avistou uma bela mulher de tez morena e de olhos castanhos. Ficou encantado com a sua beleza e resolveu ir ter com ela, convidando-a para irem passear no seu cavalo.
A partir desse dia Zaira e Bartolomeu encontravam-se na presa para beber, pois esta era uma das desculpas de Zaira para poder sair dos seus domínios (Penedo da Moura). Houve um dia que Bartolomeu não apareceu à hora combinada e Zaira ficou muito preocupada, mas quando apareceu com uma estátua para lhe oferecer, sossegou. Bartolomeu viu Zaira a chorar e sentiu que estavam muito apaixonados, declarando amor eterno à sua princesa.
A partir desse dia combinaram encontrar-se à noite, para ninguém descobrir o seu amor, pois sabiam que era um romance proibido.
Amor proibido
Certa noite quando Zaira se preparava para ir ter com o seu apaixonado, o seu pai ouviu algo estranho e resolveu segui-la, qual não foi a sua surpresa quando viu que a sua filha se encontrava com um cristão! Ficou muito zangado, agarrou-a e arrastou-a pelos seus longos cabelos pretos. Bartolomeu agarrou na sua espada e decidiu lutar com o pai de Zaira para defender a sua amada, só que não conseguiu, pois, no entretanto, chegaram mais Mouros para defenderem o seu rei.
Perante tal situação Bartolomeu montou no seu cavalo e foi para os seus domínios à procura de ajuda, para poder resgatar a princesa. No dia seguinte os cristãos estavam preparados para enfrentar os Mouros, e assim poderem ajudar o seu fidalgo. Antes de os enfrentar, Bartolomeu tentou entrar nos seus domínios através de um mapa que Zaira lhe tinha facultado anteriormente - para lá se encontrarem clandestinamente -, mas o cavaleiro não conseguiu dar com o quarto da princesa, pois os corredores eram imensos, regressou, pois, para junto dos seus guerreiros e atacaram os Mouros, só que mais uma vez não conseguiu atingir os seus objectivos: os Mouros eram em maior número.
Amor Encantado
Bartolomeu ficou muito triste e refugiou-se num pequeno templo existente na vizinhança dos domínios dos Mouros, enquanto Zaira foi castigada pelo seu pai, ficando vários meses encarcerada. Esta chorava incessantemente pelo seu amor, o que deixava o seu pai muito enfurecido. Este pediu ajuda aos feiticeiros da sua tribo para a tentarem libertar de tal amor proibido, pois Zaira estava prometida em casamento a um príncipe Mouro.
Os feiticeiros reuniram-se para tentarem arranjar uma solução para tão grave problema. Depois de muito pensarem e estudarem a situação da princesa, não conseguiram chegar a nenhuma solução e como tal chamaram o seu rei para lhe comunicarem a situação. O rei, depois de os ouvir, ficou de tal maneira zangado pela desobediência da sua filha, que ele próprio encontrou a solução, Zaira seria transformada em penedo. Penedo esse que ainda hoje é conhecido e visto como Penedo da Moura.
Amor Platónico
Ao saber de tal decisão Bartolomeu sofreu um grande desgosto de amor e foi para o templo, onde esteve vários dias a meditar, alimentando-se somente de pão, sardinhas e água, passando os dias e as noites de olhos fixos no Penedo da Moura a lembrar-se da sua bela Zaira.
Os Mouros apercebendo-se que Bartolomeu estava próximo de Zaira, decidiram invadir o templo. Bartolomeu face a tal situação e não tendo como ripostar só lhe restou montar no seu cavalo e fugir, olhando pela última vez para a sua amada. Mas algo aconteceu, quando os Mouros se aproximaram do templo a terra começou a tremer e uma grande fenda se abriu, engolindo o templo.
No seu lugar ficou um penedo, conhecido como o Penedo Santo.
Amor Fatal
Bartolomeu fugiu por essas terras fora e encontrou um penedo. Nesse dia havia uma grande tempestade, o céu estava cinzento e subitamente um raio de sol iluminou tudo ao seu redor. O cavaleiro viu em tudo isto, um sinal, dando-lhe o nome de Penedo do Sol.
Negros eram os dias para Bartolomeu sabendo que a sua amada estava encantada, daí dedicar-se a esculpir uma mensagem na face das pedras do Penedo do Sol, mensagem que profetizava a libertação da sua amada.
Mas um dia ao pôr-do-sol, Bartolomeu encontrou o pai de Zaira, os dois combateram novamente, mas desta vez num duelo mortal. O Rei Mouro morreu e Bartolomeu ferido mortalmente, montou o seu fiel cavalo e galopou por caminhos e vales. Numa vereda, falho de forças, o cavalo colocou as suas patas dianteiras no muro do Casal de Rio de Moinhos.
Bartolomeu olhou e céu e nesse instante viu Zaira, sua amada, e tombou no chão deixando a marca da sua espada.
«A História Dentro da História» - (Centro Escolar de Figueiras)
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