Quarta-feira, 30 de Junho de 2010

  

1. 10. Pedra de Armas

 

A pedra de armas, nem sempre presente, na fachada da casa, capela e torre, “personifica não só um estatuto social como privilégios concedidos directamente pela realeza.”627 E tem um carácter eterno até pela escolha do próprio material, o granito, testemunho “quase perpétuo da linhagem dos seus proprietários que deixam na rocha a genealogia da família e as respectivas alianças.628 A esta pedra é associada a própria casa que, não raro, fica também conhecida pelo nome da família que a habita há várias gerações: “Exibição de posição e poder, o escudo assume agora um valor de memória de uma sociedade e uma forma de viver que se extinguiu.629

Com o séc. XVIII assistimos ao aparecimento de frontões nas fachadas para exibir a pedra de armas, geralmente ricos de decoração no paquife e com escudo de forma abaulada.

As casas de Vila Verde, da Quintã e da Lama exibem a respectiva pedra de armas na fachada principal da capela. No frontão que coroa a fachada principal, aparecem cravadas as pedras de armas nas residências de Alentém, Ronfe, Bouça e Porto. Enquanto a pedra de armas da casa de Juste encima a cornija da fachada Oeste e em Rio de Moinhos está colocada no segundo andar do torreão da fachada principal. As armas de S. Francisco, na casa do Outeiro, vislumbram-se na face da torre, na fachada Sul.

A pedra de armas da capela da casa da Lama encima o portal, enquanto o da Quintã está colocado no centro da empena; e o de Vila Verde aparece adossado ao painel, entre dois óculos. Todos estão colocados no centro do frontão, com a particularidade de Juste apresentar duas pedras sobrepostas; e de em Rio de Moinhos estar colocado entre duas janelas de lintel curvilíneo, molduradas. As armas que se acham na torre da casa do Outeiro são de S. Francisco.

 

 

Quadro N.º 31 - Tipologias da pedra de armas da casa nobre do concelho de Lousada

Casa

Tipologia

 

Lama, Quintã e Vila Verde

 

Na frontaria da capela

Alentém, Ronfe, Bouça e Porto

No tímpano do frontão

Juste

Coroa a cornija da fachada principal

Rio Moinhos

Na frontaria da casa

Outeiro

Na face da torre

 

 

________________________________

627 - Eram nobilitados facilmente os senhores de casas nobres e com vastas terras, com grandes quintas, em Portugal, tal como no Brasil, os senhores de engenho, já que deles “ só se fala com consideração.” PIRES, Fernando Tasso Frogosso - Fazendas: as grandes casas rurais do Brasil. Nova Iorque [etc]: Abbeville Press Publishers, 1995, p. 11. Cit. por FAUVRELLE, Natália - o. c., p. 78.

 

 


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Cruzeiro de Cemitério (Alvarenga) 

Encontra-se adossado a meio do muro do topo nascente do Cemitério, sito no lugar da Igreja.

É propriedade da Junta de Freguesia de Alvarenga.

Construído em granito no ano de 1992.

Está em muito bom estado de conservação.

Tem uma cruz latina e quadrangular. A haste vertical é muito mais alongada que a horizontal. A cruz assenta no dado que é cúbico.

Na cruz está colocado um crucifixo em metal.

A plataforma é quadrangular e tem dois degraus.

 Cruzeiro Paroquial de Alvarenga 

Situa-se no lugar da Igreja, num incaracterístico local sobranceiro, delimitado e a cem metros da Igreja matriz.

É propriedade da Igreja Católica.

Construído em granito.

Desconhece-se a data da sua construção.

Está em bom estado de conservação.

É um vetusto Cruzeiro que se pode confundir com um Cruzeiro de via-crusis. É um Cruzeiro Paroquial e tem função processional. A procissão anda à sua volta e depois recolhe à Igreja.

Tem uma cruz latina, quadrangular, estriada e assenta na cornija do pedestal. A haste vertical é mais comprida que a horizontal.

Além da cornija, o pedestal é ainda composto pelo dado cúbico que está praticamente soterrado.

 

SILVA, Leonel Vieira da - In Cruzeiros de Lousada





publicado por José Carlos Silva às 15:07 | link do post | comentar

 

 

         Trata-se de uma bela e preciosa relíquia histórica e que muitas vilas destruíram e actualmente gostariam de certeza absoluta possuir. Da plataforma sai uma coluna salamonica de granito de forte enrolamento, bem vincado, os torsos assentes: o desbaste menos regular, o fuste vai terminar o torcido num remate cilíndrico do capitel simples. Em cima assenta o remate (tronco piramidal), de secção quadrada, invertido com uma das molduras trabalhadas. Nos centros da face superior vêem-se as calhas dos ferros, que suportaram as correntes das argolas.

SILVA, José Carlos - As Capelas Públicas de Lousada, U. Portucalense, 2007

 

 



publicado por José Carlos Silva às 15:06 | link do post | comentar

 

De facto, a vetustez é atributo que sobressai e aparece exemplificada em topónimos de origem celta, romana, sueva ou árabe, espalhadas por todo o Concelho. E também monumentos: quase todas as freguesias têm uma ogiva ou uma calçada, um túmulo ou um castro a comprovar a sua antiguidade. Pelo menos, uma lenda, um tesouro escondido ou uma moura encantada que daqui não quis arredar.

Lousada tem orgulho em si própria porque tem muito a ver com a fundação de Portugal, como todo o Vale do Sousa, esteja ou esteja o facto devidamente salientado, pois não faltam notíccias de santos que aqui ergueram mosteiros, de reis, rainhas, príncipes e princesas que nestes vales e montes se criaram, brincaram e cavalgaram, vigiados pelos aios, desde o sempre honrado Egas Moniz, à sua filha D. Urraca e a Estefânia Soares de Riba de Vizela ou ao Conde de Vizela, que nesta terra terão orientado e amado como filhos alguns dos primeiros Afonsos, Sanchos ou Mafaldas que Portugal houve.

Daqui são oriundas as nobres famílias dos Sousas e Leitões, famílias que se cruzaram entre si e com as da Maia, de Baião, de Ribadouro, de Riba de Vizela ou com a de Soverosa - afinal as que «filharam Portugal». Alguns dos seus descendentes se uniram à casa real.

(...), ..., embora para caracterizar o Concelho, fosse suficiente apresentar dois factos: ter sido Lousada a primeira sede da diocese do Porto e ter sido Lousada o berço da família «mais principal» de Portugal.

 

MOURA, Augusto Soares - In Lousada Antiga, 2009




José Carlos Silva às 21:24 | link do post | comentar


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publicado por José Carlos Silva às 07:42 | link do post | comentar

A Capela de N. Sr.ª do Alívio.

 

Quem chega à igreja paroquial, só tem que virar à direita e subir até ao alto e irá encontrar junto ao cemitério de Covas a alva capela de N. Sr.ª do Alívio.

Esta capela já existia em 1914. É que, e segundo o Jornal local a capela da Sr.ª do Alívio, em Covas, “foi alteada e sofreu melhoramentos. Pagos pelo Major Moreira Ribeiro.

E o bispo do Porto autorizou que nesta capela se celebrasse missa.”[1][1]

 

Algumas Considerações Artísticas.

 

A capela de N. Sr.ª do Alívio é datada - pelo menos - de finais do séc. XIX, já que em 1914 é notícia de um restauro que foi feito - ateamento. E nessa altura deveria de ser uma pequena ermida em cantaria.

Actualmente, é uma construção - que parece ser toda ela em materiais modernos, actuais - rebocada, e pela espessura da parede não é em cantaria. Pintada em branco.

O alçado principal é muito simples, com um portal em arco e porta em ferro, sendo na sua maior parte envidraçada, o que permite uma excelente iluminação do templo.

No frontão, no seu cume, uma artística cruz, em ferro metalizado, encima o templo. Da cruz nasce um artefacto que permite iluminar, exteriormente, o templo.

Três degraus em mármore dão acesso ao portal do templo.

O alçado direito, assim como o esquerdo, apresentam frestas em arco, o que permitem uma boa iluminação do templo.

Templo de linhas simples e sóbrias.

 

 

 

A Capela de N. Sr.ª do Amparo.

 

No princípio do séc. XVIII já existia esta capela em S. João de Covas. A prová-lo lá está um calvário datado de 1723. Julgo que esta capela teve uma reconstrução mais recuada, mas não tive acesso a documentos que me pudessem provar estas suposições. Do primeiro quartel do séc. XVIII é.

“A capelinha de N. Sr.ª do Amparo situa-se no cimo de alta colina...”[2][2]

Esta capela sofreu várias intervenções, vários melhoramentos, o último dos quais em1996, em que o recinto da ermida foi calcetado, e custou 600 contos.

Do local onde está implantada a capela de N. Sr.ª do Amparo, pode-se apreciar a beleza que nos oferece o vale Mesio.

 

Algumas Considerações Artísticas.

 

A capela é composta por nave e altar - mor, e foi sofrendo restauros ao longo do tempo, o que lhe alterou a traça primitiva.

A ermida - primitiva - era mais baixa. Foi alteada, o que lhe deu um ar de imponência lá no alto da colina. Aliás, quem olhar a actual frontaria verifica que um pouco acima do portal há uma almofada que, porventura, faria parte do edifício primitivo.

Desconheço as datas em que esta capela foi restaurada. Sei que por várias vezes sofreu intervenções, já que algumas delas são visíveis, e em épocas diferentes.

É uma bela e equilibrada construção em cantaria, com a fachada principal em azulejo em padrão, azul, e os restantes alçados rebocados e em branco.

É uma construção de estilo barroco, séc. XVIII, primeiro quartel.

O alçado principal mostra-nos uma frontaria azulejada, em padrão, azul, e com pilastras salientes. O azulejo poderá ser situado no séc. XX, última década.

A meio da frontaria, um portal em cantaria simples e um pouco acima uma almofada em cantaria elaborada. Quer no lado direito, quer no lado esquerdo do portal, duas frestas - pequenas - ajudam à iluminação natural do templo.

A meia altura da frontaria no seu lado direito, vê-se um acrescento em cantaria e em azulejo da mesma origem e matriz de toda a fachada principal. O azulejo deverá Ter sido colocado na frontaria da capelinha ao mesmo tempo que foi feito este acrescento no seu alçado direito.

O remate do entablamento é feito por pirâmides em cantaria trabalhada. E no cume do frontão uma cruz.

Ocupando parte do tímpano e parte superior da frontaria, uma grande e artística cruz de Malta, diz-nos que em outros séculos mais recuados aquelas terras pertenceram à Ordem de Malta.

O alçado direito apresenta um acrescento, que na sua parte principal é azulejada e na restante construção é rebocado. Outras duas construções - Sacristia - mais recentes, rebocadas e sem serem em cantaria.

Logo no início do alçado direito, sobrepujando aquilo que parece ser uma construção que servirá de local de arrumos; uma fresta foi rasgada para permitir a iluminação do templo. Acima desta fresta, tendo por base o entablamento, uma sineira em arco perfeito, sem rins.

Sobrepujando a Sacristia outra fresta aparece rasgando o templo e para a sua iluminação natural.

O alçado direito é rebocado a branco e pode ver-se o que resta de uma imagem de N. Sr.ª do Amparo.

Já o alçado esquerdo tem a cantaria rebocada, um portal, a meio, e duas frestas que permitem a iluminação natural do templo.

Do alçado norte pode-se realçar as pirâmides que rematam o entablamento e a cruz que encima o frontão.

 

SILVA – José Carlos, In As Capelas Públicas de Lousada, U. Portucalense, 1997.



[1][1] Jornal de Lousada, 18 de Outubro de 1914, n. º 376 p.2-3.

[2][2] Jornal Terras Vale do Sousa, 22 de Abril de 1993, p. 6.



publicado por José Carlos Silva às 07:40 | link do post | comentar

O Cruzeiro de Pereiras

A freguesia de Caíde de Rei é das maiores do concelho, mas apenas tem um Cruzeiro, que se situa no lugar de Pereiras, a duzentos metros da Igreja matriz.

É um Cruzeiro Paroquial.

É propriedade da Igreja Católica.

Construído em granito no ano de 1940.

Está em bom estado de conservação.

A cruz duplamente aguçada assenta no capitel em forma de anel espalmado.

O fuste é circular.

O pedestal é formado pelo dado cúbico e pela cornija. É no dado que se pode ler a data da construção.

A plataforma é quadrangular e formada por dois degraus.

 

VIEIRA, Leonel Vieira – In Os Cruzeiros de Lousada, U. Portucalense, 2004

 



publicado por José Carlos Silva às 07:37 | link do post | comentar

 O Cruzeiro Paroquial Edificado no meio de um alto e sobranceiro entroncamento, no lugar do Cruzeiro e aproximadamente a duzentos metros da Igreja matriz. Este belo Cruzeiro é propriedade da Igreja Católica. Construído em granito. Desconhece-se a data da sua construção. Está em bom estado de conservação. A cruz é ponteada. O fuste é octogonal, assenta numa base e termina num capitel singelo. O pedestal é constituído pela cornija e pelo dado cúbico. No dado há incisões indecifráveis. A plataforma é quadrangular e tem três degraus. O Cruzeiro do Cemitério Situa-se a meio do muro do topo nascente do Cemitério, no lugar da Igreja. É propriedade da Junta de Freguesia de Cernadelo. Construído em granito. Desconhece-se a data em que foi erigido. Está em bom estado de conservação. A cruz é oitavada, tem as arestas diminuídas e faz lembrar a cruz de Cristo. O fuste é octogonal e assenta num dado quadrangular.

SILVA, Leonel Vieira - Os Cruzeiros de Lousada



publicado por José Carlos Silva às 07:33 | link do post | comentar

Segunda-feira, 28 de Junho de 2010

Rio SOUSA - segundo a Memória Paroiquial de Aveleda

  

Passa pellas margens desta freguezia pela parte do Nascente o Rio chamado Souza, tem seu principio nas Lamas da freguezia de Moure que fica entre Cramos e Pombeyro, em distancia desta freguezia, huma grande legoa. Não nasce logo caudelozo, sim se vem augmentando com as fontes e regatos que descem para elle de huma e outra parte, atte chegar a esta freguezia, por onde já corre bastantemente avultado todo o anno, principalmente no tempo de inverno que sempre vay mais crescido. Não hé navegavel e só em alguns poços altos pode andar nelle algum barco ou batel pequeno. Corre com curso manso e quieto, porem no tempo de inverno quando há cheyas grandes, corre arebatado. Corre de Norte para Sul. Cria trutas, vogas, escallos, e alguns barbos. Não tenho que informar, só que em todo o anno se pesca, excepto nos meses proibidos. Hé comum para toda a pessoa que quizer pescar enquanto nesta freguezia que nas outras por onde passa athé se meter no Rio Douro, como ficao distantes desta não pude alcançar notícia certa para aquy dar informaçoes verdadeyras como se requer o que farão os Parochos das mesmas freguezias. Este Rio passa por entre prados cultivados com seus arvoredos ao rredor, como são salgueyros, amieyros, castanheyros, e carvalhos, com suas vides que dão vinho verde. Não tenho que informar porque não consta tenhão as suas aguas virtude alguma particular. Toma este Rio o nome Souza de hum lugar chamado Souza que fica junto a este Rio, perto do sitio onde se mete no rio Douro e sempre este Rio Souza teve o mesmo nome desde a Ponte da veyga que he onde principia a ser Rio, athe se meter no Rio Douro. Morre no Rio Douro no sitio a que chamão Entre ambos os Rios, como dizem algumas pessoas com quem me informey e outras dizem se mete no sitio de Arnellas.

Património Edificado no Rio Sousa

Não tem no circuito desta freguezia, por onde passa, cachoeira alguma, só tem duas, digo tres açudes que fazem reprezar as aguas para moverem os moinhos que há no mesmo Rio, e estes açudes lhe embaraçarao o ser navegavel se fosse capaz de navegação. Tem huma ponte de cantaria feyta com perfeyção e segurança, e foy feyta por ordem de Sua Majestade que Deos guarde, esta ponte tem tres ilhais e tem de largura dez ou doze palmos e  está situada entre Vilella, e esta freguezia, ao qual lugar de Vilella pertence a esta mesma freguezia eos moradores do dito lugar passao pela dita ponte para a Igreja ouvir missa e assistir aos Oficios Divinos. Serve de passagem aos passageyros que vem de Villa de Conde, e daquellas partes para a Amarante, e para villa Real. Tem mais no circuito desta freguezia dois pontitos, e por qualquer delles só pode passar huma pessoa ao mesmo tempo por serem estreytos hum de pedra a que chamão as poldras de Barrimao que serve de passagem desta freguezia para a freguezia de São Pedro de Cahide; o outro pontito hé de pao a que chamao a ponte da Darconha e serve de passagem desta freguezia para a freguezia de Alentem.Tem huma caza de moinhos no lugar de Prequiam e consta de seis rodas e huma destas he alveyra que moe trigo e estes moinhos São de Manoel Pinto de Magalhaes da caza grande de Vilella e para estes moinhos vay hua grande levada de agua reprezada em hum dos açudes que há no mesmo Rio. Tem mais duas cazas de moinhos cada hum tem duas rodas que estão no sitio de Barrimao, hum destes moinhos hé de Luiz da Costa Guimaraes e outro de António Rodrigues, ambos desta freguezia e para estes moinhos vay amesma Levada de agua reprezada em açude, digo em segundo açude que tem este Rio no circuito desta freguezia. O terceyro açude repreza a agua para outros moinhos que ficão perto daquelles, onde tãobem há huma azenha ou lagar de azeyte, e São de Luis Pinto da freguezia de Alentem. Não tenho que informar. Uzaó Livremente os moradores desta freguezia da agua deste Rio, onde  podem reprezar para limarem e regare seus campos, mas os que mays se aproveytão della saó Luís da Costa Guimaraes do Lugar de Barrimau, e Manoel Pinto de Magalhaes da caza grande do lugar de Vilella porque tem reprezado duas levadas do mesmo Rio para os seuscampos, e não paga pensão alguma. Tem este Rio seis legoas de distancia pouco mais ou menos desde o seu nascimento athe acabar no Rio Douro, e não passa por entre povoações algumas de nome, só por entre alguns moradores da freguezia da Cepeda, segundo a averiguação que pude fazer, assim como dos mais particullares do mesmo Rio, fora do distrito desta freguezia, que os Parochos por onde elle passa, poderão dar informação de sciencia certa.

Memória Paroquial de Aveleda 1758, Maio, 22

I. A. N. T. T. Diccionario Geográfico. 1758, Vol. 5. fl. 847 a 8



publicado por José Carlos Silva às 22:26 | link do post | comentar

 

Identidade(Anterior/Actual)

Capela de S. Bartolomeu.

Data construção

Séc. XVIII

Localização 

Lugar de Vilela

Inserção  Ed. no Património

Aveleda - Lousada

Classificação Oficial 

Pública (até 5/10/1910 foi particular - Casa Grande de Vilela)

Proprietários

Igreja de Aveleda

Regime Jurídico

Público (só desde de 1910)

Estado de Conservação

Excelente

Bom    X     

Protecção e Valorização

Existente X

 

Análise Arquitectónica:

Tem um aspecto firme e sustentado do barroco, que o seu granito inspira e o seu óculo confirma.

A capela sofreu várias intervenções de preservação e restauro - telhado, as paredes já foram rebocadas, etc., mas a traça original foi mantida. É pois uma construção perfeitamente equilibrada, em cantaria de junta fitada (não é cheia ou tomada), mas sem ser pintada é usual, ressalta o cimento e o granito.

Fachada granítica, em que as pilastras - um pouco salientem do corpo do edifício - trabalhada se elevam até ao entablamento e sustentam praticamente todo o peso do frontão clássico, este com timpano liso, sem qualquer tipo de decoração.

A porta principal, rectangular, com lintel saliente, em forma de almofada e entre esta e o entablamento aí se encontra o óculo com ferro em quadrados e um vidro oval claro que amplifica a iluminação natural da capela, em dias de sol.

No cume do frontão uma cruz assente numa pequena base. O entablamento tem como remate uma pirâmide em cada um dos seus extremos.

No alçado esquerdo, mais ao menos rente ao chão e com pouca altura e diminuta espessura, encontramos umas alminhas muito bem conservadas e com um belo fresco, tendo por figura central o Anjo S. Gabriel.

Capela da 1ª metade do séc. XVIII.

SILVA, José Carlos – As Capelas Públicas de Lousada, U. Portucalense, 1997.


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publicado por José Carlos Silva às 22:10 | link do post | comentar

Preliminares

Em 1909 era Procurador Régio, em Lousada, o Dr. Alberto Thomaz David. Este vai contestar uma deliberação - de 8 de Julho de 1893 - da Câmara de Lousada, então presidida pelo ilustre Dr. Camilo Alves Teixeira, que determinava: “pôr á disposição do poder judicial dois quartos no rez-do-chão do edificio do tribunal impondo porém a condição de que os presos que se aproveitassem de tal regalia contribuíssem com a quantia de 200 reis para o cofre do município.” – (Ver Jornal de Lousada, 2 de Janeiro de 1910, n.º 126, p. 2). É bom recordar que os calabouços de Lousada se situavam nos fundos da Câmara, e a ter fé nos relatos da época não era local muito aconselhável.

O Procurador Régio vai contestar, precisamente, esta disposição camarária, a de 1893. Rebenta de imediato a bernarda. Instala-se a polémica. O caso torna-se público e termina na barra do tribunal.

José Teixeira da Mota, à época, Administrador Interino do concelho, demite-se na sequência de toda esta celeuma, mas continua a travar renhida e salutar luta, nas páginas do “Jornal de Louzada”, em prol da verdade – como era seu timbre.

O Jornal de Louzada vai ser, pois, o local privilegiado para se colocarem razões e argumentos de diversa ordem - ora com a razão, ora com o coração -, a roçar o picaresco ou mesmo indo de encontro à subjectividade jocosa de uns versos dos Reis Magos. Estes últimos, os versos dos Reis Magos, ao que parece, são a causa e o motivo para a ida a tribunal do “Jornal de Louzada” e do seu conceituado e ilustre director: José Teixeira da Mota.

Toda a polémica é encerrada em duas históricas audiências: um e dois de Janeiro de 1910.

O Julgamento

No dia 1 de Janeiro de 1910 a Vila de Lousada parou para assistir ao julgamento do “Jornal de Louzada”. Coube ao seu director honrar o seu bom nome. Apareceu ao tribunal de Lousada ladeado por um leque de insignes figuras desta terra que o defenderam com amizade, brio e galhardia: José Freire da Silva Neto (Presidente da Câmara); Dr. Joaquim Moura (Vice – Presidente), Jaime Correia (Vereador); Alberto Quintela); Major Manuel Camelo; Dr. Manuel Elisário; Padre José da Cunha Gonçalves (primeira testemunha de defesa); Dr. Joaquim Hermano (segunda testemunha) e tenente – coronel Feijó (Terceira testemunha de defesa). Foi seu advogado de defesa, o distinto jurista: Dr. Camilo Alves Teixeira.

Cada uma das partes litigantes esgrimiu os seus argumentos, mas a balança da justiça cedo deu sinais de pender a favor do “Jornal de Louzada” e de José Teixeira da Mota.

A leitura da sentença ficou adiada para o dia 2 de Janeiro, dado que o Juiz, Dr. Antero Moreira, tinha sido acometido de uma súbita e repentina indisposição e tinha-lhe sido de todo impossível estar presente no dia da pretérita audiência.

Com o título: “O nosso julgamento” descreve, minuciosamente, o “Jornal de Louzada” de 2 de Janeiro de 1910, N.º 126, segunda página, as peripécias de todo o julgamento, da leitura da sentença e do triunfo portentoso de José Teixeira da Mota.

Não vamos fazer a descrição minuciosa do julgamento. Vamos, pois, sem delongas, à parte que mais nos interessa e que é assaz curiosa.

Pombas, Flores e Cumprimentos Para Um Triunfador

No dia 2 de Janeiro de 1910 a Vila de Lousada estava expectante! Dez horas: momento marcado para dar por finda tamanha celeuma, que só terminará ao meio-dia.

Conta o “Jornal de Louzada” que “Precisamente às 10 horas do dia 2 entrava para o gabinete o meretissimo juiz, o tribunal collectivo a lavrar o accordão que foi lido ao meio dia, julgando improcedente e não provada a acusação, e, portanto, absolvendo-nos. N’esta ocasião recebeu o nosso director, cumprimentos, de grande numero de amigos seus, felicitando-o calorosa e enthusiasticamente pela sentença que a seu favor acabava de ser proferida.

Á porta do tribunal era, o mesmo nosso director, esperado por um grupo de camponezas que o cobriram de flores e acompanharam até á casa da sua residencia onde continuou a receber cumprimentos dos amigos que assim, aproveitaram a ocasião para lhe manifestar quanto o estimam.

Ao findar a leitura do acórdão foram lançadas ao ar, dentro do tribunal algumas pombas com laços de seda ao pescoço onde se lia: Viva o «Jornal de Louzada»; Vivam os colaboradores do «Jornal de Louzada», etc, etc. Alguns desses laços foram mais tarde entregues na redacção d’este Jornal.”

* Mestre em História de Arte em Portugal

 

 






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