A Câmara de Lousada associou-se às comemorações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios com actividades realizadas em dois dias, subordinadas ao tema "Água: cultura e património". A Câmara associa-se pelo quarto ano a esta comemoração através de um conjunto de actividades promovidas no âmbito do Património Histórico.
No dia 15 teve lugar uma conferência proferida por Francisco Silva Costa, cujo tema foi "Águas públicas e património em Lousada - da história local à memória".
Durante a apresentação o investigador falou acerca dos pedidos de licenciamentos para usos e utilizações no domínio público hídrico, no início do século XX, que mostram uma multiplicidade de situações e problemáticas de grande interesse como a construção de açudes, moinhos e pontes.
A utilização da água, indispensável nas diferentes fases do processo produtivo das actividades predominantes do início do século XX, e o papel dos cursos de água na própria produção de energia motora, reflectem-se num património construído de grande valor. Os objectos do quotidiano, de tecnologia, de processos de trabalho, de saber fazer, utensílios e equipamento, apresentam alguns exemplos de grande interesse patrimonial, resultado da relação entre o recurso água e o domínio público hídrico.
Pretendeu-se com esta comunicação dar um contributo sobre a importância da história local no estudo do património ligado à água, tendo em conta alguns exemplos em Lousada.
Saída de campo para visitar o rio
Na segunda-feira, dia 18, decorreu uma outra actividade no âmbito do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios em que esteve presente o coordenador do Projecto Rios, Pedro Teiga. Um grupo de pessoas que participou teve a oportunidade de realizar uma saída de campo num troço de 500 metros do Rio Sousa.
Nesta saída de campo foi possível avaliar a qualidade da água do rio, a presença de microrganismos ou agentes químicos nocivos para o ecossistema e para a saúde pública. Foi ainda analisada a cobertura vegetal associada às margens do rio, assim como a fauna mais característica das zonas ribeirinhas.
A visita proporcionou ainda a possibilidade de observar algum património relacionado com a água como pontes, açudes, levadas, moinhos, noras e canais de condução de água para rega.
O Projecto Rios é um projecto que visa a participação social na conservação dos espaços fluviais, procurando acompanhar os objectivos apresentados na Década da Educação das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável e contribui para a implementação da Carta da Terra e da Directiva Quadro da Água.
VERDADEIRO OLHAR
Casa do Campo
Alferes Nunes de Magalhães
ADP, Lv-141, Po-1, 1ª Série, 7 de Abril de 1825, fl. 63
Capitão Antonio João de Castro Araújo, da casa e quinta do Outeiro – Santa Cristina de Nogueira, concelho de Unhão
ADP-Lv-152-Po1, 29 Agosto de 1829, fl. 89v
José da Silva Neto: Juiz ordinário de todo o crime, dos órfãos, da sisa e dos direitos reais no concelho de Lousada.
ADP-Po1, Livro. 152, Secção Notarial, 1829, fl. 89v
A 16 de Setembro de 1805, Manoel dos Santos Loureiro desempenhava as funções de: Ouvidor, Almotacé, Juiz das execuções, sizas e direitos reais no Concelho de Aguiar de Sousa.
ADP – Po-1, Livro. 101, Secção Notarial, 1805, fl. 85
Lousada…Terra de fadas
De moirinhas encantadas
A sorrir aos namorados
É a terra da saudade
De quem chora em soledade
Nos teus ermos orvalhados.
Lousada…terra de fontes
Que brotam por esses montes,
Perdidos na solidão
Por altas noites sombrias
O murmúrio das águas frias
Enternece o coração.
Jornal de Lousada, 31de Julho de 1948, Nº 2654.
«Da primitiva igreja nada se sabe; da actual sabe-se que foi construída nos fins do séc. XVII ou princípios do XVIII.
A sua imagem do Coração de Jesus é a mais antiga de todas que há pelas freguesias vizinhas. Foi lá colocada solenemente em 1873 ou 1874, sendo por essa ocasião pintados e dourados todos os altares.
(…) É um templo simples mas muito elegante e bem conservado, continuador (sem se garantir que seja em “linha recta”) de um outro já citado no ano de 1059, como Igreja de Santa Marina. O actual edifício será dos fins do séc. XVII. (…), viveu longo tempo sem campanário ou torre sineira. Está a igreja paroquial assente no alto de uma aprazível colina, donde “domina o vale que vem desde as alturas de Penafiel fechar nesta curva da montanha.” (M. Pitoresco, II, 358).
MOURA, Augusto Soares de – Lousada Antiga, Edição de Autor, p. 28 e 31, 2009.
«Desilusão»
(…)
«Os patêgos da província não contam em nada na ordem das cousas. São de valor nullo na direcção dos partidos: um zero, uma quantidade desprezível, a que nunca se recorre, a não ser na quaddra eleitoral.
Como isto faz pena!»
Jornal de Louzada, 15 de Dezembro de 1907, nº 19, p. 1
Um Baille Em Louzada
[…] No mundo fantástico, que se vive nos bailles, não deve comparecer só gente moça: os velhos dão-lhe um certo colorido; são espelhos que reflectem muita desilusão; são livros de filosophia que obrigão as donzellas a scismar.
Introduzido n’uma sala de baille de uma das primeiras casas de Louzada, depois de um leve toque de mão e de uma reverencia profunda aos donos da casa, passei revista ás flores animadas que enfeitavam a sala convertida em mimoso jardim.
D’ entre as tres gentis camelias do mesmo tronco destacava-se, e como pendia, a violeta, recortada sobre um dos braços de uma poltrona verde; os raios de meiguice e brandura, que fulgiao entre suas espessas pestanas d’ebano, denunciam a pureza de uma alma ingénua. Nao devia amargurar-se a sensitiva por ver alguém mirar-se em outras flores: nunca faltarão vassalos a quem reina pelo espírito e pelo sentimento. Talvez se quizera antes sozinha na encosta do seu valhe do que encontrar-se entre a multidão, a madre-silva: percorria com a vista todos os horisontes, mas os horisontes não lhe restituíam o satélite que um negro elipse fizera desaparecer. Estava triste mas sempre linda.
Acabada a primeira contra – dança, retirei-me para a casa aonde se fumava, e acendi um charuto. Estavam alli alguns pontos que não trajavam em rigor. Nas aldeas a festas de etiquetas só vai de casaca quem a tem, quem a não tem, os padres e os músicos vão de casaco.
A um canto do gabinete jogava-se um wisth tumultuário que divertia os circunstantes. Um dos quatro parceiros jogava apenas com cincoenta e duas cartas. Provocava questões e improvisava travessuras a um longo cachimbo, que segurava, ora a um ora a outro canto da boca, para se fazer senhor das cartas dos dois parceiros contrários, examinava em seguida as suas e depois equação fácil lhe era adivinhar as tres restantes do parceiro que tina em frente. Nenhum dos quatros; ainda que de diferentes escholas, jogava movido pelo interesse: mas era tão forte a vontade que o das cincoenta e duas de mostrar-se superior aos outros, que apesar do partido do partido de jogar com as cartas todas, renunciava todas as vezes que lhe convinha, para que ninguém lhe disputasse as honras de mestre.
O Capellão da casa era homem de ideas, mas arriscava-se quem lh’as contrariasse. Falou-me do concillio ecuménico, da desarmotisação dos passaes e da inflibilidade do Papa: a gesticulação, porém, com que acompanhava o seu discursar, era tão vehemente, tão descarregada á queima roupa, que me poz em retirada com medo de ficar cego. As unhas das mãos, com que me aggredia, eram tão aguçadas, que sem offensa dos códigos e regulamentos de policia deviam considerar-se como armas prohibidas.
Entrei de novo na casa do baile: dava-se sinal para uma walsa. Já que as minhas palavras gélidas não podiam ter echo no coração da violeta, tive a sinistra idéa de fazer-lhe andar a cabeça á roda – walsando -. Quando ella me dirigia para a tirar como parceira, sustive-me em meio do caminho, um traste luxuoso que guarnecia uma das paredes da sala: era um espelho que reflectia os meus cabelos brancos.
Procurei uma papoula. Lá estava meia à sombra de um magnífico jarrão de camélias. Tinha descalçado a mão esquerda e pareceu-me que ao levantar o leque que talvez a rede deixara cahir sobre um tapete. Sorvia uma pitada de meio grosso. Magra e angulosa offerecia contrastes salientes: o nariz aquilino, os olhos rasgados e vivos e o pé pequeníssimo tinha fumos aristocráticos; as faces cheias e rubicundas e a mão larga e o polegar excessivamente prolongado, eram d’ uma bunideira encartada,
Havia meia hora que tinha chegado d sua quinta das Caldas, aonde reside, e já distiguia os vestidos novos dos transformados, conhecia o nome e o preço das fazendas, das rendas e das fitas, o número de metros que em tudo isso se tinham gasto, sabia o nome das modistas que tinham fantasiado e executado tanta elegância, em que dia chegaram do Porto todos os enfeites, e até a gratificação que se tinha dado ás recoveiras.
Apercebendo-se que eu com a resignação do martyr escutava silencioso a tirada das suas curiosidades:
- U. ainda prefere uma noite de baille a uma noite de theatro?
- Bailles e theatros são hoje os meus vícios.
- Também gosto muito.
- De charutos?
- Não! de bailles.
- O que é admirável é como estas famílias, que vivem em grandes distancias, se reúnem durante o inverno e se apresentam com tão boas toilletes!
- É o progresso. Afastados vão os tempos em que íamos ao theatro de Unhão, para onde não havia caminho nem carreira, passar uma noite inteira cheia de incommodos. São hoje outros os tempos. Não viu no pateo seis carruagens afora os char – à – banes? É o que fazem as estradas e as novas ideas que dão ás aldeãs fora de cidade. Não vê aquelle galope? É o vapor, a electricidade: as walsas do nosso tempo eram o carroção.
Para não adormecer fui conversar e fumar com os meus amigos, retirando-me depois de um opíparo almoço, penhorado pelas maneiras distinctas e continuados obséquios que prodigalisaram õs donos da casa.
Gazeta de Penafiel, quarta – feira, 02 de Fevereiro de 1870, Nº 9, p. 1
X
O Dia Internacional dos Monumentos e Sítios voltou a ser assinalado pela Rota do Românico com um conjunto de iniciativas subordinado à temática “Água: cultura e património”. Este ano as actividades decorreram ao longo de três dias, de 16 a 18 de Abril, aproveitando o fim-de-semana que precedeu o dia oficial do acontecimento, comemorado na segunda-feira, dia 18.
Durante o sábado e o domingo, 16 e 17, houve visitas guiadas ao Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro, em Felgueiras, que nestes dias abriu as suas portas a mais uma edição do Festival do Pão-de-Ló e Doces Tradicionais.
No domingo, dia 17, as comemorações tiveram como ponto alto uma visita turística a seis monumentos da Rota do Românico, na qual participaram cerca de 30 pessoas. Em linha com o tema deste ano, o programa incluiu a Ponte de Espindo e a Ponte de Vilela, ambas sobre o rio Sousa, o Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro, a Igreja do Salvador de Tabuado, um dos principais testemunhos do românico da bacia hidrográfica do Tâmega e Sousa, a Igreja de São Nicolau e a Igreja de Santa Maria de Sobretâmega, edificadas nas proximidades do rio Tâmega.
A segunda-feira, dia 18, foi inteiramente dedicada aos mais novos, com actividades lúdico-pedagógicas que reuniram quase uma centena e meia de crianças no Mosteiro de São Pedro de Ferreira, em Paços de Ferreira, e na Biblioteca Municipal de Castelo de Paiva/Quinta do Pinheiro.
VERDADEIRO OLHAR
a igreja de são vicente de boim
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anthero pacheco da silva moreira
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