Sábado, 15 de Fevereiro de 2014

 

 

A rede viária romana é a maior obra de engenharia da antiguidade em Portugal. Apesar de o seu levantamento ter atraído diversos estudiosos, continuamos com mais incertezas do que certezas, pelo que os itinerários propostos são em grande medida conjecturais. Assim, os itinerários aqui publicados tentam fazer uma compilação do conhecimento actual sobre o tema pelo estão constantemente a ser revistos à medida que novos trabalhos de investigação são publicados. Ver Histórico de alterações.

Citando José d'Encarnação: «No âmbito da História, como no das demais ciências, progride -se de acordo com uma teoria filosófica sobejamente conhecida: procede-se durante muito tempo à pormenorizada análise dos dados, que pouco a pouco se vão complementando até formarem um todo, que é a síntese. Síntese que, por seu turno, pela vitalidade que em si encerra, é promotora de novas análises, já com uma visão mais alargada, na consciencialização de aspectos até aí ignorados ou menosprezados, porque nunca haviam sido postos em conjunto. Novas análises, portanto, a desembocarem, necessariamente, em nova síntese. E assim se avança.» (in Encarnação, 2009)

Dificuldades
De entre os problemas encontrados para o seu estudo salientam-se os seguintes:

  • A vastidão e dispersão geográfica da rede viária, cobrindo a quase totalidade do território português.
  • A incerteza quanto à origem destas calçadas devido às sucessivas reparações ao longo dos últimos 2.000 anos.
  • O abandono e destruição a que estão votados estes vestígios arqueológicos.


Estado actual
O maior problema na definição dos itinerários é saber como «encaixar» os múltiplos troços espalhados pelo país no vasto sistema viário romano do qual ainda só se conhece uma pequena parte. Para além das vias principais mencionadas no Itinerário de Antonino, existiam uma grande quantidade de outras vias que interligavam civitates, oppida, vici e portus. Aliás, foi esta teia de comunicações que permitiu o grande desenvolvimento económico durante a época de domínio romano e mostra bem como uma rede viária bem planeada pode potenciar a riqueza de uma região, criando assim um padrão de desenvolvimento em território nacional que subsiste em grande parte até aos dias de hoje.

Outros vestígios importantes
Ao longo dos Itinerários são indicados os vestígios e indícios da antiga via como miliários e mansiones, mas também se indicam outros vestígios directamente relacionados com a via como villae, necrópoles, castros romanizados, explorações mineiras e agrícolas, etc, já que frequentemente estes vestígios estão associados à passagem da via na sua proximidade:

  • As villae, mais que uma habitação, são focos de desenvolvimento económico que necessitam de vias de escoamento para os seus produtos, quer para as cidades, quer para portos a fim de serem exportados Além disso algumas das villae mencionadas seriam a própria mansio de apoio à estrada.
  • As necrópoles eram frequentemente localizadas ao longo da estrada romana, contíguas às vias que saíam das cidades, como é caso da necrópole de Lethes em Ossonoba (Faro), ou seja longe dos vivos de modo a assegurar a salubridade pública, mas mantendo o mundo dos mortos em permanente contacto com o dia-a-dia do mundo dos vivos.
  • As explorações mineiras eram apoiadas por uma rede complexa de vias secundárias que permitiam o escoamento do minério até às vias principais ou, o que é mais provável, seguindo por uma via secundária para o porto fluvial mais próximo, onde seria embarcado e transportado rio abaixo até ao litoral, onde finalmente era exportado para todo o império.


publicado por José Carlos Silva às 15:09 | link do post | comentar

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