Na terra que me viu nascer e onde me fiz gente, este fim-de-semana marca-se por um acontecimento que povoa o imaginário de todos que aí despertaram para o sonho da vida, aprenderam a trilhar os caminhos do sonho e brincaram aos índios, aos cobóis, aos ladrões e nos dias de menos calor sentaram-se nos penedos que sobrepuja a secular e bela capela de Nossa Senhora Santana.
Não havia residente de Romariz – mesmo de Meinedo e arredores – que não desejasse o primeiro fim-de-semana de Agosto, pois era o momento em que se festejaria a romaria em honra de Santa Ana.
Desde sempre uma romaria singela. Durante anos e anos sem noitada no sábado. Este dia era reservado à deambulação dos tamborileiros por todo o território da freguesia, lugar a lugar, rua a rua, casa a casa, numa festiva e esplendorosa alegria, vergada a uma simplicidade de sorrisos num emaranhado de gestos e num bailado de rostos que de mãos estendidas solicitavam uma oferta para Santa Ana (dinheiro ou géneros). Géneros? Pois obviamente, adornariam as prateleiras do bazar que todos os anos se erguia a poucos metros da capela e cuja liquidez, resultante do leilão, reverteria para a receita que pagaria as despesas do fausto evento.
O sábado servia, igualmente, para alindar Romariz com bandeiras e afeiçoar acessos, aprimorando o monte e toda a envolvência à Senhora da Pedra. E existia um pormenor importantíssimo, desde o alvorecer do primeiro dia do fim-de-semana escutava-se uma instalação sonora emitindo música da atualidade, os sucessos do momento. Após o almoço, assistia-se a um corre-corre e a uma espécie de discos despedidos improvisados. O homem de altifalantes obedece a um ritual «imposto» pela Comissão de Festas e vai acedendo aos sucessivos pedidos de quem pede esta ou aquela canção. As mais pungentes eram, sem dúvida, aquelas que pintavam a saudade dos filhos a lutar em África pela Pátria amada.
O domingo de manhã sonhava-se no coração da vida das pessoas: cumpria-se uma das frações da parte religiosa – a missa com sermão solene. O padre Meireles tinha o condão de no sermão fazer chorar as pedras e era norma ver correr pelas faces uma onda mais revolta ou uma gota de chuva mais teimosa.
No fim da missa solene os peregrinos davam-se às compras. A regueifa, os doces, a fruta, uns brinquedos e o almoço que o cabrito assado no forno e a família estavam à espera.
À sombra das ramadas dispunham-se as mesas, bancos corridos e colocavam-se toalhas, pratos, copos e talheres. As canecas de vinho só na hora é que iam para a mesa, pois os garrafões descansavam na velha mina onde a frescura superava o mais sofisticado frigorifico.
Depois instalava-se a alegria e a óbvia confusão.
A meio da tarde rumava-se novamente à Senhora Santa Ana. A Procissão fechava o momento religioso. Saía da capela, saudava o oitocentista cruzeiro e persistia na caminhada por mais de um quilómetro, aí circundava um tosco cruzeiro, profusamente florido, recolhendo a casa.
Depois escutava-se com deleite a banda de música. Este momento era imperdível. O silêncio pontuava e não existia músicos que não tivessem saudades de virem a Santa Ana.
A derradeira surpresa consistia num doce apetecido pela generalidade. Alma alguma arredava pé. Todos esperavam o desenlace dos lances do leilão das prendas do bazar. E algumas eram licitadas com fervor e galhardia. Havia quem as oferecesse e fizesse questão de as voltar a ter em casa, assim como havia quem fizesse perrice de as ter, precisamente, por essa razão. Daí a beleza em presenciar o evento.
O fogo-de-artifício marcava o fim da festa.
Nos anos mais recentes o figurino da festa alterou-se. Noitada na sexta, no sábado e no domingo. Artistas a atuar. Outros tempos.
Este fim-de-semana é tempo de Santa Ana.
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