Nenhuma evidência de cariz histórica, arqueológica ou toponímica nos permite admitir uma localização primitiva da igreja diferente da actual.
1 Pegando, primeiramente, na questão toponímica, Boim deriva de Goim (Idem, Ibidem), tal como é ampla e esclarecedoramente demonstrado por vários filólogos (Machado, 1993:263) (Fernandes, 1999:346 e 347). A Doutora Paula Barata Dias, da Universidade de Coimbra, ajuda-nos a esclarecer a evolução fonética:
Quanto à ausência de distinção entre g e b, de facto, consoantes sonoras não se substituem entre si. Mas, no latim vulgar, o -v-, tendo-se substituído ao b, pode registar-se com g (ex: Valter; Gualter são a mesma coisa). Ou seja, a perda da distinção entre b e v está consolidada, é própria do Latim Vulgar, vinga no Latim tardio (a forma uoim) e, em certas regiões da latinidade tornou-se, por esta via, tendência maioritária. Uma vez alcançada a forma uoim, quem transcreve, perdeu a noção se esse uoim veio de goim ou boim, e ao pretender restaurar, mantém as duas formas fonéticas para o mesmo ponto de partida. Goim e Boim, na minha opinião, são a mesma coisa. E acrescenta, demonstrando: exemplos claros da indistinção entre b/v/g que se vai instalando no românico: basco/região basca Vasco/ Vasconia/ (Uasconia) em espanhol los vascones (habitantes do país basco, em determinados registos Gasconia
Fig. 1 – Perspectiva da fachada primitiva (séc. XVI), voltada a poente. No lado
1 Em publicações recentes NUNES, SOUSA e GONÇALVES (2008:93) e MOURA (2009:113 e 114) partilham da ideia sustentada na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira (1960: 39, 70) da persistência de Boim e Goim como dois topónimos diferentes, admitindo daí a existência de uma localização primitiva da igreja em Goim e uma posterior em Boim. E reclamam, até, terem descoberto o antigo topónimo Boim, que entretanto, ainda na opinião corroborada por estes autores, foi, sem dúvida, substituído por Igreja. Sobra ainda imaginação para uma igreja nova que se paroquializou, sem que consigamos alcançar o sentido historiográfico desta expressão. Gasconha Gascões (a região basca francesa e habitantes da) Este exemplo basta para confirmar a tese de
boim (uoim)= goim.2
Para além de identificar a freguesia, o topónimo Boim persiste na escala micro, designando um lugar situado na vertente sul da mesma freguesia.
Hoje em dia o topónimo identifica uma área quase integralmente ocupada pela Quinta e Casa de Boim, embora no século XVIII configurasse um pequeno povoado ou aldeia que englobava
8 vizinhos (Capela, Borralheiro e Matos, 2009:301). A forma Goim permanece muito para além do século XIV, bastando referir o Censual da Mitra do Porto, do ano de 1542 (1973:220 e 265), o Catálogo dos Bispos do Porto de 1623 (1742:265) e a Corografia do padre Carvalho da Costa
(1706:400). O conhecimento do terreno, a reunião e a análise do corpo documental e bibliográfico disponível e o subsídio da análise fonética e toponímica, permitem-nos, com considerável segurança, afirmar que a igreja de Boim esteve sempre erguida no mesmo local, pelo menos desde a Idade Média.
Pelas Inquirições de 1258, a igreja de Sancti Vincencii de Goym era do padroado dos herdeiros de D. Guiomar Mendes de Sousa e do Mosteiro de Santo Tirso de Riba d’Ave, dependendo a apresentação do pároco da confirmação do Bispo do Porto. D. Guiomar Mendes de Sousa casou com João Pires da Maia e os seus descendentes mantiveram diversas propriedades em Boim, das quais se preservou muita documentação (cf. Lopes, 2004:187-198).
O compadroado da igreja de Boim não terá sobrevivido à intensificação das medidas régias levadas a cabo por D. Afonso III, D. Dinis e D. Afonso IV no sentido de eliminar os abusos que decorriam do exercício dos direitos de padroado por parte de um número crescente de padroeiros (herdeiros dos fundadores).
Elsa Silva e Cristiano Cardoso
Nenhuma evidência de cariz histórica, arqueológica ou toponímica nos permite admitir uma localização primitiva da igreja diferente da actual.
1 Pegando, primeiramente, na questão toponímica, Boim deriva de Goim (Idem, Ibidem), tal como é ampla e esclarecedoramente demonstrado por vários filólogos (Machado, 1993:263) (Fernandes, 1999:346 e 347). A Doutora Paula Barata Dias, da Universidade de Coimbra, ajuda-nos a esclarecer a evolução fonética:
Quanto à ausência de distinção entre g e b, de facto, consoantes sonoras não se substituem entre si. Mas, no latim vulgar, o -v-, tendo-se substituído ao b, pode registar-se com g (ex: Valter; Gualter são a mesma coisa). Ou seja, a perda da distinção entre b e v está consolidada, é própria do Latim Vulgar, vinga no Latim tardio (a forma uoim) e, em certas regiões da latinidade tornou-se, por esta via, tendência maioritária. Uma vez alcançada a forma uoim, quem transcreve, perdeu a noção se esse uoim veio de goim ou boim, e ao pretender restaurar, mantém as duas formas fonéticas para o mesmo ponto de partida. Goim e Boim, na minha opinião, são a mesma coisa. E acrescenta, demonstrando: exemplos claros da indistinção entre b/v/g que se vai instalando no românico: basco/região basca Vasco/ Vasconia/ (Uasconia) em espanhol los vascones (habitantes do país basco, em determinados registos Gasconia)
Elsa Silva e Cristiano Cardoso
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