Domingo, 26.08.12

 

 

Arquitectura religiosa, quinhentista e setecentista. Igreja paroquial de planta centralizada, em cruz grega irregular, composta por nave, capela-mor e duas capelas laterais, com sacristias adossadas, com coberturas em masseira de feitura recente, e escassamente iluminada por janelas em capialço, de feitura seiscentista e setecentista. Fachada principal em empena truncada por cruz latina, rasgada por portal quinhentista em arco de volta perfeita. Fachadas rematadas em cornija e pináculos piramidais, a lateral direita com porta de verga recta dintelada, encimada por janelão. Interior com ampla nave, baptistério no lado do Evangelho e púlpito quadrangular no lado oposto. Capelas laterais com acesso por arcos de volta perfeita assentes em pilastras toscanas. Capela-mor com arco triunfal de volta perfeita. Possui retábulos de talha maneirista e o actual retábulo-mor é de talha dourada rococó.  

 Registo

Categoria

Monumento

Descrição

Igreja de planta centrada em cruz grega irregular, formada pelos com corpos anexos nos braços transversais a N. e S., com campanário adossado no braço transversal S. junto à fachada principal, de volumes articulados e coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas de cantaria de granito aparente em aparelho isódomo ou pseudo-isódomo, rematadas em cornija de chanfro e de gola recta. Actual FACHADA PRINCIPAL virada a S. com corpo de acesso em empena com cruz latina sobre dado no vértice e pináculos piramidais com bola nas extremidades, rasgada por portal de verga recta dintelado, encimado por janela rectilínea em capialço. No anexo, surge uma janela rectilínea em capialço. FACHADA LATERAL ESQUERDA, corresponde à antiga principal, virada a O. e em empena truncada, rematada por cruz latina, e rasgada por portal em arco de volta perfeita, com a moldura formada pelas aduelas. O braço do lado esquerdo tem uma sacristia adossada, com acesso por porta de verga recta. O braço do lado direito tem adossado um campanário com dois registos definidos por cornija, encimada nos extremos por pináculos piramidais com bola, sobre a qual evolui uma pequena plataforma e duas ventanas de volta perfeita, flanqueadas por contrafortes em esbarro e rematadas em cornija coroada por cruz latina ladeada por pináculos piramidais com bola. FACHADA LATERAL DIREITA em empena com cruz latina sobre plinto paralelepipédico no vértice e com pináculos piramidais sobre os cunhais, possuindo um medalhão em bronze e uma inscrição. No lado esquerdo, a sacristia, rasgada por janela jacente em capialço. FACHADA POSTERIOR marcada pelos corpos da capela lateral e da sacristia, sendo visível uma parte da nave com janela em capialço parcialmente obstruída pelo corpo da sacristia, este rasgado por janela jacente, também em capialço. O corpo da capela lateral termina em empena cega, com cruz latina sobre dado no vértice e com pináculos piramidais sobre os cunhais. A face E. possui janela rectilínea em capialço. INTERIOR da actual nave rebocado e pintado de branco, com cobertura em masseira, rebocada e pintada e assente em cornija de madeira, e pavimento em tijoleira. Tem coro-alto de madeira, assente em mísulas de cantaria, com guarda torneada e acesso por escadas de dois lanços no lado da Epístola. A nave separa-se do CRUZEIRO por arco de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, tendo este paredes, cobertura e pavimento semelhantes ao da nave, No cruzeiro, surge, no lado da Epístola, uma estrutura retabular, dedicada a São Vicente. No lado do Evangelho, desenvolve-se um braço correspondente à nave primitiva, com o portal ladeado por pia de água benta embutido na parede, que forma um pequeno nicho. Possui coro-alto semelhante ao anterior, tendo, no sub-coro, no lado do Evangelho, o baptistério, elevado relativamente ao pavimento da nave por plataforma em cantaria de granito, protegida por grades de madeira torneadas. Possui pia baptismal em cantaria de granito, assente em coluna galbada e com taça hemisférica com bordo boleado e saliente. No lado da Epístola, o antigo púlpito em cantaria, com bacia quadrangular assente em mísula decorada com volutas. No lado da Epístola do cruzeiro, um arco de volta perfeita e arestas boleadas acede à capela lateral da Epístola, dedicada a São Miguel, com cobertura em falsa abóbada de berço abatido, rebocada e pintada de branco. No topo da capela, a estrutura retabular. No centro do cruzeiro, sobre plataforma elevada, em cantaria de granito, ergue-se o altar-mor em cantaria e de feitura recente, ladeado pela cadeira dos celebrantes e o ambão de madeira. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, decorado com pinturas murais, formando cartelas volutadas e envolvidas por acantos, contendo os instrumentos da paixão. CAPELA-MOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, tendo cobertura em masseira, formando caixotões de madeira, com molduras de talha, e pavimento em ladrilho cerâmico. Tem retábulo-mor de talha dourada, com planta recta e três eixos definidos por quatro colunas de fuste liso e o terço inferior marcado, percorrida por ornatos de concheados, assentes em consolas. No exterior, duas pilastras com fuste fitomórfico. Ao centro, ampla tribuna, formando um falso ovalado, pelo prolongamento inferior da moldura criando duas mísulas, com a boca da tribuna rendilhada e o remate ornado por lambrequins. No interior possui o fundo pintado e cobertura em caixotões pintados com elementos fitomórficos e concheados. Nos eixos laterais, surgem mísulas encimadas por elementos decorativos, criando falsos baldaquinos, de onde pendem falsos drapeados pintados na estrutura. Remate em friso e cornija, encimados por estrutura que se adapta à cobertura, ornada por profusão de fragmentos de frontão, fragmentos de cornija, concheados e acantos. Na base dos eixos, portas de acesso à tribuna. Mesa de altar paralelepipédica com o frontal marcado por sebastos e sanefa decorados com concheados, vocabulário que se repete no corpo do frontal. Sobre esta, o sacrário, formando uma estrutura de concheados, enquadrados por volutas e rematado por cornija, tendo a porta decorada por uma custódia. No lado da Epístola, um órgão. SACRISTIA com pequeno arcaz, existindo, na sacristia de menores dimensões, um lavabo, com espaldar de volta perfeita, contendo o nicho do reservatório e uma bica almofadada em losango, que verte para pequena taça rectangular, de bordos boleados; remata em cruz latina.

Acessos

Rua da Igreja. WGS84 (graus decimais) lat.: 41,262745; long.: -8,282932

Protecção

Inexistente

Grau 2

Enquadramento

Peri-urbano, isolado, situado num vale, nas imediações do centro da povoação, próximo da rotunda de acesso à mesma. Encontra-se rodeado por algumas casas de habitação e por terrenos de cultivo. Surge implantado numa zona com ligeiro declive, num adro elevado relativamente à via pública, em plataforma artificial, pavimentada a blocos de cimento e envolvida por muros em cantaria de granito aparente, capeados com o mesmo material, com acessos a E. e junto às casas paroquiais. No acesso E., um cruzeiro composto por alto plinto paralelepipédico e cruz latina, de hastes simples. No extremos NE., possui um pequeno canteiro com árvores de médio porte.

Descrição Complementar

Fachada posterior com um medalhão de bronze, a representar a efígie de D. António Augusto de Casteo Meireles, sobre a seguinte inscrição: "D. ANTONIO AUGUSTO DE CASTRO MEIRELES BISPO DO PORTO PRIMEIRO CENTENÁRIO DO SEU NASCIMENTO 1885-1985". No cruzeiro, uma estrutura retabular, de talha dourada e pintada, de planta recta e um eixo definido por duas colunas com o terço inferior marcado e decorado por motivos fitomórficos e os terços superiores em espiras, encimadas por pequenos pináculos. Ao centro, pequeno nicho contracurvo, ladeado por painéis pintados a representar a Virgem, São José, Santa Isabel e Santa Clara. A estrutura remata em friso intercalado por mísulas equidistantes, e cornija, sobre a qual evolui uma tabela rectangular vertical, ladeada por quarteirões e rematada por friso, cornija e frontão interrompido. A tabela possui a representação de Nossa Senhora da Conceição e é ladeada por elementos de talha vazada. Surge sobre estrutura de madeira pintada e ostenta o banco pintado por acantos. CAPELA LATERAL DA EPÍSTOLA com retábulo de talha em branco, encerada, pintada e com elementos figurativos encarnados, de planta recta e três eixos definidos por quatro pilastras com os fustes decorados por acantos e pontuados por "putti", as interiores prolongando-se numa arquivolta, também ela decorada, e rodeada por apainelados e moldura exterior adaptada à cobertura e de feitura recente. Ao centro, apainelado com mísula gomeada adossada, encimado por estrutura que forma falso baldaquino, contendo a imagem do orago. Nos eixos laterais, painéis pintados, representando São Bento (Evangelho) e Santa Escolástica (Epístola). Predela ornada por apainelados de acantos e f´. Banco de grandes dimensões com apainelados pintados e mesa de altar tronco-piramidal, encimada por estrutura de madeira decorada por almofadados e remate em friso e cornija.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ENTALHADOR: José Pereira Veloso (1765-1766).

Cronologia

1258 - a igreja é do padroado dos herdeiros de D. Guiomar Mendes de Sousa (filha de Gil Vasques de Soverosa e sua mulher Aldonça Anes da Maia) e do Mosteiro de Santo Tirso, ficando a confirmação do nome do pároco a cargo do bispo do Porto; 1398, 30 Março - integrada no arcediagado de Meinedo; séc. 16 - provável construção do imóvel; 1542 - o Censual da Mitra do Porto refere a igreja como sendo anexa da de Santo Tirso; 1581 - o curato transforma-se em vigararia perpétua, tendo o bispado do Porto protestado contra a situação; 1585 - data em que esta igreja passa da apresentação anual da mitra do Porto à de Amador Ribeiro, vigário do Mosteiro de Santo Tirso, que apresentaria um vigário perpétuo por cuja morte passaria ao estado primordial de ser de apresentação anual do abade de Santo Tirso; séc. 17 - construção da capela anexa e do campanário; provável reforma dos vãos; 1606, 07 Março - a igreja regressa à situação primitiva, formando um curato, com o rendimento de 150$000; 1706 - segundo o Padre Carvalho da Costa, a igreja de São Vicente de Goim, antiga Goi, é um curato anexo ao Mosteiro de Santo Tirso e rende ao cura 70$000, rendendo 200$000 aos frades; a povoação tem 58 vizinhos; séc. 18, 2.ª metade - reconstrução da Capela do Senhor dos Desamparados com a pintura do arco de acesso; 1758, 25 Abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco José Vaz de Pinho, é referido que a igreja e residência paroquial se situam junto a quatro casas, entre os montes de São Jorge, a E., e o de Bade, a N.; a igreja tem como orago São Vicente e quatro altares, o mor, com a imagem do orago, o colateral do Evangelho dedicado a Nossa Senhora do Rosário com Irmandade e altar privilegiado, sendo o colateral da Epístola, dedicado ao Santo Nome de Jesus, ladeado pelas imagens de Santo António e São Jorge Mártir; no lado do Evangelho, existe uma capela refeita recentemente, pela devoção dos fregueses, com o Santíssimo Sacramento e dedicada ao Senhor dos Desamparados, com imagem do Crucificado; esta capela é alvo de romaria; a igreja é um curato apresentado pelo abade de Santo tirso, para quem rende 256$000, recebendo o cura o pé de altar, os frutos do passal e 45$000; 1765, 27 Setembro - encomenda do retábulo do Senhor dos Desamparados ao entalhador bracarense José Pereira Veloso; 1766, Agosto - conclusão da estrutura retabular; séc. 19 - provável introdução de estruturas retabulares maneiristas, provenientes do Mosteiro de Santo Tirso; construção da capela lateral da Epístola, actual nave; séc. 20 - alteração da orientação da igreja, com a instalação da capela-mor na antiga capela lateral do Evangelho e colocação da nave na antiga capela da Epístola; construção dos coros; feitura de uma nova mesa de altar; 1985 - colocação de palca comemorativa na antiga fachada posterior.

Características Particulares

Igreja em cruz grega irregular, rara na zona em que se implanta. A estrutura revela a sua antiga construção quinhentista, ainda patente na antiga fachada principal, em arco de volta perfeita com a moldura formada pelas aduelas, e no arco triunfal, com arestas boleadas. Sofreu, no séc. 17, uma profunda transformação, com a construção da capela lateral do Evangelho, profundamente alterada na segunda metade do séc. 18, tendo sido pintado o arco de acesso, com motivos da Paixão de Cristo, e feito um novo retábulo, de estilo rococó, o qual possui uma tribuna formando um falso ovalado, pelo prolongamento dos concheados das molduras nos extremos, bem como profusa decoração de concheados. No final do séc. 18 ou no imediato, uma vez que as Memórias Paroquiais de 1758 não o referem, terá sofrido uma alteração, com a construção de uma nova capela lateral no lado da Epístola, a actual nave e terá ocorrido a introdução de estruturas retabulares maneiristas, provavelmente provenientes do Mosteiro de Santo Tirso a cujo padroado a igreja estava anexa. De destacar a qualidade de talha da Capela de São Miguel e a introdução de elementos na sua base que terão pertencido a uma peça de mobiliário sua contemporânea, com decoração de apainelados almofadados. O séc. 20 terá efectuado alterações de vulto no edifício, com a construção dos coros-altos e transformação da nave e da capela-mor, transposta para a antiga Capela do Senhor dos Desamparados.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria de granito; modinaturas, pilastras, arcos, base do púlpito, mísulas dos coros, plataformas, altar-mor, lavabo em cantaria de granito; guardas dos coros, grades do baptistério, portas, cornijas e retábulos de madeira; pavimento em ladrilho cerâmico; coberturas em telha.

Bibliografia

COSTA, António Carvalho da (Padre), Corografia Portugueza..., Lisboa, Valentim da Costa Deslandes, 1706, tomo I; SILVA, Elsa e CARDOSO, Cristiano, A Igreja de São Vicente de Boim, in Suplemento do Património, ano 11, n.º 79, Lousada, Câmara Municipal de Lousada, Outubro 2010; LEAL, Augusto Pinho, Portugal antigo e moderno: Diccionario geographico, estatistico, chorographico, heraldico, archeologico, historico, biographico e etymologico, Lisboa, Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia; 1873-1890, 12 volumes; LOPES, Eduardo Teixeira, Lousada e as suas freguesias na Idade Média, Lousada, Câmara Municipal de Lousada, 2004.

Documentação Gráfica

 

Documentação Fotográfica

Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

DGARQ/TT: Memórias Paroquiais (vol. 7, n.º 32, fl. 955-960)

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20 - remoção dos rebocos exteriores; feitura de novas coberturas; restauro dos elementos decorativos.

Observações

M ESTUDO

Autor e Data

Diocese do Porto e Paula Figueiredo (IHRU) 2011 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese do Porto)

Actualização

 



publicado por José Carlos Silva às 20:54 | link do post | comentar

Quarta-feira, 14.09.11

Arquitectura religiosa, quinhentista e setecentista. Igreja paroquial de planta centralizada, em cruz grega irregular, composta por nave, capela-mor e duas capelas laterais, com sacristias adossadas, com coberturas em masseira de feitura recente, e escassamente iluminada por janelas em capialço, de feitura seiscentista e setecentista. Fachada principal em empena truncada por cruz latina, rasgada por portal quinhentista em arco de volta perfeita. Fachadas rematadas em cornija e pináculos piramidais, a lateral direita com porta de verga recta dintelada, encimada por janelão. Interior com ampla nave, baptistério no lado do Evangelho e púlpito quadrangular no lado oposto. Capelas laterais com acesso por arcos de volta perfeita assentes em pilastras toscanas. Capela-mor com arco triunfal de volta perfeita. Possui retábulos de talha maneirista e o actual retábulo-mor é de talha dourada rococó.

Descrição

Igreja de planta centrada em cruz grega irregular, formada pelos com corpos anexos nos braços transversais a N. e S., com campanário adossado no braço transversal S. junto à fachada principal, de volumes articulados e coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas de cantaria de granito aparente em aparelho isódomo ou pseudo-isódomo, rematadas em cornija de chanfro e de gola recta. Actual FACHADA PRINCIPAL virada a S. com corpo de acesso em empena com cruz latina sobre dado no vértice e pináculos piramidais com bola nas extremidades, rasgada por portal de verga recta dintelado, encimado por janela rectilínea em capialço. No anexo, surge uma janela rectilínea em capialço. FACHADA LATERAL ESQUERDA, corresponde à antiga principal, virada a O. e em empena truncada, rematada por cruz latina, e rasgada por portal em arco de volta perfeita, com a moldura formada pelas aduelas. O braço do lado esquerdo tem uma sacristia adossada, com acesso por porta de verga recta. O braço do lado direito tem adossado um campanário com dois registos definidos por cornija, encimada nos extremos por pináculos piramidais com bola, sobre a qual evolui uma pequena plataforma e duas ventanas de volta perfeita, flanqueadas por contrafortes em esbarro e rematadas em cornija coroada por cruz latina ladeada por pináculos piramidais com bola. FACHADA LATERAL DIREITA em empena com cruz latina sobre plinto paralelepipédico no vértice e com pináculos piramidais sobre os cunhais, possuindo um medalhão em bronze e uma inscrição. No lado esquerdo, a sacristia, rasgada por janela jacente em capialço. FACHADA POSTERIOR marcada pelos corpos da capela lateral e da sacristia, sendo visível uma parte da nave com janela em capialço parcialmente obstruída pelo corpo da sacristia, este rasgado por janela jacente, também em capialço. O corpo da capela lateral termina em empena cega, com cruz latina sobre dado no vértice e com pináculos piramidais sobre os cunhais. A face E. possui janela rectilínea em capialço. INTERIOR da actual nave rebocado e pintado de branco, com cobertura em masseira, rebocada e pintada e assente em cornija de madeira, e pavimento em tijoleira. Tem coro-alto de madeira, assente em mísulas de cantaria, com guarda torneada e acesso por escadas de dois lanços no lado da Epístola. A nave separa-se do CRUZEIRO por arco de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, tendo este paredes, cobertura e pavimento semelhantes ao da nave, No cruzeiro, surge, no lado da Epístola, uma estrutura retabular, dedicada a São Vicente. No lado do Evangelho, desenvolve-se um braço correspondente à nave primitiva, com o portal ladeado por pia de água benta embutido na parede, que forma um pequeno nicho. Possui coro-alto semelhante ao anterior, tendo, no sub-coro, no lado do Evangelho, o baptistério, elevado relativamente ao pavimento da nave por plataforma em cantaria de granito, protegida por grades de madeira torneadas. Possui pia baptismal em cantaria de granito, assente em coluna galbada e com taça hemisférica com bordo boleado e saliente. No lado da Epístola, o antigo púlpito em cantaria, com bacia quadrangular assente em mísula decorada com volutas. No lado da Epístola do cruzeiro, um arco de volta perfeita e arestas boleadas acede à capela lateral da Epístola, dedicada a São Miguel, com cobertura em falsa abóbada de berço abatido, rebocada e pintada de branco. No topo da capela, a estrutura retabular. No centro do cruzeiro, sobre plataforma elevada, em cantaria de granito, ergue-se o altar-mor em cantaria e de feitura recente, ladeado pela cadeira dos celebrantes e o ambão de madeira. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, decorado com pinturas murais, formando cartelas volutadas e envolvidas por acantos, contendo os instrumentos da paixão. CAPELA-MOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, tendo cobertura em masseira, formando caixotões de madeira, com molduras de talha, e pavimento em ladrilho cerâmico. Tem retábulo-mor de talha dourada, com planta recta e três eixos definidos por quatro colunas de fuste liso e o terço inferior marcado, percorrida por ornatos de concheados, assentes em consolas. No exterior, duas pilastras com fuste fitomórfico. Ao centro, ampla tribuna, formando um falso ovalado, pelo prolongamento inferior da moldura criando duas mísulas, com a boca da tribuna rendilhada e o remate ornado por lambrequins. No interior possui o fundo pintado e cobertura em caixotões pintados com elementos fitomórficos e concheados. Nos eixos laterais, surgem mísulas encimadas por elementos decorativos, criando falsos baldaquinos, de onde pendem falsos drapeados pintados na estrutura. Remate em friso e cornija, encimados por estrutura que se adapta à cobertura, ornada por profusão de fragmentos de frontão, fragmentos de cornija, concheados e acantos. Na base dos eixos, portas de acesso à tribuna. Mesa de altar paralelepipédica com o frontal marcado por sebastos e sanefa decorados com concheados, vocabulário que se repete no corpo do frontal. Sobre esta, o sacrário, formando uma estrutura de concheados, enquadrados por volutas e rematado por cornija, tendo a porta decorada por uma custódia. No lado da Epístola, um órgão. SACRISTIA com pequeno arcaz, existindo, na sacristia de menores dimensões, um lavabo, com espaldar de volta perfeita, contendo o nicho do reservatório e uma bica almofadada em losango, que verte para pequena taça rectangular, de bordos boleados; remata em cruz latina.

Enquadramento

Peri-urbano, isolado, situado num vale, nas imediações do centro da povoação, próximo da rotunda de acesso à mesma. Encontra-se rodeado por algumas casas de habitação e por terrenos de cultivo. Surge implantado numa zona com ligeiro declive, num adro elevado relativamente à via pública, em plataforma artificial, pavimentada a blocos de cimento e envolvida por muros em cantaria de granito aparente, capeados com o mesmo material, com acessos a E. e junto às casas paroquiais. No acesso E., um cruzeiro composto por alto plinto paralelepipédico e cruz latina, de hastes simples. No extremos NE., possui um pequeno canteiro com árvores de médio porte.

 

Descrição Complementar

Fachada posterior com um medalhão de bronze, a representar a efígie de D. António Augusto de Casteo Meireles, sobre a seguinte inscrição: "D. ANTONIO AUGUSTO DE CASTRO MEIRELES BISPO DO PORTO PRIMEIRO CENTENÁRIO DO SEU NASCIMENTO 1885-1985". No cruzeiro, uma estrutura retabular, de talha dourada e pintada, de planta recta e um eixo definido por duas colunas com o terço inferior marcado e decorado por motivos fitomórficos e os terços superiores em espiras, encimadas por pequenos pináculos. Ao centro, pequeno nicho contracurvo, ladeado por painéis pintados a representar a Virgem, São José, Santa Isabel e Santa Clara. A estrutura remata em friso intercalado por mísulas equidistantes, e cornija, sobre a qual evolui uma tabela rectangular vertical, ladeada por quarteirões e rematada por friso, cornija e frontão interrompido. A tabela possui a representação de Nossa Senhora da Conceição e é ladeada por elementos de talha vazada. Surge sobre estrutura de madeira pintada e ostenta o banco pintado por acantos. CAPELA LATERAL DA EPÍSTOLA com retábulo de talha em branco, encerada, pintada e com elementos figurativos encarnados, de planta recta e três eixos definidos por quatro pilastras com os fustes decorados por acantos e pontuados por "putti", as interiores prolongando-se numa arquivolta, também ela decorada, e rodeada por apainelados e moldura exterior adaptada à cobertura e de feitura recente. Ao centro, apainelado com mísula gomeada adossada, encimado por estrutura que forma falso baldaquino, contendo a imagem do orago. Nos eixos laterais, painéis pintados, representando São Bento (Evangelho) e Santa Escolástica (Epístola). Predela ornada por apainelados de acantos e f´. Banco de grandes dimensões com apainelados pintados e mesa de altar tronco-piramidal, encimada por estrutura de madeira decorada por almofadados e remate em friso e cornija.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Atual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto)

Afetação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 20

Arquiteto / Construtor / Autor

ENTALHADOR: José Pereira Veloso (1765-1766).

Arquiteto / Construtor / Autor

Cronologia

1258 - a igreja é do padroado dos herdeiros de D. Guiomar Mendes de Sousa (filha de Gil Vasques de Soverosa e sua mulher Aldonça Anes da Maia) e do Mosteiro de Santo Tirso, ficando a confirmação do nome do pároco a cargo do bispo do Porto; 1398, 30 Março - integrada no arcediagado de Meinedo; séc. 16 - provável construção do imóvel; 1542 - o Censual da Mitra do Porto refere a igreja como sendo anexa da de Santo Tirso; 1581 - o curato transforma-se em vigararia perpétua, tendo o bispado do Porto protestado contra a situação; 1585 - data em que esta igreja passa da apresentação anual da mitra do Porto à de Amador Ribeiro, vigário do Mosteiro de Santo Tirso, que apresentaria um vigário perpétuo por cuja morte passaria ao estado primordial de ser de apresentação anual do abade de Santo Tirso; séc. 17 - construção da capela anexa e do campanário; provável reforma dos vãos; 1606, 07 Março - a igreja regressa à situação primitiva, formando um curato, com o rendimento de 150$000; 1706 - segundo o Padre Carvalho da Costa, a igreja de São Vicente de Goim, antiga Goi, é um curato anexo ao Mosteiro de Santo Tirso e rende ao cura 70$000, rendendo 200$000 aos frades; a povoação tem 58 vizinhos; séc. 18, 2.ª metade - reconstrução da Capela do Senhor dos Desamparados com a pintura do arco de acesso; 1758, 25 Abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco José Vaz de Pinho, é referido que a igreja e residência paroquial se situam junto a quatro casas, entre os montes de São Jorge, a E., e o de Bade, a N.; a igreja tem como orago São Vicente e quatro altares, o mor, com a imagem do orago, o colateral do Evangelho dedicado a Nossa Senhora do Rosário com Irmandade e altar privilegiado, sendo o colateral da Epístola, dedicado ao Santo Nome de Jesus, ladeado pelas imagens de Santo António e São Jorge Mártir; no lado do Evangelho, existe uma capela refeita recentemente, pela devoção dos fregueses, com o Santíssimo Sacramento e dedicada ao Senhor dos Desamparados, com imagem do Crucificado; esta capela é alvo de romaria; a igreja é um curato apresentado pelo abade de Santo tirso, para quem rende 256$000, recebendo o cura o pé de altar, os frutos do passal e 45$000; 1765, 27 Setembro - encomenda do retábulo do Senhor dos Desamparados ao entalhador bracarense José Pereira Veloso; 1766, Agosto - conclusão da estrutura retabular; séc. 19 - provável introdução de estruturas retabulares maneiristas, provenientes do Mosteiro de Santo Tirso; construção da capela lateral da Epístola, actual nave; séc. 20 - alteração da orientação da igreja, com a instalação da capela-mor na antiga capela lateral do Evangelho e colocação da nave na antiga capela da Epístola; construção dos coros; feitura de uma nova mesa de altar; 1985 - colocação de palca comemorativa na antiga fachada posterior.

 

Características Particulares

Igreja em cruz grega irregular, rara na zona em que se implanta. A estrutura revela a sua antiga construção quinhentista, ainda patente na antiga fachada principal, em arco de volta perfeita com a moldura formada pelas aduelas, e no arco triunfal, com arestas boleadas. Sofreu, no séc. 17, uma profunda transformação, com a construção da capela lateral do Evangelho, profundamente alterada na segunda metade do séc. 18, tendo sido pintado o arco de acesso, com motivos da Paixão de Cristo, e feito um novo retábulo, de estilo rococó, o qual possui uma tribuna formando um falso ovalado, pelo prolongamento dos concheados das molduras nos extremos, bem como profusa decoração de concheados. No final do séc. 18 ou no imediato, uma vez que as Memórias Paroquiais de 1758 não o referem, terá sofrido uma alteração, com a construção de uma nova capela lateral no lado da Epístola, a actual nave e terá ocorrido a introdução de estruturas retabulares maneiristas, provavelmente provenientes do Mosteiro de Santo Tirso a cujo padroado a igreja estava anexa. De destacar a qualidade de talha da Capela de São Miguel e a introdução de elementos na sua base que terão pertencido a uma peça de mobiliário sua contemporânea, com decoração de apainelados almofadados. O séc. 20 terá efectuado alterações de vulto no edifício, com a construção dos coros-altos e transformação da nave e da capela-mor, transposta para a antiga Capela do Senhor dos Desamparados.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria de granito; modinaturas, pilastras, arcos, base do púlpito, mísulas dos coros, plataformas, altar-mor, lavabo em cantaria de granito; guardas dos coros, grades do baptistério, portas, cornijas e retábulos de madeira; pavimento em ladrilho cerâmico; coberturas em telha.

Bibliografia

COSTA, António Carvalho da (Padre), Corografia Portugueza..., Lisboa, Valentim da Costa Deslandes, 1706, tomo I; SILVA, Elsa e CARDOSO, Cristiano, A Igreja de São Vicente de Boim, in Suplemento do Património, ano 11, n.º 79, Lousada, Câmara Municipal de Lousada, Outubro 2010; LEAL, Augusto Pinho, Portugal antigo e moderno: Diccionario geographico, estatistico, chorographico, heraldico, archeologico, historico, biographico e etymologico, Lisboa, Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia; 1873-1890, 12 volumes; LOPES, Eduardo Teixeira, Lousada e as suas freguesias na Idade Média, Lousada, Câmara Municipal de Lousada, 2004.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

DGARQ/TT: Memórias Paroquiais (vol. 7, n.º 32, fl. 955-960)

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20 - remoção dos rebocos exteriores; feitura de novas coberturas; restauro dos elementos decorativos.

Autor e Data

Diocese do Porto e Paula Figueiredo (IHRU) 2011 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese do Porto).

 



publicado por José Carlos Silva às 16:39 | link do post | comentar

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