Sexta-feira, 24 de Setembro de 2010

          1758, Abril, 20

           I. A. N. T. T. - Diccionario Geográfico. 1758, Vol.42. fl.111 a 122.

 

Respostas do parocho de São verissimo de Nevogilde da comarca de penafiel deste Bispado do Porto aos interrogatorios que constão do papel junto com observancia da ordem do excelentissimo e ilustríssimo senhor bispo do mesmo bispado.

1.º - Ao primeyro interrogatorio respondo que esta freguezia está na provincia do Minho, e he do bispado do Porto, comarca e termo da mesma cidade.

2. º - Ao segundo respondo que he terra de el-rey: excepto hum lugar chamado Lagoas pertencente a mesma freguezia e cito da parte do concelho de Louzada termo da vila de Barcellos, terra e jurisdição de serenissima caza de Bragança.

3º - Ao terçeiro respondo, que tem esta freguezia cento e quarenta vezinhos; e quatrocentos e setenta e oito pessoas entre maiores e menores.

4.º - Ao coarto respondo, que esta freguezia se acha situada ao pe de huma pequena serra chamada de SanTiago; e na ribeira denominada de São Christovão dos Milagres. Da rizidencia da mesma freguezia se avistão as povoaçomes da freguezia de São Miguel de Bustello, que ficão em distancia de meia legoa, as de Santa Marinha de Lodares que ficão em distancia de hum coarto de legoa: as de São João de Nespereyra: Santo Andre de Christellos: São Payo de Cazaes: E São Miguel de Beire as coais coatro povoacomes, e freguezias ficão contíguas a esta por modo de circuito; e são do mesmo Bispado do Porto. Tambem desta rezidencia se avista e descobre a Vila de Arrifana de Souza, que fica em distancia de huma legoa eno mesmo Bispado.

5.º - Ao quinto respondo que não tem esta freguezia termo seu, e consta de trinta e dous lugares, que vem a ser Ay do Monte, Vinhaes, Barrimao, Carvalhal, Peso, Lama, Bouça, Lavandeira, Lagoas, Campo, Orge, Juzam, Retoeyra, Covilham, Penedo, Passos, Vale, Perrixil, Presas, Afreita, Carreiro, Vinhas, Frementôes, Costa, Pumar, Nogueyra, Monte, Caselha, Vinha dona, Outeyro, Barreiro, Remanga: Com declaração porem que o lugar do Aydo Monte tem hum so morador, Vinhais sinco, Barrimao coatro, Carvalhal hum, Peso seis, Lama seis, Bouça dous, Lavandeira hum, Lagoas vinte e oito, Campo coatro, Orge sinco, Juzam hum, Retueyra hum, Covilhâm coatro, Penedo vinte, Passos sete, Vale dous, Perrixil dous, Presa sinco, Afreita coatro, Carreyro coatro, Vinhas hum, Fermentamos hum, Costa sete, Pumar hum, Nugueyra dous, Monte sinco, Caselha dous, Vinha dona trez, Outeyro hum, Barreiro tres, Remanga hum, que todos somão os cento e quareta da resposta ao terceiro interrogatorio.

6. º -  Ao seisto respondo que a rezidencia desta parochia e sua igreja estâ fora do lugar povoado mas em pouca distancia dos lugares da Caselha, Barreiro, barrimao, Aydo Monte, que todos lhe fazem cerco em distancia de hum tiro de espingarda

7.º - Ao setimo respondo que o padroeiro desta igreja he São Virissimo e tem a mesma igreja tres altares: no altar maior se acha colocada a imagem do santo padroeiro; Santa Anna, e o Minino Jesus; em hum dos altares colaterais se acha colocada a imagem de São Gonçallo, e se denomina o altar do mesmo santo: e em outro se acha colocada a sagrada imagem de christo pregado na Cruz, e se denumina este altar do Santo Nome de Jesus: he a mesma Igreja de huma só nave e nella há duas irmandades, huma da confraria geral do Sub-Sino, e outra do Santo Nome de Jesus.

8.º - Ao oitavo respondo, que esta parochia he abbadia e a sua aprezentação he do senhor ordinario deste bispado, se bem que ao prezente pende litigio entre os religiozos Bentos de Santa Maria de ponbeiro do Arcebispado de Braga, e a excelentissima mitra deste bispado sobre o padroado della: custuma render hum anno por outro coatro centos mil reis de fructus certos e incertos.

9.º - Ao nono que náo tem beneficiados.

10.º - Ao decimo que náo tem conventos.

11. º - Ao undecimo respondo que náo tem hospital.

12.º - Ao duodecimo respondo que náo tem Caza de Meziricordia.

13.º - Ao decimo terceiro respondo que tem coatro ermidas, huma da Senhora da Ajuda, que he da freguezia, cita entre o lugar da Lavandeira e Lama: tem dous altares, o maior da mesma Senhora e o colateral de Santo Amaro: tem mais huma irmida de santa Anna com hum so altar cita no lugar de Lagoas, e he particular do Padre Manoel Ribeyro da Silva: Outra Ermida no lugar do Campo com hum só altar de nosa Senhora do bom Suceso que he particular de hum brazileiro por nome Mauricio Pinto Nogueyra: outra Ermida no lugar da Afreita com hum so altar da Senhora da Conceisão, he particular do lecenciado Antonio Simas do Couto.

14. º - Ao desimo coarto respondo que no dia quinze de Janeyro se festeja na sobredita ermida da Senhora da Ajuda a imagem do Senhor Santo Amaro e no mesmo dia concorre bastante povo da freguezia e vizinhanosas a fazerlhe romage: sendo a festevidade a custa dos offeciaes da confraria do mesmo santo: E no dia vinte e sinco de Março e quinze de Agosto de cada anno se festeja tambem na mesma capella a imagem da Senhora pellos officiaes da sua confraria a cujas festevidades tambem concorre o povo da freguezia, e algumas pessoas das vezinhas; e há na sobredita ermida as duas confrarias mencionadas da Senhora da Ajuda e de Santo Amaro.

15.º - Ao decimo quinto respondo que os fructos desta terra com maior abundancia he milho graudo, a que vulgarmente se chama milham, painso, feijâo, centeio, e vinho verde; e tambem algum milho meudo; mas todos estes fructos bem necesarios para o sustento do povo desta terra por ser munto.

16.º - Ao decimo seisto respondo que náo tem esta freguezia juis ordinario, e pertence ao julgado do juis de fora da cidade do Porto, e corregedor do cenado da corte da mesma cidade nas causas civeis: e nas criminaes ao juis do crime e corregedor do crime da mesma cidade. Sendo juis nas execucomes da terra o ouvidor deste concelho de Aguiar de Souza, o qual tambem julgava athé hum cruzado sumariamente sem estrepito judicial; servindo juntamentede almoçate no mesmo concelho; e he a nomeasão do dito ouvidor do cenado da comarca da cidade do Porto.

17. º - Ao decimo setimo respondo, que náo he esta freguezia cabesa de concelho; mas sim se acha no de Aguiar de Souza termo do Porto; excepto o lugar de Lagoas, que fica da outra parte do Rio Mesio cuja terra he do concelho de Louzada termo da villa de Barcellos e a Jurisdição da serenissima caza de Bragansa.

18.º - Ao decimo oitavo respondo que náo consta tenháo havido nesta freguezia homens insignes em letras nem armas.

19. º - Ao decimo nono respondo que náo tem feyra.

20.º - Ao vigesimo respondo que náo tem correio, e usa do da villa de Arrifana de Souza que fica distante huma legoa.

21.º - Ao vigesimo primeiro respondo que dista esta freguezia da cidade do Porto capital do bispado sinco legoas, e da de Lisboa capital do reyno sincoenta e sinco.

22.º- Ao vigesimo segundo respondo que náo tem privilegios nem antiguidades, ou outras algumas cousas dignas de memoria.

23.º - Ao vigesimo terceyro respondo que náo tem Pontes nem lagoa celebre; porque suposto he fertil de agoas, em nenhuma dellas se tem descuberto virtude rara ou qualidade especial.

24. º - Ao vigesimo coarto respondo que náo tem porto de mar.

25.º - Ao vigesimo quinto que náo he murada.

26. º - Ao vigesimo Seisto que náo padeceo ruína no terremoto do anno de mil e sete sentos e sincoenta e seis.

 

 Respostas aos emterrogatorios da serra.

 

1.º - Ao primeyro respondo que se acha esta freguezia contigua pella parte do Nascente a sobredita serra de Sam Thiago, a qual tem de comprimento de Norte a Sul pouco mais ou menos meia legoa; e de largura de Nascente para o poente hum coarto; pouco mais ou menos, principia em a freguezia de Sobroza, e acaba o seu cume em a de Figueiras ambos deste bispado; sempre se denominou a serra de SanThiago.

3. º - Ao terceiro respondo que náo tem brasos.

4. º - Ao coarto respondo que náo nascem nela rios mas augmentace o Mezio com algumas agoas que da mesma manam.

5.º - Ao quinto respondo que náo tem villas; mas so sim o pequeno lugar de SanThiago.

6. º - Ao seisto respondo que náo tem fontes de propriedades raras.

7. º - Ao setimo respondo que náo tem minas de metaes ou outra alguma cousa de estimasáo digna; so sim he abundante de pedra de cantaria; porem groceira.

8. º - Ao oitavo respondo que náo tem plantas, nem ervas medesinaes: e tambem se náo cultiva.

9.º - Ao nono respondo que náo tem mosteyros; mas sim a sobredita cappella de SanThiago naqual cappella se acha colocada huma imagem de christo crucificado que fas bastantes milagres.

10.º - Ao decimo respondo que he a dita serra, conforme a experiencia que ha, de qualidade fria e humida.

11.º- Ao undecimo respondo que se crião nella algumas perdizes, lebres, coelhos mas em pouca quantidade.

12. º - Ao decimo segundo respondo que náo tem lagoa nem fojo notavel; mas sim tam somente varios aqueductus, e huma fonte  junto da cappella de SanThiago com agoa subjacente em todo o anno; em grande  quantidade.

 

Respostas do rio

 

1.º - Ao primeyro respondo que corre pellas beiras desta freguezia junto do lugar de Lagoas hum rio chamado Mezio o qual tem seu principio no pe da serra e montes de Barrosas e se augmenta com a fonte que nasce em São Chistovão dos milagres da freguezia de Santa Maria de Louzada do Arcebispado de Braga, de forma que ja na dita freguezia, a maior parte do anno moem muinhos varios, que ha na dita freguezia, e seguidos huns aos outros.

2.º - Ao segundo respondo que he deminuto no seu nascimento e corre todo o anno, mas no tempo de veráo em alguns annos em táo limitado agoeiro que muntas vezes se pasa a pe enxuto.

3.º - Ao terceiro respondo que náo entráo outros rios nelle mas com varios aqueductus que nascem nos citios vezinhos a sua corrente, e se vay augmentando athe que se chega a constithuir hum pequeno rio.

4.º - Ao quarto que náo he navegavel.

5.º - Ao quinto respondo que he de curso frouxo, e pasifico em toda a sua distancia.

6.º - Ao seisto respondo que corre de Norte a Sul.

7.º - Ao setimo respondo que cria peixes aque chamáo escallos, bogas, trutas, e enguias e a maior quantidade he de escallos e bogas, e todo o referido peixe de gosto especial mas pela falta de agoas no tempo de veráo mumqua chega a exceder o seu tamanho de dous palmos.

8.º - Ao oitavo respondo que se fazem nelle pescarias em todo o anno excepto nos meses de Marso, Abril e Mayo, nos coaes meses so se pesca a cana com anzol.

9º. - Ao nono respondo que sáo as pescarias livres em todo o rio.

10º. - Ao desimo respondo que se cultiváo as suas margens e com a agoa delle se fertilizáo; criamse nas suas beiras varias arbores de castanheiros, carvalhos, amieyros, e salgueiros e ao pe de quazi todas vides plantadas que produzem vinho verde.

11º. - Ao decimo primeiro que náo consta tenháo as suas agoas virtude alguma particullar.

12º. - Ao decimo segundo respondo que conserva o mesmo nome desde o principio e onde he o fim, e não consta que em tempo algum tivesse outro nome.

13.º - Ao decimo terceiro respondo que fenece no rio Souza e no lugar chamado de Azevedo entre as freguezias de Arrifana e Bitaraens.

14.º - Ao decimo coarto respondo que tem varias levadas nas quais se repreza a agoa pera os lavradores que pusuem terras contíguas regarem esta

15.º- Ao decimo quinto respondo que nesta freguezia tem duas pontes, huma de cantaria cita no lugar das Lagoas, denuminada comuamente a ponte de Lagoas, e tem outra depois no lugar de Trebelhe que so serve para de pe.

16.º - Ao decimo seisto respondo que nesta freguezia tem tam somente este rio, duas levadas, e em cada huma dellas duas rodas de muinhos.

17.º - Ao decimo septimo respondo que não consta em tempo algum nelle sahice ouro, nem outra alguma qualidade de metal.

18.º - Ao decimo oitavo respondo que os povos que tem terras contiguas ao mesmo rio uzão livremente de suas agoas, tendo comudidade de extrahillas e não cauzando prejuizo as terras de seus vezinhos.

19.º - Ao decimo nono respondo que tem duas legoas de cumprimento, pouco mais ou menos, e passa por povoasones da freguezia de Sousella e São João de Covas do Arcebispado de Braga, pela de Santa Eulalia do excento de Malta; pellas de Chrystellos, São Payo de Casaes, Nevogilde, Beire, Bitaranes; todas deste Bispado do Porto; e náo me consta que nesta terra o rio, e serra haja mais couza alguma digna de memoria. He o que na verdade pude alcansar e responder aos interrogatorios do papel junto. Sáo Virissimo de Nevogilde e de Abril vinte, de mil sete centos e sincoenta e oito, Manoel de Sousa da Silva, abbade de Novejilde.

 



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Segunda-feira, 20 de Setembro de 2010

A casa nobre permite um grande número de desafios e oportunidades de investigação. Muitos têm sido os Historiadores da Arte, Genealogistas, Heráldicos, Arquitectos Paisagistas a contribuir para o conhecimento cada vez mais integrado deste tipo de habitação e do seu enquadramento sociocultural. A sua intrínseca natureza obriga a uma total interdisciplinaridade. Não existem, no entanto, inventariação e estudos sistemáticos da casa nobre. Há pois que iniciar esse árduo trabalho e principiar a esgotar esse filão que parece, por ora, inesgotável.

Definimos como área geográfica de estudo o concelho de Lousada, e das suas casas nobres, vinte e duas viriam a constituir-se como objecto principal de análise neste trabalho. E porquê o concelho de Lousada? A primeira grande razão prendeu-se com o facto de sermos naturais deste concelho e de o conhecermos muito bem. A segunda, e mais importante, é ser um concelho que possui casas nobres em qualquer ponto do seu território.

Conhecemos este concelho há muitos anos, mas nunca o tínhamos olhado desta forma. Partímos para o terreno para fazer o levantamento fotográfico das Casas Nobres de Lousada. Nas actuais vinte e cinco freguesias contam-se umas dezenas de casas. Levámos uns dias a fotografá-las. Falámos com a maioria dos seus proprietários. Aprendemos muitas coisas que desconhecíamos e estreitamos relações para trabalhos futuros.

Sobre o concelho de Lousada consultámos algumas monografias. Dignas de registo são as “Pedras de Armas do Concelho de Lousada”, do Consultor Osório-Vaz da Nóbrega, “Lousada Antiga”, de Augusto Soares de Moura, o “Minho Pitoresco”, de José Augusto Vieira, “Saudade! Saudade!” de São Boaventura, e, de edição da Câmara Municipal de Lousada: “Lousada-Terra Prendada”, “Lousada-A Vila e o Concelho”. Outras referências bibliográficas são remetidas para a bibliografia geral, no final desta dissertação.

Lousada carece de estudos monográficos e inventários arquitectónicos específicos e sistemáticos. De referir que não existem plantas e desenhos do objecto em estudo. Os autores dos projectos para a casa nobre, segundo Joaquim Jaime B. Ferreira-Alves: “têm origens e formações diferentes. Vamos encontrar por trás do risco: arquitectos; engenheiros militares; arquitectos amadores, onde encontramos uma panóplia de origens e formações; mestres de pedraria (que na nossa opinião ocuparam um lugar da maior importância na concepção e execução de muitas casas nobres urbanas e principalmente no contexto rural) e o próprio proprietário, que com o auxílio de um mestre pedreiro, foi o responsável pelo risco da sua própria casa.”3

Pesquisámos nos arquivos Distritais do Porto, de Braga, no Arquivo Histórico Municipal do Porto, no Arquivo Histórico de Lousada e de Felgueiras, mas não encontrámos qualquer contrato de obra. Admitimos pois, que encomendador e mestre pedreiro fossem os responsáveis pelos riscos - principalmente no espaço rural, como era o concelho de Lousada no século XVIII - tal como afirma Joaquim Jaime B. Ferreira-Alves.

Se num primeiro momento fotografámos todos as casas nobres de Lousada, o passo seguinte foi restringir o nosso campo de estudo e limitá-lo de forma a permitir um estudo mais profundo do objecto. Poderíamos, porventura, fazer uma pesquisa muito mais ampla e mais aprofundada, quer ao nível de outros arquivos - não só os Notariais de Lousada que foram exaustivamente pesquisados - quer das Actas da Câmara dos concelhos de Unhão [actualmente freguesia do concelho de Felgueiras] e de Lousada. Mas o espaço temporal de uma tese de mestrado não nos permite ir tão longe, ficando esse horizonte em aberto para futuras investigações ou até para outros investigadores.

Num segundo momento, a ausência de documentos obrigou-nos à elaboração de Fichas de Inventário do nosso objecto de estudo. Estas Fichas de Inventário - os nossos “documentos” - foram a base essencial para este nosso trabalho.

O contacto com os donos das casas nobres, o terceiro momento, é dos mais importantes, já que fez com que entendêssemos como é que os proprietários destas casas as encaram, as sentem e as têm olhado ao longo do tempo.

A dissertação apresenta-se em três volumes. Achamos por bem incluir um glossário de termos de arte; e mais, uma grelha com os títulos e profissões de alguns dos proprietários do concelho de Lousada que pontificaram ao longo do século XVIII - em alguns casos, proprietários das casas que ora constituem o nosso objecto de estudo - quiçá, uma porta para uma leitura sociológica, sempre desejável e enriquecedora enquanto complemento de qualquer outra.

 

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3 - FERREIRA-ALVES, Joaquim Jaime B. - A Casa Nobre No Porto Na Época Moderna. Lisboa: Edições Inapa. 2001, p. 36.

 

 

In TESE DE MESTRADO: «A Casa Nobre No Concelho de Lousada»



publicado por José Carlos Silva às 18:46 | link do post | comentar

1758

I. A. N. T. T. – Diccionario Geográfico. 1758, Vol.42. fl.110.

 

 Nespereira he aldea, e parochia do termo do concelho Louzada na commarca de Barcellos e seo povo consta de 114 fogos na matris dedicada a S. Eulalia.O parocho he vigario apprezentado pelo thesoureiro da Real Collegiada de Pomarasis e tem de congrua 50 m réis. (I. A. N. T. T. – Diccionario Geográfico. 1758, Vol.42. fl.110.).

 



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          1758, Abril, 19

          I. A. N. T. T. - Diccionario Geográfico. 1758, Vol.23. fl.725 a 730.).

 

Na freguezia de Santa Maria de Meynedo, da Comarca de penafiel, deste Bispado do Porto, responde-se aos interrogatorios, que vierão da cidade do Porto, na forma, e maneira seguinte:

1.º - Esta freguezia está sita na Provincia do Minho, e he do bispado do Porto, da comarca de Penafiel, se entende no juízo eclesiástico porém no juizo secular, parte della, a saber, metade pertence à comarca da cidade do Porto, e outra metade pertence a comarca da Villa de Barcellos.

2.º - O abbade della he arcediago do Porto, ha dúvida se este apprezenta o vigario desta freguezia, ou se he apprezentação do excellentissimo senhor bispo.

3.º - Nesta freguezia ha trezentos e quatorze fogos, e consta de novecentas e vinte pessoas mayores, e cento e nove menores, e dezaseis auzentes.

4.º - He hûm valle situado entre montes não muito altos, daqui não se descobre povoaçoens; só de alguma parte da freguezia se avista a Villa de Arrifana de Souza, donde fica distante hua legoa.

5.º - Esta freguezia consta de parte de quatro concelhos, a saber, para o couto de Bustelo pertence huma aldea chamada Espindo; a qual consta de seis vizinhos: para o concelho de Louzada pertencem a Aldea de Villa pouca, que consta de doze vizinhos e o outro concelho he o couto chamado de Cazaes, no qual sapprezenta o juiz, e meyrinho, o reverendo arcediago do Porto, abbade desta freguezia, o qual Couto consta de sincoenta vizinhos, finalmente o outro concelho chama-se Honra de Meynedo que pertence à correição de Penafiel do termo da cidade do Porto.

Nesta Honra ha a Aldea de Romfe, que consta de des vizinhos, a Aldea de Suarriba, que consta de outros des vizinhos; a Aldea da Foz, que consta de vinte e hum vizinhos, a Aldea das Eyras, que consta de dezaseis vizinhos, a Aldea da Quinta e Monte, que consta de vinte vizinhos, a Aldea da Idanha, que consta de trinta vizinhos, a Aldea de Pomarelho, que consta de doze vizinhos, e a de Agrello, que consta de dous vizinhos, e finalmente, a Aldea das Calles, que consta de settenta vizinhos.

6.º - A Igreja desta freguezia está no meyo della, e tem quatorze Aldeas, que são acima nomeadas.

7.º - O orago desta freguezia he Santa Maria, com o título das Neves: nesta igreja são sinco altares. No altar mor está a imagem da padroeyra: nos dous  altares collaterais no da parte direita, que he para a parte da epistola, está a imagem de Christo Senhor Nosso Crucificado, no da parte esquerda está a imagem de Nossa Senhora do Rozario, para essa mesma parte está o altar de Santo Tyrso, e o outro altar he  o de Santo Antonio; nesta igreja esta situada huma irmandade das Almas debaixo da protecção de Nossa Senhora do Rozario.

8.º - O pároco desta freguezia he vigario, como ja fica dito, foi aprezentado por renuncia, e o resignante foi aprezentado pelo illustríssimo senhor D. Fr. Jozé de Santa Maria, bispo que nesse tempo era neste bispado; e este beneficio renderá ao dito pároco cento e sincoenta mil reis: e para o reverendo arcediago rende dous mil e quinhentos cruzados.

Ao nono, decimo, undecimo, e duodecimo não ha que dizer.

13.º - Nesta freguezia há a cappella de Santa Anna, chamada de Pedra, que está no monte da Aldea de Romariz, e há a cappella, de Santa Caterina, que está nos campos da Aldea de Pade; as quaes ambas fabrica esta freguezia; e há a cappella de S. João Baptista sita na dita Aldea de Romariz, a cuja fabrica está obrigado Antonio de Mendonça da mesma Aldea de Romariz: e outra cappella com a imagem do apostolo Santo Andre, sita na Aldea de Romfe, à cuja fabrica está obrigado o lecenciado Antonio da Cunha, morador na mesma Aldea de Romfe; e na Aldea das Eyras a cappella de S. Mamede, à cuja fabrica está obrigado o Padre Paulo Borges da Fonseca, morador na mesma Aldea; e vem a ser sinco cappellas dentro nesta freguezia.

15.º - A vinte e oito de Janeiro há romagem a Santo Tyrso na igreja matriz desta freguezia, e a vinte e seis de Julho na cappella de Santa Anna de Pedra.

16.º - Os frutos de que esta terra he mais abundante he milhão, e algum centeyo, e feijão, e algum milho branco, azeite pouco, tambem se fabrica algum vinho verde nas arvores, e fruta bastante de maçans, e peras.

17.º - Na honra desta freguezia ha juiz ordinario, vereadores, procurador, almotaces, meirinho, e mais officiaes, sojeitos a correyção do Doutor corregedor da comarca de Penafiel como Provedor, o qual lhe emfirma as suas eleiçoens; no Couto de Cazaes há juis que serve de juis ordinario, e dos Orfaens elle mesmo serve dos mais officiaes da Camara, e o meirinho serve de porteyro, e dos outros officios baixos; no mesmo Couto serve o Juis do concelho de Louzada de Juís do Crime, e dos direitos Reaes.

18º - A respeito deste, fica dito, e tambem do decimo nono, e a respeito do vigesimo, destes não ha que dizer, nem do decimo oitavo.

21.º - Esta freguezia fica distante da cidade do Porto seis legoas, e da de Lisboa sincoenta e seis.

             A respeito dos mais deste capitulo não ha que dizer.

 

Já fica dito que esta freguezia está situada em hum válle; mas logo junto della para a parte do Sul, e Nascente esta huma serra chamada a Cumieyra, que tem de comprido do Norte ao Sul duas legoas, principia da parte do Norte em hum logar chamado Lixa, e acaba da parte do Sul em Arrifana de Souza, que he Villa; e fica dito ao primeyro interrogatorio, e ao segundo, e terceiro.

4.º - Do fim desta serra para a parte Norte nasce o rio Souza, que corre dahi para o Sul, e fenece no rio Tamaga pela parte, que fica para baixo da Villa de Entre Ambos os Rios para a parte do Poente.

5.º - Ja fica dito que a Villa de Arrifana de Souza fica no principio desta serra para a parte do Sul, e no fim o lugar da Lixa para a parte do Norte.

Ao sexto e setimo não ha que dizer.

8º - Ha no principio desta serra para a parte do Sul dous lugares pequenos, ou Aldeas, situados no meyo, ou cume della, chamados Cazais Novos e Cucanha, os frutos que produzem as terras destes dous Lugares são milho branco, e centeyo, e algum vinho verde.

9.º - No principio desta serra junto á Villa de Arrifana de Souza está situada a igreja Parochial, de que he Padroeyra Santa Martha advogada das maleitas, onde ha comcurso de Romagem no dia vinte e nove do mes de Julho.

10.º - A qualidade do temperamento desta serra he amena, e não áspera.

11.º - Nesta serra pastão boys, bestas, ovelhas, e cabras; criam se nella algumas perdizes, coelhos, e lebres.

        Ao duodecimo, e decimo terceiro não há que dizer, nem mais couza algua.

 

1.º - A respeito do rio que vai para esta freguezia para a parte do Norte, indo para o Sul como ja fica dito, chamado o Rio Souza; ja fica dito onde nasce, que he junto ao lugar da Lixa.

2.º - Nasce em duas partes por modo de fonte humilde, huma junto ao Mosteiro de Pombeyro dos religiosos de S. Bento, e a outra junto ao lugar da Lixa, como ja fica dito, e não são muito distantes huma da outra, e a sua corrente por esta freguezia he continua em todo o tempo.

3.º - Nesta freguezia entrão na madre deste rio dous regatos, hum destes nasce na serra da Cumieyra no sitio da freguezia de S. Pedro de Cahide do Arcebispado de Braga; e o outro nasce no monte da freguezia de S. Miguelde Sylvares, do dito Arcebispado, que nos fica para a parte do Norte.

4.º - Não he navegavel, nem capáz de embarcaçoens por ser pequeno.

5.º - Nesta freguezia em toda a parte corre quieto.

6.º - Ja fica dito que corre do Norte para Sul.

7.º - Cria nos limites desta freguezia sinco qualidades de peixes, que vem a ser; bastantes barbos, e bogas; escalos; e algumas trutas, e enguias.

      Ao oitavo Interrogatorio nao ha que dizer, nem ao nono

10.º - As suas margens são amenas, dão pão, e vinho como fica dito no primeyro capítulo e as arvores da terra junto deste rio dão fruta de maçans, e peras como ja fica dito.

Ao undecimo não há que dizer.

12.º - Sempre se chamou rio Souza, e este mesmo nome tem até entrar no rio Támaga.

13.º - Entra no dito rio Támaga na freguezia chamada da Souza.

14.º - Tem bastantes levadas, e açudes, e ja fica dito que não he capaz de navegação.

15.º - Tem quatro pontes de cantaria, huma chamada a ponte da Beiga, que fica no principio, donde se ajuntão as fontes de seu princi, digo, de seu nascimento, a outra chama-se a Ponte de Villela, distante meya legoa da primeira; a outra cháma-se a ponte de Novellas distante huma legoa da de Villela; a outra, que he a ultima; que conheço, chama-se a ponte da Cepeda, que fica distante meya legoa da de Novellas, e estas duas ficão vizinhas da Villa de Arrifana de Souza: E tem este rio bastantes pontes de pao; e no destrito desta freguezia tem duas de pao, e huma de padieyras de pedra.

16.º - Tem bastantes moinhos de moer pão, e hum moinho de azeite, este sito na freguezia de Santa Maria de Villar, do Arcebispado de Braga; tambem no braço, que vem da parte do Pombeyro tem outro engenho de azeite logo acima da Ponte da Beiga, donde chama-se os Moinhos do Barreyro.

Ao decimo settimo não ha que dizer.

18.º - Em algumas partes deste rio uza opovo das suas aguas para regar, sem por isso pagar pensão alguma.

19.º - Tem quatro legoas desde o seu principio até chegar ao rio Támaga, e não destroe povoação alguma com a sua corrente; e não sey nem conheço couza alguma notavel de que possa avizar; e por verdade me assiney, hoje em Meynedo – 19 – de Abril de – 1758 annos. Declaro que o rio fenece no Douro. O parocho de Meynedo Francisco Peixoto da Costa.

 



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Domingo, 19 de Setembro de 2010

“Oh! minha terra, velho Tarrão

 (…)

Ruas estreitas, casas velhinhas

E o pelourinho

Nichos com santos onde as andorinhas

Fazem o ninho!

Tu tens no timbre do nobre brazão

Da tua bandeira

Cachos doirados, espigas de pão

Da vinha e da eira

(…)

Rezas à sombra d’ogivas Romanas

Das tuas igrejas!

E nos dias de verão

Tu mostras, oh meu Tarrão

O colorido

Que ‘stá esculpido

No teu Brazão.”                                                                           António Castro Gorgel2 

 

 

 

 

 

________________________________

 

 

2 - GORGEL, António Castro - Lousada Na Ribalta. Lousada: Tipografia “Heraldo”. 1948, p. 21-22.

 

IN Tese de Mestrado: «A Casa Nobre No Concelho de Lousada»


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publicado por José Carlos Silva às 18:56 | link do post | comentar

“Aqui um solar seiscentista, prepialho à fiada em junta sêca, severo e modesto como eram os de então; além, construções apalaçadas em “baroque” de granito enfunado e grandioso, depois, casas boas de gente abastada, com alas de variadas épocas, ostentando a típica cozinha, tão regional, tão lousadense, toda em pedra, bem ameada com torre para defesa contra incêndios; mais adiante, o casarão vitoriano, rico em varandas ou janelas sob clássico frontão e ao lado a inseparável capela; (…) topam-se ainda muitos portões de brazão (…).”

 

Álvaro Pacheco de Carvalho1

 

In Tese de Mestrado: «A Casa Nobre No Concelho de Lousada»


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Sexta-feira, 17 de Setembro de 2010

Nos dias 17, 18 e 19 de Setembro a aldeia histórica de Quintandona recebe a 4ª edição da Festa do Caldo, que mistura a gastronomia com o teatro e com a música tradicional.

É um autêntico caldo cultural e gastronómico, aquele que vai ser servido, durante três dias na aldeia medieval, totalmente recuperada, na freguesia de Lagares em Penafiel.

A envolvência do teatro durante os três dias de festa, é toda ela especial , com os habitantes , que são os anfitriões da festa, a vestirem também a pele de actores que desenvolvem peças de teatro de rua , interagindo com os visitantes, num cenário que é no mínimo singular.

A animação teatral a cargo do grupo de teatro "comoDEantes", conta com elementos amadores e profissionais, de diferentes faixas etárias, os mais experientes ou "preservados", e os mais novos ou "pirralhos".

Do lado da música, ingrediente indispensável neste caldo, são esperados grandes momentos com as Bandas que revivem as musicalidades celtas, com inspirações de músicas do mundo, principalmente galegas, onde os instrumentos originais e as gaitas de foles não ficam de fora.

Durante 3 dias, são 50 os espectáculos de teatro e música que são servidos em simultâneo com a festa gastronómica do caldo.

Nesta aldeia, não vão faltar as opções de diversão, distracção e degustação, com eiras e até mesmo uma casa transformada em palco, e campos para workshops, feira de artesanato ou simplesmente para a monumental e espectacular corrida de porcos, tudo isto sem esquecer, que no campo principal vão estar as tendas do caldo de Quintandona.

In tvs



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Quarta-feira, 15 de Setembro de 2010

          1758, Abril, 19

          I. A. N. T. T. - Diccionario Geográfico. 1758, Vol.23. fl.725 a 730.).

 

Na freguezia de Santa Maria de Meynedo, da Comarca de penafiel, deste Bispado do Porto, responde-se aos interrogatorios, que vierão da cidade do Porto, na forma, e maneira seguinte:

1.º - Esta freguezia está sita na Provincia do Minho, e he do bispado do Porto, da comarca de Penafiel, se entende no juízo eclesiástico porém no juizo secular, parte della, a saber, metade pertence à comarca da cidade do Porto, e outra metade pertence a comarca da Villa de Barcellos.

2.º - O abbade della he arcediago do Porto, ha dúvida se este apprezenta o vigario desta freguezia, ou se he apprezentação do excellentissimo senhor bispo.

3.º - Nesta freguezia ha trezentos e quatorze fogos, e consta de novecentas e vinte pessoas mayores, e cento e nove menores, e dezaseis auzentes.

4.º - He hûm valle situado entre montes não muito altos, daqui não se descobre povoaçoens; só de alguma parte da freguezia se avista a Villa de Arrifana de Souza, donde fica distante hua legoa.

5.º - Esta freguezia consta de parte de quatro concelhos, a saber, para o couto de Bustelo pertence huma aldea chamada Espindo; a qual consta de seis vizinhos: para o concelho de Louzada pertencem a Aldea de Villa pouca, que consta de doze vizinhos e o outro concelho he o couto chamado de Cazaes, no qual sapprezenta o juiz, e meyrinho, o reverendo arcediago do Porto, abbade desta freguezia, o qual Couto consta de sincoenta vizinhos, finalmente o outro concelho chama-se Honra de Meynedo que pertence à correição de Penafiel do termo da cidade do Porto.

Nesta Honra ha a Aldea de Romfe, que consta de des vizinhos, a Aldea de Suarriba, que consta de outros des vizinhos; a Aldea da Foz, que consta de vinte e hum vizinhos, a Aldea das Eyras, que consta de dezaseis vizinhos, a Aldea da Quinta e Monte, que consta de vinte vizinhos, a Aldea da Idanha, que consta de trinta vizinhos, a Aldea de Pomarelho, que consta de doze vizinhos, e a de Agrello, que consta de dous vizinhos, e finalmente, a Aldea das Calles, que consta de settenta vizinhos.

6.º - A Igreja desta freguezia está no meyo della, e tem quatorze Aldeas, que são acima nomeadas.

7.º - O orago desta freguezia he Santa Maria, com o título das Neves: nesta igreja são sinco altares. No altar mor está a imagem da padroeyra: nos dous  altares collaterais no da parte direita, que he para a parte da epistola, está a imagem de Christo Senhor Nosso Crucificado, no da parte esquerda está a imagem de Nossa Senhora do Rozario, para essa mesma parte está o altar de Santo Tyrso, e o outro altar he  o de Santo Antonio; nesta igreja esta situada huma irmandade das Almas debaixo da protecção de Nossa Senhora do Rozario.

8.º - O pároco desta freguezia he vigario, como ja fica dito, foi aprezentado por renuncia, e o resignante foi aprezentado pelo illustríssimo senhor D. Fr. Jozé de Santa Maria, bispo que nesse tempo era neste bispado; e este beneficio renderá ao dito pároco cento e sincoenta mil reis: e para o reverendo arcediago rende dous mil e quinhentos cruzados.

Ao nono, decimo, undecimo, e duodecimo não ha que dizer.

13.º - Nesta freguezia há a cappella de Santa Anna, chamada de Pedra, que está no monte da Aldea de Romariz, e há a cappella, de Santa Caterina, que está nos campos da Aldea de Pade; as quaes ambas fabrica esta freguezia; e há a cappella de S. João Baptista sita na dita Aldea de Romariz, a cuja fabrica está obrigado Antonio de Mendonça da mesma Aldea de Romariz: e outra cappella com a imagem do apostolo Santo Andre, sita na Aldea de Romfe, à cuja fabrica está obrigado o lecenciado Antonio da Cunha, morador na mesma Aldea de Romfe; e na Aldea das Eyras a cappella de S. Mamede, à cuja fabrica está obrigado o Padre Paulo Borges da Fonseca, morador na mesma Aldea; e vem a ser sinco cappellas dentro nesta freguezia.

15.º - A vinte e oito de Janeiro há romagem a Santo Tyrso na igreja matriz desta freguezia, e a vinte e seis de Julho na cappella de Santa Anna de Pedra.

16.º - Os frutos de que esta terra he mais abundante he milhão, e algum centeyo, e feijão, e algum milho branco, azeite pouco, tambem se fabrica algum vinho verde nas arvores, e fruta bastante de maçans, e peras.

17.º - Na honra desta freguezia ha juiz ordinario, vereadores, procurador, almotaces, meirinho, e mais officiaes, sojeitos a correyção do Doutor corregedor da comarca de Penafiel como Provedor, o qual lhe emfirma as suas eleiçoens; no Couto de Cazaes há juis que serve de juis ordinario, e dos Orfaens elle mesmo serve dos mais officiaes da Camara, e o meirinho serve de porteyro, e dos outros officios baixos; no mesmo Couto serve o Juis do concelho de Louzada de Juís do Crime, e dos direitos Reaes.

18º - A respeito deste, fica dito, e tambem do decimo nono, e a respeito do vigesimo, destes não ha que dizer, nem do decimo oitavo.

21.º - Esta freguezia fica distante da cidade do Porto seis legoas, e da de Lisboa sincoenta e seis.

             A respeito dos mais deste capitulo não ha que dizer.

 

Já fica dito que esta freguezia está situada em hum válle; mas logo junto della para a parte do Sul, e Nascente esta huma serra chamada a Cumieyra, que tem de comprido do Norte ao Sul duas legoas, principia da parte do Norte em hum logar chamado Lixa, e acaba da parte do Sul em Arrifana de Souza, que he Villa; e fica dito ao primeyro interrogatorio, e ao segundo, e terceiro.

4.º - Do fim desta serra para a parte Norte nasce o rio Souza, que corre dahi para o Sul, e fenece no rio Tamaga pela parte, que fica para baixo da Villa de Entre Ambos os Rios para a parte do Poente.

5.º - Ja fica dito que a Villa de Arrifana de Souza fica no principio desta serra para a parte do Sul, e no fim o lugar da Lixa para a parte do Norte.

Ao sexto e setimo não ha que dizer.

8º - Ha no principio desta serra para a parte do Sul dous lugares pequenos, ou Aldeas, situados no meyo, ou cume della, chamados Cazais Novos e Cucanha, os frutos que produzem as terras destes dous Lugares são milho branco, e centeyo, e algum vinho verde.

9.º - No principio desta serra junto á Villa de Arrifana de Souza está situada a igreja Parochial, de que he Padroeyra Santa Martha advogada das maleitas, onde ha comcurso de Romagem no dia vinte e nove do mes de Julho.

10.º - A qualidade do temperamento desta serra he amena, e não áspera.

11.º - Nesta serra pastão boys, bestas, ovelhas, e cabras; criam se nella algumas perdizes, coelhos, e lebres.

        Ao duodecimo, e decimo terceiro não há que dizer, nem mais couza algua.

 

1.º - A respeito do rio que vai para esta freguezia para a parte do Norte, indo para o Sul como ja fica dito, chamado o Rio Souza; ja fica dito onde nasce, que he junto ao lugar da Lixa.

2.º - Nasce em duas partes por modo de fonte humilde, huma junto ao Mosteiro de Pombeyro dos religiosos de S. Bento, e a outra junto ao lugar da Lixa, como ja fica dito, e não são muito distantes huma da outra, e a sua corrente por esta freguezia he continua em todo o tempo.

3.º - Nesta freguezia entrão na madre deste rio dous regatos, hum destes nasce na serra da Cumieyra no sitio da freguezia de S. Pedro de Cahide do Arcebispado de Braga; e o outro nasce no monte da freguezia de S. Miguelde Sylvares, do dito Arcebispado, que nos fica para a parte do Norte.

4.º - Não he navegavel, nem capáz de embarcaçoens por ser pequeno.

5.º - Nesta freguezia em toda a parte corre quieto.

6.º - Ja fica dito que corre do Norte para Sul.

7.º - Cria nos limites desta freguezia sinco qualidades de peixes, que vem a ser; bastantes barbos, e bogas; escalos; e algumas trutas, e enguias.

      Ao oitavo Interrogatorio nao ha que dizer, nem ao nono

10.º - As suas margens são amenas, dão pão, e vinho como fica dito no primeyro capítulo e as arvores da terra junto deste rio dão fruta de maçans, e peras como ja fica dito.

Ao undecimo não há que dizer.

12.º - Sempre se chamou rio Souza, e este mesmo nome tem até entrar no rio Támaga.

13.º - Entra no dito rio Támaga na freguezia chamada da Souza.

14.º - Tem bastantes levadas, e açudes, e ja fica dito que não he capaz de navegação.

15.º - Tem quatro pontes de cantaria, huma chamada a ponte da Beiga, que fica no principio, donde se ajuntão as fontes de seu princi, digo, de seu nascimento, a outra chama-se a Ponte de Villela, distante meya legoa da primeira; a outra cháma-se a ponte de Novellas distante huma legoa da de Villela; a outra, que he a ultima; que conheço, chama-se a ponte da Cepeda, que fica distante meya legoa da de Novellas, e estas duas ficão vizinhas da Villa de Arrifana de Souza: E tem este rio bastantes pontes de pao; e no destrito desta freguezia tem duas de pao, e huma de padieyras de pedra.

16.º - Tem bastantes moinhos de moer pão, e hum moinho de azeite, este sito na freguezia de Santa Maria de Villar, do Arcebispado de Braga; tambem no braço, que vem da parte do Pombeyro tem outro engenho de azeite logo acima da Ponte da Beiga, donde chama-se os Moinhos do Barreyro.

Ao decimo settimo não ha que dizer.

18.º - Em algumas partes deste rio uza opovo das suas aguas para regar, sem por isso pagar pensão alguma.

19.º - Tem quatro legoas desde o seu principio até chegar ao rio Támaga, e não destroe povoação alguma com a sua corrente; e não sey nem conheço couza alguma notavel de que possa avizar; e por verdade me assiney, hoje em Meynedo – 19 – de Abril de – 1758 annos. Declaro que o rio fenece no Douro. O parocho de Meynedo Francisco Peixoto da Costa.

 

 

 

 

 



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    1758

     I. A. N. T. T. Diccionario Geográfico. 1758, Vol.42. fl.80.

 

     Macieira he outra aldea e parochia do termo do concelho= Unhão=na commarca de Pennafiel = o seo povo consta de 162 fogos com 500 almas de sacramento na matris dedicada a S.João Baptista.


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publicado por José Carlos Silva às 20:46 | link do post | comentar

Terça-feira, 14 de Setembro de 2010

 

Situa-se no centro do concelho, nas margens da estrada que liga Lousada a Felgueiras. É a menos populosa freguesia do concelho.

É imensa e abrangente a paisagem que daqui se forma sobe o vale do rio Sousa.

No século XI chegou a ter duas igrejas. Uma dedicada a Santa Marinha e outra a São João.[1]

Do templo construído a São João nada se sabe e o que era dedicado a Santa Marinha terá passado a Santa Maria.[2]

Parte da paróquia foi doada ao Mosteiro de Guimarães. Nessa doação estavam incluídos os bens patrimoniais de uma dama chamada Senhorinha que era da família “ dos Sousões” e outros bens que pertenciam às referidas igrejas locais.[3]

Havia nesta freguesia um casal que era “ honrado” por um mercador do Porto.[4]

A igreja matriz, no século XIII, era da família de D. Elvira Viegas, Senhora de Alvarenga, foi reconstruída no século XVII. “É um templo simples, embora possua no interior bons altares de talha dourada. Repare-se também numa bela imagem da padroeira com um menino ao colo.”[5]14    

 A Igreja matriz, Cruzeiros, Alminhas, a Quinta da Rabada e alguns conjuntos típicos rurais compostos por eirados e celeiros de madeira fazem parte do património construído da freguesia.

A principal romaria é em honra de Nossa Senhora da Natividade.

O Cruzeiro Paroquial

Situa-se no lugar da Igreja, num incaracterístico local sobranceiro, delimitado e a cem metros da Igreja matriz.[6]

É propriedade da Igreja Católica.

Construído em granito.

Desconhece-se a data da sua construção.

Está em bom estado de conservação.

É um vetusto Cruzeiro que se pode confundir com um Cruzeiro de via-crusis. É um Cruzeiro Paroquial e tem função processional. A procissão anda à sua volta e depois recolhe à Igreja.

Tem uma cruz latina, quadrangular, estriada e assenta na cornija do pedestal. A haste vertical é mais comprida que a horizontal.

Além da cornija, o pedestal é ainda composto pelo dado cúbico que está praticamente soterrado.

O Cruzeiro do Cemitério

Encontra-se adossado a meio do muro do topo nascente do Cemitério, sito no lugar da Igreja[7]

É propriedade da Junta de Freguesia de Alvarenga.

Construído em granito no ano de 1992.

Está em muito bom estado de conservação.

Tem uma cruz latina e quadrangular. A haste vertical é muito mais alongada que a horizontal. A cruz assenta no dado que é cúbico.

Na cruz está colocado um crucifixo em metal.

A plataforma é quadrangular e tem dois degraus.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1]  Ver MAGALHÃES, Prof. Altino – Revista Lousada. Lousada: Ed. Jornal Terras do Vale do Sousa, 1991, p. 21. Supl.

[2]  Ver Magalhães, Prof. Altino - loc. cit.

[3]  Ver Magalhães, Prof. Altino - loc. cit.

[4]  Ver Magalhães, Prof. Altino - loc. cit.

[5]  À Descoberta do Vale do Sousa – Rotas do Património Edificado e Cultural. (s.l.): Ed. Héstia Editores,  2002, 2ª edição, p. 90.

[6]  Ver anexos, fig. 1, p. 1.

[7]  Ver anexos, fig. 2, p. 2.

 

IN CRUZEIROS DE LOUSADA


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