Barrosas (Stº Estêvão)
O Cruzeiro de Nossa Senhora de Fátima
O Cruzeiro situa-se no Lugar de Perguntouro, em local sobranceiro à Igreja matriz, de onde dista aproximadamente cem metros.
Este Cruzeiro foi edificado em 1941, em frente a uma pequeníssima Capela em honra de Nossa Senhora de Fátima. O espaço envolvente está muito bem cuidado.
É propriedade da Igreja Católica
Construído em granito.
Está em bom estado de conservação.
É um Cruzeiro de cruz.
A cruz é latina e quadrangular e assenta num capitel troncopiramidal invertido.
O fuste sobrepuja na cornija. Dois terços do fuste são circulares, o restante junto à cornija é quadrangular.
O dado é cúbico e tem na sua face central esculpida a data da construção,
A plataforma é quadrangular e tem dois degraus.
VIEIRA, Leonel Vieira – In Os Cruzeiros de Lousada, U. Portucalense, 2004
Enquadramento e contextualização histórica do concelho de Lousada no séc. XVIII.
Um território em constante mudança.
Em 1706, um concelho não era mais do que um conjunto de várias aldeias e freguesias que juntas se governavam “por humas Justiças, & Acórdãos.”53
Gravura n.º 4 - Mapa da Província de Entre Douro e Minho, Custódio José Vilas - Boas, 1798.
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51 - BOAVENTURA, São - o. c., p. 20.
52 - BOAVENTURA, São - o. c., p. 20.
53 - COSTA, P. Antonio Carvalho da - o. c. , p. 338.
O território de Lousada compunha-se de algumas freguesias do “Bispado do Porto na Comarca de Penafiel, & outras do Arcebispado de Braga. Tem Juiz ordinario, que serve dos Órfãos, hum Meirinho, dous Vereadores, & Procurador, Concelho, tudo por pelouro, eleição triennal do povo, a que preside o Ouvidor de Barcellos, aqui entra em correição, dous Almotaceis, & Escrivão da Câmara, Almotaçaria, Distribuidor, Emqueredor, & Contador, & quatro Tabeliaens, que tambem servem nos Órfãos por distribuição, tudo data dos Duques de Bragança. O Escrivão das Sizas vem de Aguiar de Sousa.”54
Eram 12 as freguesias que o constituíam, sendo seis afectas ao Bispado de Braga: S. Salvador de Aveleda, Santa Margarida de Lousada, S. Miguel de Lousada, Santa Maria de Alvarenga, Santiago de Cernadelo e S. Miguel de Silvares; e outras seis pertencentes ao Bispado do Porto: Santo André de Cristelos, S. João Evangelista de Nespereira, Santa Marinha de Lodares, S. Salvador de Novelas, S. Lourenço de Pias e S. Vicente de Boim.55
A freguesia de Novelas pertencia ao concelho de Lousada, mas não na sua totalidade, só uma parte, a que estava para cá da margem direita do rio Sousa, pois a parte que se situava para lá da margem esquerda do mesmo rio era do concelho de Arrifana de Sousa.56
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Quadro N.º 3 - O concelho de Lousada em 1706 |
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Freguesias |
Fogos |
Alvarenga Aveleda Boim Cernadelo Cristelos Lodares S. Miguel (Lousada) Stª. Margarida (Lousada) Nespereira Novelas Pias Silvares |
16 50 58 32 46 102 60 36 43 86 70 62 |
Total |
661 |
O coeficiente 457 começou a ser utilizado a partir do século XVIIIpara estudos de demografia. Aplicando-o como conversor de fogos em moradores podemos dizer que em 1706 o concelho de Lousada contava 661 vizinhos ou fogos e 2 644 moradores.
Em 1758, segundo a Memória Paroquial de Silvares, o concelho de Lousada continuava a ter as mesmas doze freguesias que em 1706, mas agora com ramos das freguesias circunvizinhas: Casais, Nevogilde, Beire, Bitarães, S. Tiago de Arrifana, Meinedo, Novelas, Nogueira e Macieira, que eram do concelho de Lousada. Existiam, ainda, algumas freguesias que tinham ramos de outros concelhos, como a de Silvares que possuía o ramo de Lagares, e era territórrio de Unhão; e o ramo de Além do Rio, que pertencia ao concelho de Aguiar de Sousa. O que dava ao território de Lousada, nessa época, uma configuração de uma légua58 e meia de comprimento, e de três quartos de légua, de largura.59
Contudo, o abade de Santa Margarida, na Memória Paroquial, informava: - “O concelho comprehende dezoyto freguezias a saber esta de Santa Margarida, São Miguel em parte Cernedello, Macieyra em parte Santa Chrystina em parte Avelleda em parte, Alvarenga na mayor parte, Sylvares toda so duas cazas Chrystellos toda, Novegilde em parte São Payo em parte Beyre em parte Bitarains em parte Monte Roso, Santa Marinha de Lodares toda Nespereyra São Vicente de Boim, São Lourenço das Pias, Meynedo em parte que todas digo compreende parte dezanove freguezias sobreditas.”60 As partes, os ramos ou fracções61 contaram, portanto, para a contabilidade das freguesias. Existe aqui uma contradição, já que inicia o item a informar que o concelho é formado por dezoito freguesias e termina-o a afirmar que são dezanove.
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54 - MOURA, Augusto Soares - o. c., p. 36. Cf. Também Lousada - Terra Prendada, p.132; História das Freguesias e Concelhos de Portugal. Quidnovi. Edição e Conteúdos, 2004, vol. 9, p. 98.
55 - Nas várias corografias existentes, e que se referem ao assunto, tal como nas poucas monografias conhecidas sobre o concelho de Lousada, sempre se repetem os mesmos dados, e muitas vezes sem qualquer referência às fontes.
Trata-se de uma bela e preciosa relíquia histórica e que muitas vilas destruíram e actualmente gostariam de certeza absoluta possuir.
Da plataforma sai uma coluna salomónica de granito de forte enrolamento, bem vincado, os torsos assentes: o desbaste menos regular, o fuste vai terminar o torcido num remate cilíndrico do capitel simples. Em cima assenta o remate (tronco piramidal), de secção quadrada, invertido com uma das molduras trabalhadas. Nos centros da face superior vêem-se as calhas dos ferros, que suportaram as correntes das argolas.
SILVA, José Carlos - As Capelas Públicas de Lousada, U. Portucalense, 2007
Ficha de Inventário
Capelas Públicas de Lousada
Edifício - Capelas - Arquitectura
Capela de Sr.ª Aparecida |
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Identidade(Anterior/Actual) Capela de Sr.ª Aparecida
Data construção Séc. XVIII Localização Aparecida - Lousada
Inserção Ed. no Património Sr.ª Aparecida - Torno
Classificação Oficial Capela pública
Proprietários Igreja do Torno
Regime Jurídico Público
Estado de Conservação Excelente Bom X Razoável Mau
Protecção e Valorização Existente Recomendável X |
Análise Arquitectónica:
Capela de cantaria rebocada, com torre sineira, com o adro delimitado com balaustrada em granito e o chão calcetado em granito e o chão calcetado em granito e com um imponente escadório que dá acesso à porta principal do templo.
Na frontaria pode ver-se porta principal - ao centro - sobrepujada por uma edicula, com uma imagem em granito de N. Sr.ª Aparecida, tendo a coroa adossada à parte central do arco de volta perfeita (a coroa está fora da edicula).
A frontaria tem pilastras e o remate do entablamento é feito por pirâmides. O frontão com duas volutas, interrompido por cruz latina.
Torre sineira com 3 sinos, porta moldurada no primeiro andar e janela moldurada. No 2.º andar um relógio que tem a inscrição: M. H - Albergaria-A-Velha, 1946”.
Os arcos que contêm os sinos são de volta perfeita e os remates do entablamento são em forma cónica. O coruchéu é sobrepujado por uma cruz de cor verde.
No alçado esquerdo uma fresta moldurada (na torre sineira).
Na sacristia podem ver-se quatro frestas molduradas e envidraçadas.
A capela mor apresenta um janelão moldurado e envidraçado.
A meio da capela - o frontão (“empena”), é encimado por uma cruz latina e o remate do entablamento é em forma de pirâmide.
No alçado norte o remate do entablamento tem a forma de pináculos. No seu lado direito - na sacristia - pode ver-se a porta principal da mesma e também se vislumbra a torre sineira, mormente o seu sino mais pequeno. Vê-se, também, a meio da capela, no início da nave, o remate em pirâmide do entablamento.
Na nave - alçado direito - duas janelas molduradas e envidraçadas e uma porta moldurada.
A capela mor tem uma porta moldurada e uma janela envidraçada e moldurada.
Na última pilastra da capela mor, topo norte, há uma pequena placa em mármore, onde se pode ler “Gradeamento e Calcetamento. Obras do benemérito Ex. mo. Sr. João R. S. Magalhães”.
Sob o adro, do lado direito da capela, existe uma pequena ermida, construída nos anos 60 (deste século).
Frontaria porticada, com quatro colunas, e com remates do entablamento em forma de pirâmide. Ao centro, um frontão, tendo no timpano um pequeno frontão insculpido que contém um mais pequeno com duas volutas que nascem de um escudo sobrepujado por uma cruz, sendo esta ladeada pelas letras “S.A.” (Senhora Aparecida). Ao centro, um portal (de acesso à ermidinha), que tem no lintel esculpido “ .”. Ladeando portal há duas portas molduradas.
Entre os espaços livres do portal, portal e colunas adossadas, a frontaria da ermida é revestida de azulejo.
SILVA, José Carlos Ribeiro da - As Capelas Públicas de Lousada, U. Portucalense, 1997
O Cruzeiro Paroquial Edificado no meio de um alto e sobranceiro entroncamento, no lugar do Cruzeiro e aproximadamente a duzentos metros da Igreja matriz. Este belo Cruzeiro é propriedade da Igreja Católica. Construído em granito. Desconhece-se a data da sua construção. Está em bom estado de conservação. A cruz é ponteada. O fuste é octogonal, assenta numa base e termina num capitel singelo. O pedestal é constituído pela cornija e pelo dado cúbico. No dado há incisões indecifráveis. A plataforma é quadrangular e tem três degraus. O Cruzeiro do Cemitério Situa-se a meio do muro do topo nascente do Cemitério, no lugar da Igreja. É propriedade da Junta de Freguesia de Cernadelo. Construído em granito. Desconhece-se a data em que foi erigido. Está em bom estado de conservação. A cruz é oitavada, tem as arestas diminuídas e faz lembrar a cruz de Cristo. O fuste é octogonal e assenta num dado quadrangular.
SILVA, Leonel Vieira - Os Cruzeiros de Lousada
1.º - Esta situada na provincia dentre Douro e Minho no Arcebispado de Braga comarqua de Guimaramis, parte no termo do concelho de Unham, e parte no termo do comceilho de Santa Crus de Riba Tâmega.
2.º - He terra de donatario, a saber a parte do termo de Unham do excelentissimo Conde do mesmo titullo de Unham, e a parte do termo de Santa crus do excelentissimo Conde Meirinho Mor.
3.º - Tem esta freguezia setenta e hum vezinhos em que se contam sento e noventa pessoas de sacramento e vinte menores repartidos por diversas aldeias piquenas, como he a de Souzelinha que esta separada do continente da freguezia, em lhe mediando outra freguezia de Sam Mamede de Alentem, e dentro do continente da freguezia Sam as Aldeias chamadas dos Cazais, Sima de Villa, Barral, Mercê, Deveza, Villar, Forno, Eido, fonte, Portella, Boucinhas, Torre, Deveza, Torno e Castanheira, sendo algumas destas aldeias simples casais de hum ou dous moradores.
4.º - Esta situada em hum piqueno valle e pouco fundo que discorre do Nordeste, ao Sudueste na serra da Comieira caindo mais a parte do Poente, della se nam descobre pubuaçam alguma de fora.
5.º - Do que fica dicto lhe he.
6.º - A parochial e cazas da residencia do parocho junto a esta esta so no meio da freguezia.
7.º - O seu orago he da Asumpsam, e se selebra no seu dia tem coatro altares, o altar mor da Senhora da Asumpsam, outro do S. Nome de Jesus e Senhora da Ajuda, outro da Senhora do Rozario, e outro de Sam Miguel Arcanjo, a coal esta anexa a irmandade das Almas debaixo do patrocinio do mesmo Sam Miguel, nam tem naves.
8.º - O parocho tem o titullo de abbade, aprezentaçam do ordinario, tera de rendimento por tudo o que lhe dis respeito entre pasal, dizimos, e mais veneras duzentos e vinte mil reis pouco mais ou menos segundo o preso dos frutos, porem dos dizimos se aplicou antiguamente metade para o Colegio dos Padres Jesuitas da cidade de Braga cuja parte lograra em setenta mil reis pouco mais ou menos, e por isso sò ficam para o abbade sento e sincoenta mil reis hum anno po outro.
9.º - Nada
10.º - Nada.
11.º - Nada.
12.º - Nada.
13.º - Nada.
14.º - Nada.
15.º - Os frutos que produs a terra em maior abundância he milho grosso, milho miúdo, painso, e senteio, e feijomis, e pouco trigo, e sebada, da bastante vinho verde de mediucre generosidade, alguma castanha e landre e fruta de toda a casta.
16.º - Hum, e outro dos sobreditos concelhos em que esta situada esta freguezia tem juis ordinario, e camera que nam sam subjeitas a justisa alguma de outra terra mas Só aos superiores ordinarios por agravo, ou apelasam.
17.º - Nam.
18.º - Nada.
19.º - Nada.
20.º - Servese pello correio de Arrifana de Souza distante duas legoas.
21.º - Dista da cidade capital de Braga sete, digo seis para sete legoas; e da de Lisboa.
22.º - Nada.
23.º - Nada.
24.º - Nada.
25.º - Tem somente esta freguesia na parte superior a antequissima torre chamada de Villar mui forte que segundo a tradisam vulgar he do tempo dos godos, esta situada em sima de um durissimo rochedo que so de algumas partes dos licerces teve sobresahido à terra de huma piquena colina sobre que jas, tera de alto a dicta torre setenta e sinco athe oitenta palmos,e de diametro tomado pellas fases defora, tem corenta e dous palmos correndo de Sueste para Nordeste, e de outra parte correndo do Nordeste para Sudueste tem de diametro segundo as fases exteriores trinta e hum palmos, as suas paredes tem de corpo seis palmos, e sam tanto por dentro como por fora de pedra viva durissima de cantaria de fiadas quazi de igual porposam e suficientemente polidas, mas, as junturas das pedras comidas do tempo mostram maior abertura do que nos seus principios poderia ter, indicio da sua nimia antiguidade, nam tem ameias mas indicio de em outros tempos ter sido com ellas ornada, tem huma unica porta no solo ou logia que tem de largo seis palmos e de alto des athe a padieira que defende do pezo hum escarsam de arco de meio ponto, tem na fase que fica para o lado este duas genellas, e outras duas na fase que fica para o Noroeste, e na face que fica para o Nordeste tem tres genellas, e coatro na que fica para o Sueste porem todas estas genellas pela face exterior da torre so se divizam abertas em frestas de hum palmo de largo, exceto huma que fica a parte esquerda da face do Sueste, contra que fica no meio da face do Sudueste que estas se devisam por fora rozas com a mesma grandeza de cume que por dentro tem os sinais das dictas genellas e descara dos bigamentos que pella parte de dentro tem e se devizam no projecto de algumas pedras indicam ter cido havitaçam de duas ordens de subrados, alem de hum intersoto por sima da logia, e pella fase exterior de Noroeste se devizam lugares de vigamento de alguma caza incostada, nam se achar ella matrial algum de madeira, nem mostra ser acentada em argamasa, achace totalmente ileza, e com a siguraramsa primordial sem ter ahinda levissimo indicio de ruina, nem tendência della ahinda dipois do memorial terramotu de mile setesentos e sincoenta e sinco annos, o estado da sua caza mostra nam se ter extrahido do corpo della pedra alguma.
26.º - Nada
27.º - Nada
Serra
A serra em que esta situada esta freguezia chamace a serra de Comieira, que discorre do Nordeste, principiando desta parte no lugar da Lixa distante desta freghezia huma legoa para o Sudueste para cuja parte acaba na Villa da Rifana de Souza tendo de comprido tres legoas, e de longo neste sitio meia, compriendendo ambas as suas partes digo ambas as suas fases, esta freguezia esta em parte mais baixa nam tem brasos alguns e pella parte do Noroeste discorre pello pe da serra a Ribeira e Rio de Souza e da parte de Sueste discorre outro vale e hum piqueno regato chamado rio de Eidos que rega os campos da freguezia e couto de travanqua com quem esta freguezia confina por aquella vanda no alto da serra, e pella parte do Sudueste confina com a de Sam Mamede de Alentem, e pellas partes do Norte com a de Sam Pedro fins do Torno, e pella parte do Sul com a de Sam Pedro de Caide de Rei.
4.º - Tem esta freguezia hum piqueno ribullo que dedus sua origem de dentro della mesmo na parte suprema que fica pa o Nordeste e Cursando pello fundo do Valle ja memora do segundo os rumos delle entra na freguezia de Sam mamede de Alentem onde fenece no Rio Souza, com o curso de hum coarto de legoa e por isso prinsipalmente nesta freguezia he tam pobre de agoas que se exgotam todas para regar os campos com a providencia de devezas, so na parte inferior desta freguezia no tempo de inverno tem atidam para rodar hum muinho único que nos lemites della existe, e nenhum peixe produs porque no tempo do estio fica quazi exausto.
5.º - Nada.
6.º - Nada.
7.º - Nada.
8.º - Nada.
9.º - Nada.
10.º - he de temperamento quente mas predus pouco por ser terra pisarronta.
11.º - Nam tem criacam degados, a casa que criasam coelhos perdizes, e lebres, porem de tudo, pouco.
12.º - Nada mais.
Rio
1.º - Pello lugar de Souzelinha desta freguezia, pasa o rio chamado Souza que tem sua origem no concelho de filgueiras distante legoa e meia.
2.º - Corre todo o anno e se forma com mananciais de agoa de diversas partes.
3.º - Entram nelle mais asima o regato de Sam Fins na freguezia de S. Pedro do Torno, e regato de Macieira em a freguezia de Sam Thiago de Sernadello.
4.º - Nam.
5.º - He de curso quieto por estes distritos.
6.º - Corre do Nordeste ao Sudoeste.
7.º - Cria peixes barbos, trutas, escallos, bogas, e inguias grandes, sendo mais abondante de barbos e bogas.
8.º - Nam ha nelle pescarias regulares mas so particulares sem ordem lemite do tempo que nam he defexo.
9.º - As pescarias sam livres em todo o sitio.
10.º - Todas as suas margens se cultivam e particullarmente neste destrito onde ha fertilicimos campos, e na veira do rio se produzem comomente amieiros, salgueiros e tambem carvalhos onde se acostam videiras para produçam de vinho.
11.º - Nam se conhese.
12.º - Comserva o mesmo nome athe o fim, e principia ater mais asima hum coarto de legoa mais para meia legoa emtre as freguezias de Unham, e Pedreira onde se unem
dous brasos principais que athe ahi não tem nome proprio e do contrario nam ha memoria.
13.º - Morre no rio Douro mais abaixo seis legoas no lugar chamado Souza defronte da Villa de Arnellas asima da Cidade do Porto duas legoas.
14.º - Só tem varios asudes para muinhos que inpediriam navegaçam (…) fose navegavel.
15.º - Tem mais asima meio coarto de legoa a unica ponte de cantaria de hum arco chamado da Veiga na freguezia de Sanfins, e outros varios pontilhonis de pau, e pedra em diversas partes, e para baixo tem de cantaria arcoada, as pontes de Villela, Nuvellas, Sepeda, de que tenho noticia.
16 - Por todo elle ha munta copia de muinhos de rodízio e cal, e na freguezia de Sam Christovam de Lordello dous lagares de azeite sendo que hum esta ao prezente inpedido
de moer com as agoas, e o outro lagar nesta freguezia no lugar de Souzelinha onde tambem há muinhos de pam.
17.º - Nam consta
18.º - Os povos vezinhos uzam para a cultura dos campos de suas agoas onde ha comodidade para isso libremente.
19.º - Tera de curso desde a sua origem e onde fenece sete para oito legoas nam pasa por pubuasam alguma mais do que por baixo da Villa de Arrifana de Souza.
20.º - Nam me ocorre mais cousa alguma digna de memoria a respeito dos interrogatorios a que dou satisfaçam como pude em cumprimento da ordem que me foi apresentada com os mesmos interrogatorios em o dia sete de Abril de mil e setesentos e sincoenta e oito annos, e por verdade me asigno com os dous parochos mais vezinhos o Reverendo felis Antonio, vigario de S. Pedro Fins do Torno e o Reverendo Joam Teixeira Ozorio vigário de Sam Mamede de Alentem, hoje sua magestade de Villar do Torno e de Maio 20 de 1758. O abbade Francisco Joseph de Souza Andrade, o vigário João Teyxeyrara Ozorio, o vigário Felix Antonio Borges.
(I. A. N. T. T. - Diccionario Geográfico. 1758, Vol. 41 fl.1873 a 1881.), SILVA, José Carlos Ribeiro da – A Casa Nobre No Concelho de Lousada, FLUP, 2007
O Cruzeiro Paroquial
Edificado no meio de um alto e sobranceiro entroncamento, no lugar do Cruzeiro e aproximadamente a duzentos metros da Igreja matriz.
Este belo Cruzeiro é propriedade da Igreja Católica.
Construído em granito.
Desconhece-se a data da sua construção.
Está em bom estado de conservação.
A cruz é ponteada.
O fuste é octogonal, assenta numa base e termina num capitel singelo.
O pedestal é constituído pela cornija e pelo dado cúbico. No dado há incisões indecifráveis.
A plataforma é quadrangular e tem três degraus.
O Cruzeiro do Cemitério
Situa-se a meio do muro do topo nascente do Cemitério, no lugar da Igreja.
É propriedade da Junta de Freguesia de Cernadelo.
Construído em granito.
Desconhece-se a data em que foi erigido.
Está em bom estado de conservação.
A cruz é oitavada, tem as arestas diminuídas e faz lembrar a cruz de Cristo.
O fuste é octogonal e assenta num dado quadrangular.
Vieira, Leonel - Os Cruzeiros de Lousada, Universidade Portucalense, 2004
Lousada nas corografias e nos dicionários geográficos.
No último decénio do séc. XVIII, o lugar do Torrão era “huma pobre aldeya.”8 Pelo menos era assim que o Bacharel Caetano José Lourenço Valle, Corregedor e Provedor da Comarca de Penafiel, via o lugar que mais tarde seria o futuro concelho9 de Lousada: “Pertendem juis de Fora, dizendo que tem boa Caza de Foral, he esta bem ordinária, citta no lugar do Torrão, couza bem insignificante, que não pasa de huma pobre aldeya, sem forma de rua”10 Esta opinião ficou a dever-se a uma hipotética anexação do concelho de Lousada por Penafiel, o que nunca chegou a acontecer.
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8 - SOEIRO, Teresa - História Local. Cadernos do Museu. Penafiel: Edição da Câmara Municipal de Penafiel. 2005, p. 151.Cf. AHP - Secção I-II, Cx. 101.
9 - “É uma reunião maior ou menor de freguezias, governadas por um administrador de concelho e representadas por uma municipalidade. Se o concelho é também julgado, tem um tribunal do cível, crime e orphanologico, com juiz ordinário, um sub - delegado do procurador régio, escrivães, officiaes de diligencias, carcereiro, etc. Até 1820, os concelhos tinham muitos privilégios, e inclusivamente o de nomearem os seus juízes, que eram confirmados pelo rei. Hoje esses juízes, assim como a câmara, são de eleição popular, e não precisam de confirmação regia.” LEAL, Augusto Soares d’ Azevedo Barbosa de Pinho - Portugal Antigo e Moderno-Diccionario Geographico, Estatístico, Chorographico, Heráldico, Archeologico, Histórico, Biographico e Etymologico de Todas as Cidades, Villas e Freguezias de Portugal e de Grande Numero de Aldeias. Lisboa: Livraria Editora Tavares Cardoso & Irmão. 1874,volume quarto, p. 492. Cf. BAPTISTA, João Maria - Chorographia Moderna do Reino de Portugal. Typographia da Academia Real Das Sciências, 1875, Vol. II. p. XXIII; COSTA, P. Antonio Carvalho da-Corografia Portugueza e Descripçam Topográfica do Famoso Reyno De Portugal, com as Noticias das Fundações das Cidades, Villas, & Lugares, que contem, varões illustres, Genealogias das Famílias Nobres, fundações de Conventos, Catálogos dos Bispos, antiguidades, maravilhas da natureza, edifícios, & outras curiosas observaçoens. Segunda Edição, Braga: Typographia de Domingos Gonçalves Gouveia, 1868, Tomo I, p. 337-338; é “uma expressão latina concillium e exprime a comunidade vicinal constituída em território de extensão muito variável, cujos moradores-os vizinhos do concelho-são dotados de maior ou menor autonomia administrativa.” In Dicionário de História de Portugal. (Dir.) Joel Serrão. Porto: Livraria Figueirinhas, [s/d], p. 137. Cf. Concelhos. In Dicionário Enciclopédico da História de Portugal. (Coord.) José Costa Pereira. [s/l]: Publicações Alfa, Lda, 1990, p. 146.
10 - AHP - Secção I-II, Cx. 101.
Volvidos quase cem anos José Augusto Vieira, na sua obra: “O Minho Pittoresco” refere-se a Lousada com outras cores, apesar de pouco mais nos informar: “A Louzada antiga, com o seu pelourinho em columna torcida, incompleto já, os antigos paços servindo de cadeia, a rua Direita, torta como a de todas as villas, (…).”11 E nada havia de notável na Vila de Lousada, a não ser a sua “pittoresca situação em um planalto da montanha, de ares puros e lavados, e solo feracissimo nos seus formosos arrabaldes. Para que bem se avalie do largo horisonte e fertilidade d’este solo uberrimo basta subir ao templo dos Afflictos, ou melhor ao adro da capella da Senhora do Loreto, que domina toda a povoação e arrabaldes, e demorar ahi alguns instantes, á sombra dos sobreiros ou oliveiras que a rodeiam. (…) Divide-se, por assim dizer, a villa em duas partes: a moderna e a antiga Louzada; aquella, ainda incaracterística, por estar actualmente em plena germinação, (…), com feição accentuada, das antigas villas portuguezas, de ruas estreitas e praças acanhadas, a lugubre cadeia sob os antigos paços do concelho, uma ou outra viella intransitável, as casas de pequenas janellas com poaes, onde floresce o craveiro encarnado.”12
Em 1874, era vila, concelho e cabeça de comarca e contava com 2 700 fogos, sendo a comarca composta pelo julgado de Lousada e de Paços de Ferreira. Este último concelho possuía 3 100 fogos, o que perfazia, na comarca, 5 800 fogos. Uma parte do território de Lousada estava afecto ao Arcebispado de Braga, e o restante à Diocese do Porto. Pertencia ao distrito do Porto,13 e era constituído por vinte e sete freguesias.14
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11 - VIEIRA, José Augusto - O Minho Pitoresco. 2ª Edição, Valença: Edição Rotary de Valença, Tomo II. 1987, p. 353-354.
12 - VIEIRA, José Augusto - o. c., p. 353-354. Cf. MOURA, Augusto Soares-Lousada Antiga, Lousada: Edição de Autor, [s/d], vol. I, p. 386, História das Freguesias e Concelhos de Portugal. Matosinhos: Quidnovi, 2004, p.98. Lousada Terra Prendada, Lousada: Edição da Câmara Municipal de Lousada. 1996, p. 132.
13 - LEAL, Augusto Soares d’ Azevedo Barbosa de Pinho - o. c., p. 469.
14 - “ Alentém, Alvarenga, Aveleda, Barrosas (Santo Estêvão), Barrosas (Santa Eulália), Caíde de Rei, Cernadelo, Casais, Covas, Cristelos, Boim, Figueiras, Lodares, Lustosa, Macieira, Meinedo, Nespereira, Nevogilde, Nogueira, Ordem, Pias, Silvares, Sousela, Torno, Vilar do Torno, Lousada (Santa Margarida) e Lousada (S. Miguel).” Cf. LEAL, Augusto Soares d’ Azevedo Barbosa de Pinho -o. c., p. 469.
E em 1875, a freguesia de Silvares,15 era a cabeça deste concelho, concelho cuja superfície atingia 766,5 hectares, espaço onde se distribuíam 14 304 habitantes.16
No términos da centúria de oitocentos, Lousada mantinha imutável o número de freguesias, possuíndo Santa Margarida e S. Miguel de Silvares 117 homens e 162 mulheres e 161 homens e 227 mulheres, respectivamente. O concelho, no seu todo, contava com 6523 homens e 8418 mulheres, e pertencia ao distrito e bispado do Porto.17
No dealbar do século seguinte, era um concelho da província do Douro, sendo as suas freguesias sede: - Silvares e Cristelos.18 Silvares que, desde o século XVI tinha contado com a honra de receber pelourinho,19 e, pelo menos desde 1875 se apresentava como cabeça de concelho.20
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15 - LEAL, Augusto Soares d’ Azevedo Barbosa de Pinho - o. c., p. 469.
16- BAPTISTA, João Maria - o. c., p. 692 - 693.
17 - BETTENCOURT, E. A. - Diccionario Chorographico de Portugal e Ilhas Ajacentes contendo as Divisões Admnistrativa; Judicial, Ecclesiástica e Militar Ultimamente Decretadas e indicando todas as cidades, villas, freguezias …., 3ª Edição, Lisboa: Typographia Universal. 1885, p. 104.
18 - Exactamente as mesmas freguesias que Pinho Leal indica na sua obra: “Portugal Antigo e Moderno”. Os corografistas repetem-se e, muitas vezes, enganam-se. Eles mesmo o reconhecem: “Depois os proprios chorographistas vêem-se em papos de aranha para explicar onde é a sede do concelho, ora confundindo Silvares e Louzada, ora tomando as parochias de Santa Margarida e S. Miguel de Louzada, como núcleo central da povoação, quando, averiguado o caso, a villa não é realmente senão uma parte de SILVARES, parte chamada antigamente o Torrão, que se desenvolveu e ampliou, deixando na humilde posição primitiva a velha matriz parochial.” VIEIRA, José Augusto - o. c., p. 353 - 354.
19 - O pelourinho de Lousada é Monumento Nacional por Decreto de dezasseis de Junho de mil e novecentos e dez. “Tem três degraus quadrados em esquadria, todos eles com o bordo superior saliente e boleado. A coluna salomónica assenta numa base quadrada de pouca altura seguida de largo anel boleado. O fuste é expressivo no seu bem delineado enrolamento com os torcidos largos que se desenvolvem da esquerda para a direita. Vem a terminar num anel bem saliente e boleado. Por peça de coreamento possui um tabuleiro quadrangular tronco-piramidal invertido que a meio da sua altura tem molduramento a toda a volta em forma de pequenos cubos. Nos cantos da parte superior ainda se notam as calhas onde pousavam os braços de ferro com argola. A parte terminal do pelourinho já não existe (…). O pelourinho é do século XVI.” SOUSA, Júlio Rocha e - Pelourinhos do Distrito do Porto. Viseu: Edição do Autor. 2000, p. 26 e 48.
20 - PEREIRA, Esteves, RODRIGUES, Guilherme - Portugal, Diccionario Histórico, Chorographico, Biographico, Bibliographico, Heráldico, Numismático e Artístico. Lisboa: João Romano Torres & C.A Editores. vol. IV - L. M, 1909, p. 559. Cf. COSTA, Américo - Diccionario Chorografico de Portugal Continental e Insular, Hydrographico, Historico, Orográfico, Archeologico, Biographico, Heráldico e Etymologico. Villa do Conde: Typograhia Privativa do Diccionario Chorographico. vol. VII, 1940, p. 809 - 810. Guia de Portugal. Entre Douro e Minho - Douro Litoral IV. Fundação Calouste Gulbenkian: 1994, p. 624.
1. 1. Lousada pitoresca, política e social.
Nas corografias, nos dicionários geográficos, nos jornais, assim como nas monografias, o concelho de Lousada é analisado sobre aspectos pitorescos, políticos e sociais.
Prestes a terminar o penúltimo decénio do século XIX, a parte moderna da Vila de Lousada tinha a sua praça ajardinada, com os seus terrenos irregulares, onde se edificava o majestoso templo do Senhor dos Aflitos e o moderno edifício do tribunal. Num recanto da Praça e Largo do Senhor dos Aflitos, ficava a Hospedaria Lousadense.21 Em 1907, a vila assentava numa ampla colina, situada a trezentos metros de altitude, na parte superior do vale do rio Sousa, e era uma das mais “bellas localidades d’ entre Douro e Minho, pois possuía elegantíssimas praças, ruas largas e bem traçadas.”22 Parecia quase não ter história, pois apenas se guardava no arquivo da Câmara Municipal “a carta de foral com que a munificencia d’el Rei D. Manoel a dotou.”23 Em 1920, era uma terra de 1385 habitantes, pacata e com o seu casario branco e disperso, e do alto do seu templo podiam abarcar e admirar-se os seus belos e rústicos arredores.24
Lousada era terra do “vinho verde e de latadas, do feijão e do milho, dos jugos trabalhados em madeira entalhada, semelhante às velhas arquibancadas conventuais com seus lindos boizinhos piscos de alta cornadura, de belo desenho em lira, e do carro de eixo móvel girando em admirável cântico vespeiral de louvor a Deus.”25 E como em todo o Entre Douro e Minho, também Lousada “era um alfobre de solares, desde a torre medieval, ao pequeno solar de granito pardo com o portão ameado e brasonado, e a escada exterior, a capela setecentista, aos múltiplos exemplares de arquitectura fidalga e barroca do séc. XVIII.”26
Quando o século XIX está prestes a terminar, surge, neste concelho, um grupo de homens talentosos para a política. Lousada se fez comarca, e recortou o solo com estradas, edificou o templo do Senhor dos Aflitos e fundou escolas; pela política e para a política viveu, como se regeneradores e progressistas, ciosos uns dos outros, tivessem um só objectivo: o seu progresso.27
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21 - BOAVENTURA, São - Saudades! Saudades! Lousada e os seus homens de há 40 anos 1899-1939. Lousada: Edição da Câmara Municipal de Lousada. 1997, p. 8.
Em 1899, chegava a Lousada um novo administrador, de seu nome, São Boaventura28 - um Progressista entre Regeneradores. O concelho, à época, era dominado pelos ideais do partido Regenerador, de que tinha sido chefe o conde de Alentém;29 era presidente da Câmara, José Freire da Silva Neto,30 sendo vereadores, Cristóvão de Almeida Soares de Lencastre, da casa de Alentém, Adolfo Peixoto de Sousa Vilas-Boas, da Casa de Rio de Moinhos, Miguel António Moreira de Sá e Melo, da Casa de Sá, Bernardino Ferreira Coelho, Carlos Augusto da Silva Teles e José Luís da Silva,31 e como secretário José Teixeira da Mota,32 da Casa do Tojeiro.
Numa visita de cortesia, quando ainda não tinha assumido o cargo de administrador, de um “dos recantos mais maravilhosos de todo o Minho tão lindo e tão pitoresco!”33 foi cumprimentar as mais distintas e ilustres figuras nobres e políticas do concelho. O primeiro foi o Visconde de Lousada34, seguindo-se-lhe o Visconde de Sousela, e ainda teve tempo de se deslocar à Casa da Tapada para conversar com Manuel Peixoto de Souza Freire: “ Não porque fosse politico, mas porque era o maior benemérito dessa nobre terra de Lousada e um homem de rara ilustração e incontestável aprumo moral.”35
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22 - SILVA, Augusto Ribeiro da - Villa de Louzada. Jornal de Louzada. Lousada (22 de Setembro de 1907), p. 4.
23 - Guia de Portugal. Entre Douro E Minho - Douro Litoral IV. - o. c., p. 622.
24 - D’ AURORA, Conde - Antologia da Terra Portuguesa. (Direcção Literária de Luís Forjaz Trigueiros e Prefácio do Conde D’ Aurora). Lisboa: Livraria Bertrand, [s/d], p. 17- 18.
25 - D’ AURORA, Conde - o. c., p. 18.
26 - D’ AURORA, Conde - o. c., p. 18.
27- VIEIRA, José Augusto - o. c., p.355.
28 - Augusto Eliseu de São Boaventura, natural de Lisboa, que em 1899 desempenhou o cargo de Administrador em Lousada, e em 1939 publicou as suas memórias: “Saudades! Saudades! ”. Cf. Lousada - Colectânea de Autores Locais. Lousada: Edição da Câmara Municipal de Lousaa, 2002, p. 51.
29 - António Barreto de Almeida, senhor da Casa de Alentém. BOAVENTURA, São - o. c., p. 8
30 - Da casa do Carvalho e líder local do Partido Regenerador. BOAVENTURA, São - o. c., p. 8
31 - Todos “gente distinta e pertencente às melhores famílias do concelho (…).” BOAVENTURA, São - o. c., p. 8
32 - Director do Jornal de Lousada, que fundou em 1907. BOAVENTURA, São - o. c., p. 8.
33 - BOAVENTURA, São - o. c, p. 8.
34 - O prestigiado líder, local, do Partido Progressista. BOAVENTURA, São - o. c, p. 8.
Mas Lousada não se quedava só em mostrar as suas belezas pitorescas e o seu fino trato e talento para a política. Era também uma terra que gostava de folgar e de se divertir em bailes - de que já há notícia nos anos setenta, da centúria de oitocentos.37
Nos bailes, dessa época, dançava-se a contra-dança38 e a valsa39 e jogava-se o whist.40 As toilettes nem sempre eram novas, havendo quem distinguisse “ (…) os vestidos novos dos transformados, (…),”41 conhecesse “o nome e o preço das fazendas, das rendas e das fitas, o número de metros que em tudo isso se tinha gasto, (…),”42 chegando ao ponto de saber quem tinha “fantasiado e executado tanta elegancia, em que dia chegaram do Porto todos os enfeites, e até a gratificação que se tinha dado às recoveiras. (…).”43 E apesar das famílias viverem a grandes distâncias e do baile se realizar no inverno, nada obstava a que se apresentassem com “ (…) tão boas toilettes!”44
No final do século XIX um baile tinha importância, imponência, distinção, graça e delicadeza, caracterizado que era por um ambiente de bem-estar, de alegria e de sedução. Dançavam-se polcas,45 mazurcas46 e quadrilhas, e as senhoras eram rainhas, os homens seus vassalos, e tinham um lugar do maior destaque; mal assomavam, eram respeitosamente saudadas, levadas pelo braço até ao vestiário, e depois ao salão, onde se lhes fazia a corte.47
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35 - Os Viscondes de Lousada e de Sousela eram os proprietários das casas do Cáscere e do Ribeiro, respectivamente e Manuel Peixoto de Souza Freire era proprietário da Casa da Tapada. BOAVENTURA, São - o. c, p. 8.
36 -“Local de culto das letras e de debate de ideias e ideologias, ali se actualizavam as novidades e se congeminavam estratégias políticas e acções cívicas. Mas foram sobretudo as actividades recreativas [os bailes e as quermesses] que se tornaram memoráveis.” O Século XX em Lousada 100 Factos & Personalidades. Lousada: Edição da Câmara de Lousada. 1999, p. 56.
37 - X - Um Baille Em Louzada. Gazeta de Penafiel. Penafiel. (2 de Fevereiro de 1870), p. 1.
38 - Dança de quatro ou mais pares uns defronte dos outros. Também significa quadrilha. Quadrilha -Dança alegre e movimentada, que originalmete se dançava só com quatro pessoas. Dicionário Ilustrado da Língua Portuguesa - o. c., p. 225.
39 -Dança a três tempos. COSTA, J. Almeida, MELO, A. Sampaio - Dicionário da Língua Portuguesa. 5ª edição, Porto: Porto Editora, LDA, [s/d], p. 1556.
40 - Nome de um jogo de cartas inglês. COSTA, J. Almeida, MELO, A. Sampaio - o.c., p. 1556.
41 - X - Um Baille Em Louzada. Gazeta de Penafiel. Penafiel. (2 de Fevereiro de 1870), p. 1.
42 - X - Um Baille Em Louzada. Gazeta de Penafiel. Penafiel. (2 de Fevereiro de 1870), p. 1.
43 - X - Um Baille Em Louzada. Gazeta de Penafiel. Penafiel. (2 de Fevereiro de 1870), p. 1.
Os bailes eram um acontecimento eminentemente social e político, que acontecia nas casas nobres, na Assembleia Lousadense48 e, porventura, no edifício da câmara. Oportunidade excelente para os senhores da casa apresentarem os seus convidados, estabelecerem convivência, e, nas assembleias, os directores exercerem a correspondente missão.49
E enquanto um baile não se iniciava, os cavalheiros permaneciam junto das damas, prestando-lhe as suas homenagens; se dançavam, primeiro pediam licença à mãe ou pessoa respeitável que as acompanhava, e só depois de concedida a autorização, podiam tirar o seu par.
Quando o século vinte estava a um decénio de alvorecer sobre o esplendoroso templo do Senhor dos Aflitos, a nobre Lousada dançava, recitava, cantava, ao som do piano, e “As lindas, lindas? Lindíssimas! Senhoras da aristocracia lousadense formavam um precioso ramalhete das mais belas e das mais perfumadas flores e os rapazes eram finos, respeitosos, educados.” 50 Eram os cavalheiros que serviam o chá, a ceia e o chocolate, e quando o sol já irrompia, e o baile terminava, acompanhavam as damas aos carros, que as levavam às suas casas.51
Naquela época, os bailes da Assembleia Lousadense “deram brado, (…)”52 perdurando no fio indelével da memória colectiva da fina e deslumbrante Lousada.
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44 - X - Um Baille Em Louzada. Gazeta de Penafiel. Penafiel. (2 de Fevereiro de 1870), p. 1.
45 - “Espécie de dança boémia, e respectiva música a dois tempos.”. COSTA, J. Almeida, MELO, A. Sampaio - o. c., p. 1119.
46 - “Dança a três tempos, originária da Polónia.” COSTA, J. Almeida, MELO, A. Sampaio - o. c., p. 925.
47 - BOAVENTURA, São - o. c. p. 20.
48 - A Assembleia Lousadense era o ponto de encontro, por excelência, para onde convergia toda a aristocracia lousadense, principalmente a partir dos finais do século XIX. Foi fundada em 1864. O Século XX em Lousada, p. 56.
49 - BOAVENTURA, São - o. c., p. 20.
50 - “Havia animação, palpitavam corações, surgia o amor. (…). Os bailes da Assembleia Lousadense eram assim. (…). Assisti ao baile oferecido no Quai de Orsay, em honra de D. Carlos
A nobreza domina em Lousada. O concelho no século XVIII não é um concelho perfeito. Só o será em 1842.
No final do século XIV, toda a propriedade rústica ou urbana de Lousada estava nas mãos de igrejas, de mosteiros e de Ordens Militares: Paço de Sousa, Bustelo, Pombeiro e Santo Tirso, os conventos de S. Bento entre Douro e Ave, Cete, Travanca, Arouca, Ferreira, Fonte Arcada Vilela, Mancelos, Freixo, Fonte Arcada, Vilela, o Hospital, os Gafos de Alfena, Lorvão e Tarouca. De princípio, muito singelamente, para depois o fazer com maior ou menor aparato ou grandeza, foram os nobres construindo e reedificando as suas casas.
Se tivermos o cuidado de percorrer com o olhar a paisagem edificada de Lousada ainda encontramos algumas dessas construções do século XVI de pé. O exemplo mais concreto e mais emblemático é, sem sombra para dúvidas, a casa de Juste, na freguesia do Torno. As demais são quase todas, ou todas, dos séculos XVIII (mesmo que uma outra tenha sido construída no século XVI, mas foi tão remexida que actualmente tem todas as características do século XVIII ou XIX, como é o caso da Casa de Alentém, construção que remonta ao século XVIII.).
É evidente que muitos destes nobres eram, antes de serem nobres, plebeus, lavradores ricos, que se enobreceram, mas outros já eram nobres ou pertenciam a famílias nobres, como os Borges Barretos, os Pintos, os Pachecos, os Soares de Moura, etc.
Mas a paisagem edificada no concelho de Lousada não era só casa nobre, era também igrejas, capelas, moinhos, pontes, etc
A CAA nasceu de várias conversas tidas no café Lodarense (actual Confeitaria Lodarense) entre vários amigos e foi crescendo. No seu primeiro jantar contou com onze confrades.
A oito de Setembro de dois mil e um no Restaurante Sousa (Marecos – Penafiel) reunia-se a CAA - Confraria Dos Amigos da Adega (sita em Lodares – Lousada). Compunham o primeiro grupo: José Carlos Silva, Chico Freire, Adriano Silva, Jorge Cunha, Ricardo Leal, Ricardo Oliveira, Carlos Barbosa, Agostinho Couto, Antero Leal, Luís Moreira e Pedro Carvalho. O António Augusto Leal não pôde estar presente.
A 9 de Setembro de 2001 escrevi: «Um grupo muito animado. A única regra é que não se fala de política e muito pouco de futebol. Curioso é que sou o único que bebe água. Comemos arroz de feijão malandrinho e costeletinhas grelhadas.».
a igreja de são vicente de boim
a paróquia de boim: breve enquadramento
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