Segunda-feira, 31 de Outubro de 2011

No ano de 1734 não é feita visitação à igreja de Santo Estêvão, mas sabemos que as obras já deveriam estar praticamente concluídas, pois o juiz do Subsino, entidade responsável pela fábrica da igreja – isto é, do corpo da igreja –, requer a bênção do templo, tendo-lhe sido passada uma provisão para que o pároco proceda nesse sentido (Petição, fls. 216v e 217). Segundo a tradição local, esta edificação da primeira metade do século XVIII terá sido implantada em local diferente da igreja pré-existente, que se situaria, de acordo com a mesma memória, no fundo do vale. No entanto, a análise da documentação não corrobora tal ideia. Em nosso entender, a igreja edificada em 1733-34 implantou-se na mesma plataforma de uma outra que remontaria pelo menos à primeira metade do século XVI. É o que se depreende do Tombo da Igreja de Santo Estêvão de Barrosas realizado no ano de 1548. Para o atombamento do passal ou assento da igreja – única propriedade em posse da paroquial de Santo Estêvão – estão presentes o abade da mesma, Pêro Monteiro, e o seu capelão, Gervásio Pacheco. São igualmente citados os representantes das terras que confrontavam com o assento: Sebastião Gonçalves, do Casal, Jorge Anes, de Cimo de Vila, Ambrósio Pires, do Preguntório, e Pêro Pires e Jorge Pires, ambos da Lama (Tombo, fl. 1). As referências toponímicas associadas ao tombo correspondem precisamente às que limitam o terraço de meia encosta no qual se implanta a igreja. Em todo o caso, a memória que, oralmente se conserva até aos dias de hoje, poderá sugerir a existência de uma igreja primitiva muito mais antiga, que se terá extinguido ou reduzido a capela.

A igreja de Santo Estêvão de Barrosas destaca-se principalmente pelas formas pouco comuns que utiliza na sua arquitetura, assim como, pelos esquemas ornamentais bastante originais. Na análise do seu exterior, este templo segue os padrões construtivos

do século XVIII, ou seja, do estilo barroco1, mas existem elementos na sua estrutura que nos remetem para outro vocabulário, como iremos observar.

No entanto, deveremos sempre ter em atenção a assimilação vernácula e de cariz local que estes templos normalmente transparecem na sua personalidade, no seu estilo e nas suas formas. Um dos aspetos mais interessantes da arquitetura local, é precisamente a forma como os artistas interpretaram modelos mais eruditos, transformando-os numa versão muito própria, para corresponder às necessidades sociais e espirituais de um ambiente local.

Ao analisarmos este edifício, o elemento que nos chama à atenção é a torre que compõe a fachada principal. Apresenta uma planta quadrangular e surge dividida em três registos, o primeiro servindo de galilé e composto por três aberturas de volta perfeita, uma central e duas laterais.

No interior deste espaço podemos visualizar a cobertura em cruzaria de ogivas terminando ao centro por um motivo floral. Este pequeno detalhe chamou-nos atenção, para soluções utilizadas normalmente na arquitetura gótica e renascentista, ou seja, a base da torre é aberta servindo de espaço de abrigo e é também abobadada.

Ainda neste espaço no interior da galilé, podemos observar um portal em cantaria, que nos indica a entrada principal do templo. Formalmente apresenta-se bastante simples contrastando com as linhas sinuosas que caracteriza a restante composição da torre.

No segundo registo (zona que corresponde ao coro-alto), a torre é ornamentada por um nicho que alberga a imagem do Padroeiro, executada em pedra e com vestígios de policromia. A ladear este nicho temos duas janelas vazadas que permitem a entrada de luz para uma pequena sala que antecede o espaço do coro. Esta estrutura de suporte é ornamentada por uma moldura em cantaria, de forma contracurvada, formas estas que nos remetem para a estética barroca. Ainda neste mesmo registo podemos observar uma faixa estreita, em cantaria ornamentada, que decorativamente faz a ligação do primeiro registo para o pedestal em que é apresentado Santo Estêvão. A terminar este nível, é utilizado um remate contracurvado que se prolonga pelos alçados laterais da torre.

No terceiro nível abrem-se quatro vãos semicirculares onde vemos inserido o sino da igreja. Este registo termina com um remate de formas movimentadas, que mais uma vez acentua a preocupação de continuidade formal de todo o conjunto. A culminar a estrutura temos uma cobertura bulbiforme em cantaria, sendo ornamentada por quatro pináculos em cada uma das suas extremidades e rematada centralmente por uma cruz. No seu todo a torre é caiada e delimitada por pilastras.

Os alçados laterais do corpo ou nave da igreja apresentam-se caiados e de linhas simples, sendo a sua sobriedade apenas interrompida por dois vãos de iluminação em cada alçado, de forma retangular e cercados por uma moldura em granito. No entanto, o alçado lateral esquerdo, além de apresentar também dois vão de iluminação é composto por um vão de entrada que dá acesso à nave da igreja. Nas extremidades são representados pináculos de forma piramidal.

O último volume que compõe esta igreja é o espaço da capela-mor, mais baixo que a nave e de forma retangular. O seu alçado lateral direito é composto apenas por um vão de iluminação que segue os mesmos parâmetros dos vãos da nave. Enquanto o alçado lateral esquerdo apresenta também um vão de iluminação, abrindo-se dois vãos de entrada: um de acesso à capela-mor e outro de acesso à zona posterior do altar-mor, que atualmente serve, de espaço de arrumos e preparação do Pároco. Neste espaço podemos observar uma imagem do Menino Deus e um espelho com uma moldura reaproveitada de outra peça. O alçado posterior de empena triangular é rematado por uma cruz ao centro e ornamentado lateralmente por dois pináculos de forma piramidal.

No âmbito desta campanha de obras de renovação da igreja, o seu exterior foi caiado de novo, assim como, se procedeu a uma limpeza a todas as zonas de cantaria. Também o adro e todo o espaço envolvente da igreja sofreram intervenção.

O seu interior é composto por uma nave de planta longitudinal e capela-mor. O seu espaço interior encontra-se bastante diferente daquilo que poderíamos observar há cerca de dois anos atrás, tanto ao nível espacial, assim como, da distribuição da imaginária.

Em 1758 o Pároco de Santo Estêvão de Barrosas refere o seguinte: Tem três altares a igreja, a saber, hum do Santissimo Sacramento, outro da Senhora do Rozario, outro do Martir Sam Sebastião. E não tem naves e tem hua ermandade das Almas (Capela, Borralheiro e Matos, 2009: 300). Este registo das Memórias Paroquiais, comparando com a memória do século XX e XXI, demonstra algumas das alterações que esta igreja veio sofrendo ao longo dos séculos.

Grande parte do aspeto que vemos atualmente deve-se às renovações começadas no ano de 2008 e terminadas em 2009. Junto à entrada principal foi executado, neste âmbito, um guarda-vento em madeira. A encimar este espaço temos o coro-alto completamente novo e com proporções bastante diferentes do original.

A nave é composta por três vãos de volta perfeita localizados nos alçados laterais, caiados e revestidos por um conjunto de painéis de azulejo de padrão policromado, do século XX.

No alçado lateral esquerdo podemos observar num dos vãos a imagem de Nossa Senhora da Conceição.

No entanto, neste espaço, antes da renovação podia-se observar a pia batismal. A imagem mencionada é uma peça bastante recente na igreja e foi adquirida na cidade de Braga. No seguimento deste alçado encontramos outro vão que alberga, sobre um pedestal, a imagem de Santo António, mas que outrora, esteve inserida no altar-mor.

No último vão, localizado no alçado lateral direito, encontramos a imagem do Sagrado Coração de Jesus que ocupa quase todo o espaço vertical deste vão. Ainda neste mesmo alçado estão localizadas, sobre duas peanhas mais duas imagens, Cristo Crucificado e a representação de Nossa Senhora de Fátima.

A fazer a ligação entre o espaço da nave e o arco cruzeiro, rasgam-se dois vãos colaterais que outrora terão sido abertos para albergar dois altares. O aspeto atual destes vãos foi reposto na campanha de intervenção, mencionada anteriormente.

Até esse momento, estes vãos colaterais estavam escondidos por uma camada de cimento e cal. Hoje estes vãos são espaços que albergam dois elementos centrais da igreja.

No vão colateral direito está colocado o confessionário com um design contemporâneo e realizado em madeira. Na parede deste vão encontramos uma peça em madeira que representa as Tábuas dos Dez Mandamentos.

No vão colateral direito, observamos a pia batismal em pedra e ornamentada por alguns motivos florais e uma cruz. A rodear toda a pia surge um elemento que recorda a ornamentação em forma de corda. A base da pia não é a original.

Ainda nestes dois vãos, a ornamentar as paredes, estão inseridos cinco painéis dourados a folha de ouro e com motivos gravados4. Segundo algumas fontes orais, o conjunto de três painéis representarão a Santíssima Trindade, no entanto, a temática representada no outro conjunto é ainda desconhecida.

No alçado lateral esquerdo vemos o antigo púlpito que também sofreu intervenção. A diferenciar o espaço da nave para a capela-mor encontra- se o arco cruzeiro, de volta perfeita, delimitado a cantaria. Numa cota mais alta do espaço da capela-mor vemos uma mesa de celebração composta por quatro colunas que foram reaproveitadas do altar que existiu no corpo da igreja. Na parede fundeira da capela-mor encontra-se a estrutura retabular totalmente renovada. Este retábulo é composto por base, corpo e remate. É revestido por uma camada pictórica branca e purpurina dourada.

Da sua imaginária é de destacar a imagem de Santo Estêvão e a imagem de Nossa Senhora da Paz. Na base foram realizadas novas portas de acesso à parte posterior do retábulo e também foi substituído o frontal da mesa do altar. Colocado sobre a base da mesa do altar encontramos o Sacrário.

No corpo, ao centro, abre-se a tribuna, na qual se encontra inserido o trono eucarístico. Esta peça sofreu intervenções, no entanto, consegue manter quase intacta a sua estrutura e ornamentação. O teto da tribuna, agora em forma de caixotões e as tábuas laterais são peças completamente novas. A rematar o trono eucarístico temos uma cruz com Cristo Crucificado e na parede fundeira da tribuna, a anteceder esta peça, encontramos uma moldura ornamentada, envolta por um resplendor. Estas peças não pertenciam à estrutura do altar-mor, foram reaproveitadas da Casa Paroquial. O seu remate também sofreu intervenção ao nível da policromia.

Quanto à estrutura de suporte do altar todas as madeiras foram renovadas, alterando a estrutura original da teia e trama do retábulo.

Ainda neste espaço podemos observar um conjunto de mobiliário, todo ele recentemente

adquirido pela paróquia. O ambão, localizado lateralmente à mesa de celebração, é uma peça reaproveitada do antigo altar do sagrado Coração de Jesus, outrora localizado no alçado lateral direito.

A igreja de Santo Estêvão de Barrosas foi alvo de uma campanha de intervenção que veio alterar significativamente o seu interior, dessas mudanças destaca-se: o novo mobiliário da nave que segue as mesmas linhas de design do confessionário, ou seja, um trabalho bastante sóbrio; o restauro de todo o soalho e tetos (nave e capela-mor); a renovação do coro-alto, com nova espacialidade e mobiliário, assim como, a construção de um guarda-vento; a mudança de imaginária e os novos enquadramentos da pia batismal e do confessionário; a abertura de vãos e a remodelação da capela-mor.



publicado por José Carlos Silva às 22:43 | link do post | comentar

A igreja de Santo Estêvão de Barrosas destaca-se principalmente pelas formas pouco comuns que utiliza na sua arquitetura, assim como, pelos esquemas ornamentais bastante originais. Na análise do seu exterior, este templo segue os padrões construtivos

Do século XVIII, ou seja, do estilo barroco, mas existem elementos na sua estrutura que nos remetem para outro vocabulário, como iremos observar.

No entanto, deveremos sempre ter em atenção a assimilação vernácula e de cariz local que estes templos normalmente transparecem na sua personalidade, no seu estilo e nas suas formas. Um dos aspetos mais interessantes da arquitetura local, é precisamente a forma como os artistas interpretaram modelos mais eruditos, transformando-os numa versão muito própria, para corresponder às necessidades sociais e espirituais de um ambiente local.


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publicado por José Carlos Silva às 22:30 | link do post | comentar

No ano de 1734 não é feita visitação à igreja de Santo Estêvão, mas sabemos que as obras já deveriam estar praticamente concluídas, pois o juiz do Subsino, entidade responsável pela fábrica da igreja – isto é, do corpo da igreja –, requer a bênção do templo, tendo-lhe sido passada uma provisão para que o pároco proceda nesse sentido (Petição, fls. 216v e 217). Segundo a tradição local, esta edificação da primeira metade do século XVIII terá sido implantada em local diferente da igreja pré-existente, que se situaria, de acordo com a mesma memória, no fundo do vale. No entanto, a análise da documentação não corrobora tal ideia. Em nosso entender, a igreja edificada em 1733-34 implantou-se na mesma plataforma de uma outra que remontaria pelo menos à primeira metade do século XVI. É o que se depreende do Tombo da Igreja de Santo Estêvão de Barrosas realizado no ano de 1548. Para o atombamento do passal ou assento da igreja – única propriedade em posse da paroquial de Santo Estêvão – estão presentes o abade da mesma, Pêro Monteiro, e o seu capelão, Gervásio Pacheco. São igualmente citados os representantes das terras que confrontavam com o assento: Sebastião Gonçalves, do Casal, Jorge Anes, de Cimo de Vila, Ambrósio Pires, do Preguntório, e Pêro Pires e Jorge Pires, ambos da Lama (Tombo, fl. 1). As referências toponímicas associadas ao tombo correspondem precisamente às que limitam o terraço de meia encosta no qual se implanta a igreja. Em todo o caso, a memória que, oralmente se conserva até aos dias de hoje, poderá sugerir a existência de uma igreja primitiva muito mais antiga, que se terá extinguido ou reduzido a capela.



publicado por José Carlos Silva às 22:28 | link do post | comentar

A igreja Paroquial de Santo Estêvão de Barrosas pelas suas características formais apresenta-se como um templo construído segundo os padrões arquitetónicos do século XVIII.

No seu todo demonstra soluções e pormenores bastante interessantes, que tentaremos explicar através da análise arquitetónica e do seu património móvel.

Num cunhal da fachada podemos observar uma inscrição, já muito apagada, com a data 1734. Esta data corresponde à bênção da igreja na sequência de uma profunda remodelação iniciada, tudo indica, no ano precedente.

Os capítulos das visitas publicados no Livro de Visitações desta igreja deixam-nos perceber que as preocupações com o estado de deterioração da igreja e com a sua exiguidade já vinham sendo observados pelos visitadores, pelo menos, desde 1726. Neste preciso ano o visitador alerta para a pouca segurança das portas da igreja, constituindo um convite a que se profane o sagrado roubandosse o preciozo delle (Visitações, fl. 9v). Mas será o visitador António Rodrigues Pinto, abade de Santa Marinha de Chorense, que, pela primeira vez, registará um capítulo referente à necessidade de uma igreja nova, na visita efectuada a 26 de Abril de 1728: O templo desta igrejahe muito lemitado que nella não cabe bem a gente como ocularmente exprimentei e está tão antigo e indecente que ameaça ruína e não parece caza de Deos. O padre visitador manda que os fregueses desta freguesia se animem a fazer a fundamentis o corpo da igreja, acrescentando que o mesmo deverá ter, pelo menos, 50 palmos de comprimento, 30 de largura e 27 de altura ou como melhor poder a arquitetura que fique obra perfeita: lhe mandarão abrir duas frestas de seis palmos de alto e tres de largo […] e um pulpito muito bem feito […] e pera esta obra se fintarão cada hua segundo suas posses e ânimos voluntariamente e coando assim o não fação o juis do Subsino recorra aos meios que tem por carta de finta. Da construção da nova capela-mor ficava incumbido o pároco de Santo Estêvão que a deveria fazer com a grandeza que pedir o corpo da igreja (Visitações, fls. 10v e 11).

Nas quatro visitações seguintes os visitadores renovam o capítulo relativo à construção da igreja nova, por sucessivos incumprimentos dos fregueses que protelavam o começo das obras. Finalmente, na visita de 9 de Outubro de 1733, o visitador Domingos Lopes Camelo, abade de São Miguel de Gondufe, já refere que os fregueses trabalhão com muito cuidado nas suas obras, mas adverte-os no sentido de que todos acartempedra e materias para a igreja […] pois não he justo que huns fação todosos carretos, e outros não fação nenhuns (Visitações, fls. 14v e 15).

 

Cristiano Cardoso e Elsa Silva



publicado por José Carlos Silva às 22:25 | link do post | comentar

Domingo, 30 de Outubro de 2011

A freguesia de Santo Estêvão fica situada entre dois proeminentes montes, no interior do vale formado pela Ribeira de Sá. A poente é protegida pelo monte de São Mamede, a nascente eleva-se o monte dos Maragotos, que domina o vale e prolonga a visão até ao vale do Vizela. A Ribeira de Sá corre, predominantemente, de Sul para Norte, atravessando toda a freguesia e dirigindo-se para o Rio Vizela onde desagua. A paisagem, verdadeiramente imponente e dominadora, é fortemente marcada pela orografia que apresenta altitudes superiores a 500m, baixando, no fundo do vale, aos 250m. É neste vale profundo que se localizam os terrenos mais férteis, desde muito cedo ocupados pelo homem.

 

Cristiano Cardoso e Elsa Silva



publicado por José Carlos Silva às 17:45 | link do post | comentar



publicado por José Carlos Silva às 11:46 | link do post | comentar



publicado por José Carlos Silva às 11:36 | link do post | comentar

 

Escudo de ouro, com três figueiras de verde, arrancadas

do mesmo e frutadas de púrpura. Coroa mural de prata

de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: " Figueiras - Lousada"



publicado por José Carlos Silva às 11:26 | link do post | comentar

Sábado, 29 de Outubro de 2011

Nenhuma evidência de cariz histórica, arqueológica ou toponímica nos permite admitir uma localização primitiva da igreja diferente da actual.

1 Pegando, primeiramente, na questão toponímica, Boim deriva de Goim (Idem, Ibidem), tal como é ampla e esclarecedoramente demonstrado por vários filólogos (Machado, 1993:263) (Fernandes, 1999:346 e 347). A Doutora Paula Barata Dias, da Universidade de Coimbra, ajuda-nos a esclarecer a evolução fonética:

Quanto à ausência de distinção entre g e b, de facto, consoantes sonoras não se substituem entre si. Mas, no latim vulgar, o -v-, tendo-se substituído ao b, pode registar-se com g (ex: Valter; Gualter são a mesma coisa). Ou seja, a perda da distinção entre b e v está consolidada, é própria do Latim Vulgar, vinga no Latim tardio (a forma uoim) e, em certas regiões da latinidade tornou-se, por esta via, tendência maioritária. Uma vez alcançada a forma uoim, quem transcreve, perdeu a noção se esse uoim veio de goim ou boim, e ao pretender restaurar, mantém as duas formas fonéticas para o mesmo ponto de partida. Goim e Boim, na minha opinião, são a mesma coisa. E acrescenta, demonstrando: exemplos claros da indistinção entre b/v/g que se vai instalando no românico: basco/região basca Vasco/ Vasconia/ (Uasconia) em espanhol los vascones (habitantes do país basco, em determinados registos Gasconia)

 

Elsa Silva e Cristiano Cardoso



publicado por José Carlos Silva às 23:14 | link do post | comentar

Fica situada num vale atravessado por um pequeno ribeiro e circundada por elevações que raramente alcançam os 250m – a nascente o monte de São Jorge e a noroeste as Arcas ou monte de Báde, orotopónimo empregado pelo cura José Vaz de Pinho (Capela, Borralheiro e Matos, 2009:301).

A diversidade e singularidade dos topónimos desta freguesia constituem verdadeiros artefactos arqueológicos cujo estudo aprofundado, levado a cabo por vários especialistas, nos fornece dados reveladores do ancestral povoamento desta terra, especialmente para o período alti - medieval.

Já o padre Francisco Peixoto tinha refletido acerca da origem de alguns destes nomes de lugares, notando que muitos substantivos pessoais de origem romana, germânica e árabe passaram a designar os lugares onde esses homens prosperaram, cultivando, arroteando, construindo. Num processo evidente em que “o homem dá o nome à terra”, o padre Peixoto conclui:

Neste concelho de Louzada a freguesia de S. Vicente, com os nomes de seus campos e aldeias, é a que mais nos desperta a memória de homens completamente esquecidos e pulverisados. Exemplos destes valiosos vestígios do passado são os topónimos Boim, Ausende, Merleu, Tunim, Ermeiro ou Gerovila (Peixoto, 1914:1).

 

www.cm-lousada.pt/NR/rdonlyres/3F211E9D-3B76.../Suplemento.pdf



publicado por José Carlos Silva às 23:08 | link do post | comentar

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