Quinta-feira, 26 de Julho de 2012

«Encontra-se n’esta vila, a comissão das inspeções militares, composta dos senhores: tenente-coronel Abel Augusto Nogueira Soares, presidente; capitão António Augusto Infante e tenente António Brito, vogais; Dr. Moura Machado, médico, e sargento Florêncio de Freitas, amanuense.

Principiou esta comissão, no dia 6 do corrente, fazendo a revisão do recenseamento militar, com a assistência dos párocos e regedores.

O serviço propriamente das inspeções, começou no dia 7 e terminou no dia 10 [agosto].

 

 

Jornal de Lousada, nº1, agosto, 1907

 

 Texto convertido à escrita atual.



publicado por José Carlos Silva às 18:22 | link do post | comentar

Terça-feira, 24 de Julho de 2012

 

Runião da Câmara Municipal.

 

A Câmara Municipal reuniu em «sessão ordinária de 1 de agosto de 1907.»Tinham estado presentes os seguintes vereadores: Joaquim Eleutério Ribeiro (que presidiu à reunião por ser o vereador mais velho), António Neto da Silva Freitas, Eduardo Vieira de Mello da Cunha Osório, José Augusto Sousa Pereira e Pedro Machado de Sousa Meirelles. A falta dos restantes vereadores foi devidamente justificada. José Motta foi quem secretariou a reunião.

Os vereadores deliberaram «Agradecer os serviços oferecidos pelo novo governador civil, enviar ao delegado do procurador régio uma certidão da tarifa; conceder 30 dias de licença ao vereador senhor Manuel Joaquim Teixeira, ficar inteirada da aprovação do orçamento 1º suplementar e autorizar o pagamento dos empréstimos municipais nesse orçamento atendidos, aprovar o balanço do cofre, relativo à última semana, autorizar o vereador senhor Eduardo Osório a vender, em hasta pública, a pedra que sobrou das obras em execução na povoação da Senhora Aparecida, autorizar o pagamento das despesas feitas com tais obras e requisitar a respetiva importância da Caixa Geral de Depósitos, nomear uma comissão para elaborar o projeto das posturas relativas «ao consumo e extração das públicas da vila, e comunicar ao inspetor escolar que já existe casa e mobília para a escola que se pediu para a freguesia de Caíde.»

 

Jornal de Lousada, p. 2, nº 1, Agosto de 1907



publicado por José Carlos Silva às 21:31 | link do post | comentar

Segunda-feira, 23 de Julho de 2012

Já lá vão quinze dias após a romaria do senhor dos Aflitos e ainda a sua recordação trespassada de laivos de simpatia se acha cravada na nossa memória.

É que esta festa empreendida por simpáticos moços d’esta vila a quem nos prendem os laços da mais intima e inquebrantável amizade, traduz no esplendor do encendrado e desprendido a este formosíssimo torrão, que, pelas belezas naturais de que a natureza sempre pródiga dotou, pode com legítimo orgulho ufanar-se d’um dos mais formosos e poéticos d’esta encantadora região de Entre Minho e Douro.

Pode ser que nos cegue o amor inato que todo o homem possui à face da terra que o viu nascer, mas nós que temos percorrido grande número de povoações do norte do país, julgamos dizer sem mentir que esta vila tem foros seguríssimos para se afirmar uma das mais belamente atraentes quer pela beleza dos seus panoramas, quer pela alegria sempre jovial dos seus habitantes.

É certo que ela não pode orgulhar-se com os pergaminhos de antepassados notáveis.

Se percorrermos os seus anais não encontramos mesmo homens que se notabilizassem nos ardores quentes da peleja, que voassem nos estos do génio ás regiões luminosas da poesia, que se notabilizassem nas lutas do foro ou nos combates da tribuna, não vemos relíquias dos seus cantos, nem recordações imorredoiras dos seus heróis.

Nada d’isso, mas não importa. Os tempos d’hoje não d’outrora em que os fatos eram quase sempre de penhor seguro para se aquilatar dos presentes.

Eu, filho do século 20, odeio do amago da alma memorar quem engrandeceu seja lá quem for essas recordações avoengas que serão grandes para notabilizar os heróis que d’elas foram sujeitos, mas que nunca poderão notabilizar os homens do futuro.

(…)

Devíamos prevenir-nos com mais tempo para fazer uma descrição das festas que assoberbaram os milhares e milhares de forasteiros que animados pelo esplendor que revestiram as dois anos passados, aqui vieram nos dias 27 e 28.

(…)

O templo do senhor dos Aflitos que se acha situado num pequeno monte, que, como já ouvi dizer a alguém, é como o coração d’esta vila, posto que desativado de belezas arquitetónicas deixa vazar na alma um sentimento religioso que nos eleva em escadas misteriosas ao trono majestoso de Deus.

(…)

A feira anual, que pode sem receio de desmentido dizer-se superior à dos anos anteriores, apesar de todo o empenho da digna comissão e da Exma. Câmara que criou prémios especiais e menções honrosas para os melhores expositores de gado cavalar e bovino – não pôde ser tão boa como era de esperar devido ao calor verdadeiramente tropical que inibia quase por completo a permanência do gado sob um sol abrasador.

No dia 28 a festa da igreja esteve simplesmente esplendida. A armação do templo, conjugado com o adorno de verdes de que se encarregou o bom amigo Padre Paulino coadjuvado pelo trabalho indefeso do senhor Augusto José Alves, d’um efeito soberbo.

Ao Evangelho subiu ao púlpito o por demais conhecido Dr. Correia Pinto que empolgou com o seu verbo eloquente o vasto e seleto auditório a quem fez, com a convicção da sua palavra, borbulhar lágrimas incoercíveis.

É que ele – rapaz ainda novo já pode conquistar os foros dos mais eloquentes oradores da nossa terra – e enramilhetar nas mais peregrinas flores de retórica os mais primorosos e aquilatados conceitos.

Escolheu para texto as palavras do Evangelho de S. João Sicut dilexit me Pater, sicut ego dilexi vobis e subordinando o sermão ao amor de Jesus desenvolveu o assunto com máxima proficiência.

No fim da festa de Igreja fez uma feliz ascensão aerostática um tal capitão Teixeira, que ascendeu a cerca de 500 metros d’altura, indo cair num dos campos do senhor José Neto.

A afluência de povo da parte de manhã foi grande.

De tarde saiu uma luxuosa procissão do majestoso templo do senhor dos Aflitos na qual se incorporavam várias irmandades e muitas cruzes paroquiais. Num elegante e esbelto carro triunfante ia um coro de seis meninas que por várias vezes fizeram ouvir em cânticos apropriados as suas lindas vozes juvenis.

À procissão magistralmente dirigida pelo reverendo Paulino, dava-lhe uma majestática imponência a imagem do Senhor dos Aflitos que instintivamente fazia curvar o joelho ante aquela figura do Senhor que na sua nudez cadavérica falava a todos os corações que compreendem a dor, que são todos os corações humanos.

De noite as iluminações foram deveras surpreendentes. O monte iluminado a milhares e milhares de luzes era d’um efeito feérico. Não podemos deixar neste lugar de dar os nossos mais sinceros emboras ao senhor Tomás Bastos que estranho à comissão mostrou num trabalho muito original um tino e aquilatado bom gosto.

Esse trabalho era um guarda – sol de vastas dimensões, colocado ao fundo das escadas.

Das varas deste guarda-sol estavam penduradas iluminações de vários gostos estando as cores de tal forma combinadas que produziam um efeito surpreendente.

Nunca as iluminações estiveram tão esplendidamente boas como este ano. Os forasteiros ficaram maravilhados.

É que a beleza do monte presta-se admiravelmente para estes trabalhos.

O fogo-de-artifício, obra do conhecido José Castro, de Viana, foi uma maravilha, deixou sensações indeléveis na alma de todos.

O festival que se realizou no jardim, foi muito atraente bem como os restantes números do programa que foi cumprido à risca.

Bem-haja a benemérita e simpática comissão que com tanto afã procura o avanço da nossa terra e o esplendor sempre crescente das festas em honra do Senhor dos Aflitos.

 

Jornal de Lousada, 1907

 

1ª nota – Texto convertido à escrita atual.

 

 

2ª mota – Há no imaginário Lousadenses a ideia de que as Festas do Senhor dos Aflitos remontam a 1905.É ERRADO.

 

 

A Festa do Senhor dos Aflitos foi comemorada anos antes. Foi seu mentor o titular da Casa da Tapada, Manuel Peixoto de Sousa Freire, um excelso benemérito de Lousada, promotor do antigo hospital de Lousada, hoje Lar da Terceira Idade da Santa Casa.

De referir, igualmente, que a singeleza do seu programa foi-se refinando anos fora, assim como o número de dias foram crescendo.

Em meados do século vinte, a segunda – feira da Festa do Senhor dos Aflitos tornou-se no feriado municipal, anulando o histórico 13 de maio da subida do Lugar de Torrão a Vila de Lousada em 1842.

A Festa do Senhor dos Aflitos é, na atualidade, uma das mais belas romarias do Norte do país, quiçá de Portugal.

 



publicado por José Carlos Silva às 20:55 | link do post | comentar

 

Malafaia, E. B. de Ataíde

Pelourinhos Portugueses.

Tentâmes de Inventário Geral

Coleção Presença da Imagem.

Imprensa N. Casa da Moeda

Nota: Pelourinho de Lousada: p. 250



publicado por José Carlos Silva às 16:52 | link do post | comentar

 

Título concedido por decreto de 26 de outubro de 1887, por D. Luís I a favor de Luís Pinto Coelho Soares de Moura (…).

[Da Casa do Cáscere, Nespereira.]

 

Nomes de Portugal, p. 157, (fascículos), Jornal “ O Independente», 13 de Março de 1998.



publicado por José Carlos Silva às 16:51 | link do post | comentar

Domingo, 22 de Julho de 2012



publicado por José Carlos Silva às 20:32 | link do post | comentar

Sexta-feira, 20 de Julho de 2012

JOSÉ HERMANO SARAIVA
José Hermano Saraiva GC IP (Leiria, 3 de Outubro de 1919 - Setúbal, 20 de Julho de 2012) foi professor e historiador português.

Ocupou o cargo de Ministro da Educação entre 1968 e 1970.

Terceiro filho de José Leonardo Venâncio Saraiva e de sua mulher Maria da Ressurreição Baptista, cresceu em Leiria, onde frequentou o Liceu Nacional. Posteriormente ingressou na Universidade de Lisboa, onde se licenciou em Ciências Histórico-Filosóficas, em 1941, e em Ciências Jurídicas, em 1942. Iniciou a sua vida profissional no ensino liceal, que acumulou com o exercício da advocacia. Desse modo foi professor e, seguidamente, director do Instituto de Assistência aos Menores, reitor do Liceu Nacional D. João de Castro, em Lisboa, e professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina (actual ISCSP).


Envolvido na política, durante o Estado Novo, foi deputado à Assembleia Nacional, procurador à Câmara Corporativa e ministro da Educação. Durante o seu ministério, entre 1968 e 1970, enfrentou um dos momentos mais conturbados da oposição ao Salazarismo, com a Crise Académica de 1969. Quando deixou o Governo, substituído por José Veiga Simão, foi exercer o cargo de embaixador de Portugal no Brasil, entre 1972 e 1974.

Com o advento da Democracia, José Hermano Saraiva tornou-se numa figura apreciada em Portugal, bem como junto das comunidades portuguesas no estrangeiro, pelos seus inúmeros programas televisivos sobre História de Portugal. Por esse mesmo motivo, tornou-se igualmente numa figura polémica, porque a sua visão da História tem sido, por vezes, questionada pelo meio académico.

Voltou a leccionar, como professor convidado na Escola Superior de Polícia (atual Instituto Superior de Ciências Policiais e de Segurança Interna) e na Universidade Autónoma de Lisboa.

Pela sua grande capacidade de comunicação, popularizou-se com programas televisivos sobre História e cultura.

É membro da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia Portuguesa da História e da Academia de Marinha, membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, no Brasil e Sócio Honorário do Movimento Internacional Lusófono. Recebeu a grã-cruz da Ordem da Instrução Pública, a grã-cruz da Ordem do Mérito do Trabalho e a comenda da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, em Portugal, e a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco do Brasil.

Ficou classificado em 26º lugar entre os cem Grandes Portugueses, do concurso da RTP1.

 

É irmão do professor António José Saraiva e tio do jornalista José António Saraiva. É também sobrinho, pelo lado da mãe, de José Maria Hermano Baptista, militar centenário, (n. 1895 - m. 2002, viveu até aos 107 anos) o último veterano português sobrevivente, que combateu na Primeira Guerra Mundial. Casou com Maria de Lurdes de Bettencourt de Sá Nogueira, sobrinha-bisneta do 1.º Marquês de Sá da Bandeira, de quem tem cinco filhos.

Morreu a 20 de Julho de 2012 aos seus 92 anos, em Setúbal, onde residia.



publicado por José Carlos Silva às 20:36 | link do post | comentar

Segunda-feira, 16 de Julho de 2012
 
 
A Câmara Municipal de Paredes promove, entre os dias 14 a 31 de julho, uma exposição de fotografia intitulada “Paredes através da história”.
O objetivo desta iniciativa, que reúne cerca de 450 fotografias pertencentes ao arquivo municipal da Câmara, juntas de freguesia e particulares, é percorrer a história, os costumes e as tradições de cada uma das 24 freguesias do concelho, desde o início do século XVIII à atualidade.
O trabalho de recolha e pesquisa de imagens implicou quase meio ano de trabalho, mas o resultado é a maior exposição de fotografia alguma vez realizada no concelho, com testemunhos únicos da história de Paredes ao longo dos últimos três séculos.
Além deste valioso arquivo fotográfico, a exposição será enriquecida com alguns dos mais importantes e históricos documentos do arquivo municipal da autarquia, como a Carta Régia da Elevação de Paredes a Vila, assinada pela Rainha D. Maria II em 1844, o Livro de Registo de Testamentos do Concelho de Paredes de 1837, a Ata da 1ª Sessão de Câmara realizada a 15 de fevereiro de 1837 ou a Monografia de Paredes escrita por José do Barreiro em 1922.
Fazem ainda parte deste extenso arquivo histórico o Foral de Baltar (1515), o Livro de Depósito das Sizas dos Bens de Raiz do Concelho de Aguiar de Sousa (1825), álbuns fotográficos do século XIX e o registo da inauguração do Palácio de Justiça de Paredes (1986).

Nesta original abertura do arquivo municipal à sociedade, estarão, igualmente, expostos alguns dos mais valiosos objectos da colecção particular de Manuel Cunha, como uma ponta de lança do período do “Bronze Final”, uma espada do século XVII
ou uma caderneta militar de 1917.
A abertura da exposição acontece no próximo sábado, dia 14 de julho, pelas 16h00, e conta com a participação especial do Grupo Cultural e Artesanal “As Lavradeiras da Cidade de Lordelo”.
jornal de lousada


publicado por José Carlos Silva às 15:45 | link do post | comentar

Domingo, 15 de Julho de 2012

 

Tudo é efémero. É essa efemeridade que implica a constante incerteza e o risco delineado no olhar do infinito. De nada vale ter a imensidão se o amor é uma permanente miragem. O domingo persiste num banho de sol e sonho e a espera continua. A verdade é que reside nessa espera toda a esperança, todo o amor, toda a infinitude e todo um sonho que tem atravessado a vida. Chamam a este percurso felicidade, chamar-lhe-ia destino ou melhor ainda, equilibrismo de um sorriso eterno firmado no fim de tarde, quando o sol num lamento se despede e num derradeiro estertor beija a noite. Diria mais: a efemeridade vive de mãos dadas com o súbito amor, com o amor em explosão, com o amor totalitário. A efemeridade é mãe do tudo e do nada, do alfa e do ómega. Assim, amar o espúrio e a leveza do nada, do sorriso, da incerteza, do querer ou do não querer, é viver a constância ou a inconstância do sonho e desejar o impossível na imponderabilidade da quimera.



publicado por José Carlos Silva às 16:00 | link do post | comentar

Sábado, 14 de Julho de 2012

 

Igreja Paroquial de Cristelos / Igreja de Santo André

 

Arquitetura religiosa, tardo-barroca. Igreja paroquial de planta retangular composta por nave, capela-mor, com sacristia e torre sineira adossadas à fachada lateral esquerda, tendo coberturas interiores diferenciadas, em falsas abóbadas de berço, a da capela-mor com caixotões pintados, ambas de feitura recente, sendo iluminada uniformemente, por janelas retilíneas rasgadas nas fachadas laterais. Fachada principal em empena recortada, de perfil borromínico, com os vãos rasgados em eixo, composto por portal em arco abatido e óculo ovalado, unidos pela mesma moldura. Torre sineira de construção seiscentista, com cobertura em coruchéu bolboso. Fachadas laterais com portas travessas, uma delas de feitura mais recente. Interior com coro-alto, batistério na base da torre sineira, no lado do Evangelho, possuindo retábulos laterais de talha policroma, rococós. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas e capela-mor com retábulo de talha dourada, com estrutura maneirista, de planta reta, dois andares e três eixos, com estrutura semelhante à da Igreja Paroquial de Meinedo.

Registo

Categoria

Monumento

Descrição

Planta retangular composta por nave e capela-mor, com sacristia e torre sineira adossadas à fachada lateral esquerda, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de uma (sacristia) e duas águas (templo), sendo em coruchéu bolboso na torre sineira. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por soco em cantaria de granito, flanqueadas por cunhais apilastrados, firmados por pináculos ligeiramente bolbosos, e rematadas em friso e cornija. Fachada principal virada a O., rematada por friso e empena recortada e contracurva, de perfil borromínico, com cruz latina de hastes lobuladas no vértice. É rasgada por portal em arco abatido e moldura saliente, envolvido por uma segunda, recortada e volutada, que se prolonga superiormente, ligando-se ao janelão ovalado. No lado esquerdo, a torre sineira, de três registos definidos por frisos, os inferiores cegos, tendo relógio circular no intermédio e sendo o superior rasgado por quatro ventanas de volta perfeita, assentes em impostas salientes. Numa delas, um sino de bronze, dedicado a Nossa Senhora de Fátima e com a data de "1954". As fachadas laterais são semelhantes, rasgadas por vãos com molduras salientes em cantaria de granito, no corpo da nave com porta travessa em arco abatido, ladeado por duas janelas retilíneas em capialço, surgindo outras duas na capela-mor. Na fachada lateral esquerda, surgem as escadas de cantaria de acesso à torre sineira, com porta de verga reta ainda no primeiro registo. Adossado, o corpo da sacristia. Fachada posterior em empena cega, com cruz latina no vértice, sendo visível, sobre esta, a empena do arco triunfal, também ela com cruz latina. No lado direito, o corpo da sacristia, rasgado por janela jacente. INTERIOR da nave rebocado e pintado de branco, com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira, assente em cornija do mesmo material e reforçado por tirantes metálicas, e pavimento em soalho. As portas são ladeadas por pias de água-benta em cantaria de granito e as janelas encimadas por sanefas de talha pintada. Coro-alto de madeira, assente em arco abatido e mísulas, com guarda torneada, do mesmo material, com pavimento em soalho e acesso por porta de verga reta no lado do Evangelho. Portal axial protegido por guarda-vento de madeira e vidro. No lado do Evangelho, no subcoro, o batistério em forma de nicho de volta perfeita com cobertura do mesmo material, tendo pia batismal de granito, hemisférica e ornado por friso simples, assente em pequena coluna. O fundo está revestido por painel de azulejo bícromo, azul e branco, representando o "Batismo de Cristo" e assinado. No lado do Evangelho, púlpito quadrangular assente em bacia de granito e mísula decorada por losangos, com guarda plena de madeira pintada e acesso por escadas de cantaria e guarda de madeira no lado direito. O espaço da nave encontra-se seccionado por presbitério elevado por um degrau, com pavimento em lajeado e marcado por sepulturas, Neste surgem, confrontantes, as capelas retabulares, a do Evangelho dedicada ao Crucificado. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras toscanas, ladeado por pequenos nichos de talha dourada, com o Sagrado Coração de Jesus (Evangelho) e Nossa Senhora de Fátima (Epístola). Um degrau acede à capela-mor com as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por azulejo de padrão bícromo, azul e branco, formando silhar, com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira, dividida em caixotões pintados, estruturados por menores de menores dimensões que formam cruz grega, e assente em cornija, tendo o pavimento forrado a alcatifa. Sobre supedâneo de dois degraus, o retábulo-mor de talha pintada de dourado, de planta reta e três eixos, os exteriores de dois registos, sendo os eixos definidos por duas ordens de seis colunas torsas, decoradas com pâmpanos e pequenos anjos encarnados. Ao centro, ampla tribuna com o interior revestido a caixotões de talha, flanqueada por duas ordens de colunas semelhantes às anteriores e possuindo sacrário em forma de templete trapezoidal, com as faces divididas por colunas torsas, as laterais ligeiramente convexas e pintadas com as figuras de José de Arimateia e Nicodemus. Ao centro, o sacrário com a porta decorada por cruz da vida, encimado por nicho dourado com o Crucificado, ambos flanqueados por quarteirões. Servindo de remate, um trono expositivo de cinco degraus, tendo como fundo um resplendor de talha, ladeado por painéis pintados com anjos sustentando turíbulos. A estrutura é ladeada por anjos de vulto. Os eixos laterais têm dois registos rematados por frisos e cornijas, os inferiores com nichos de volta perfeita e os superiores com painéis pintados, a representar São Pedro (Evangelho) e São Paulo (Epístola). A estrutura remata em pequeno frontão truncado, ladeado por aletas em forma de cartelas, ladeadas por aves. Banco decorado em apainelados, que centram altar paralelepipédico com frontal pintado, representando elementos fitomórficos, com sanefa e sebastos marcados. Ao centro, a mesa de altar, retangular, sustentada por colunas torsas.

Enquadramento

Periurbano, isolado, implantado em terreno plano, mas junto ao início de uma pequena elevação, confinando com a via pública, alcatroada, cujo prolongamento forma um adro fechado por portão no lado E. e acesso frontal definido por um pequeno murete em alvenaria de granito, com as juntas preenchidas a cimento, junto ao qual se ergue um Cruzeiro em cantaria de granito, sobre plataforma quadrangular de três degraus, o inferior parcialmente embutido no terreno, onde assenta plinto paralelepipédico e a base da coluna, do tipo toscano. Sobre o capitel, surge um tabuleiro que sustenta uma cruz latina simples. No lado S., o Cemitério de Cristelos. Encontra-se rodeado por campos de cultivo, o antigo passal, e algumas habitações.

Descrição Complementar

As capelas laterais possuem estruturas retabulares idênticas, de talha pintada de bege e dourado, de planta reta e um eixo definido por duas pilastras assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos. Ao centro, nicho de perfil contracurvo e com a moldura decorada por acantos, contendo pequena peanha para imaginária, estando ladeado por mísulas. Remata em frontão interrompido por espaldar recortado, ornado por acantos e sobrepujado por cornija interrompida. Na base do retábulo do Evangelho, sacrário com a porta decorada por coração inflamado. Ambos possuem altares paralelepipédicos com o frontal decorado por cartelas e concheados. Na capela-mor, os caixotões, de pintura recente, com símbolos eucarísticos e cristológicos.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Atual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto)

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTOR DE AZULEJO: Fábrica Aleluia (séc. 20); P. Fernandes (séc. 20).

Cronologia

980 - Doação de D. Vivili e seu marido Fromarigo Espassandes desta paróquia ao Mosteiro de Vilela; 1258 - Nas "Inquirições" é referida como do padroado de herdadores e do mosteiro de Vilela, e da apresentação da mitra do Porto; 1398, 30 Março - integrada no arcediagado de Meinedo; 1705 - curato anexo à Igreja Paroquial de Vandoma, pertencente ao padroado da Companhia de Jesus, do Colégio de São Lourenço do Porto, com 50$000; 1706 - segundo o Padre Carvalho da Costa é uma abadia anexa ao Mosteiro de Vilela, com a reserva de dar anualmente um jantar e ceia ao prior do Mosteiro e a quem o acompanhe a pé e a cavalo; rende 220$000; a povoação tem 46 vizinhos; 1758, 14 Abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Manuel Nunes Neto, é referido que a igreja, residência paroquial e passal se encontram a N. da freguesia, tendo a igreja Santo André por orago. Na capela-mor a imagem do santo padroeiro, ladeado pelas de Santo Cristo, Ecce Homo, Santo Cristo preso à coluna, Senhor Ressuscitado e Senhor dos Passos, com Nossa Senhora do Pilar, Nossa Senhora da Lapa e as Santas Mães; o retábulo-mor possui sacrário; no retábulo colateral direito, as imagens de Santo António, São Sebastião e São Roque, sendo o oposto dedicado ao Menino Jesus; existe, ainda, uma capela lateral, junto à porta travessa, dedicada ao Senhor Crucificado e, no lado oposto, a Irmandade das Almas com o Senhor Crucificado, tendo um painel com as Almas pintadas; o pároco é abade apresentado alternadamente pelo Papa, pelo bispo e pelos religiosos de Santo Agostinho do Pilar; a paróquia rende anualmente 450$000; 1954 - feitura do sino dedicado a Nossa Senhora de Fátima, conforme data inscrita no mesmo; séc. 20, 2.ª metade - pintura do painel de azulejos do batistério, por P. Fernandes, da Fábrica Aleluia, em Aveiro.

Características Particulares

Igreja de construção tardia, com a fachada principal bastante elaborada, com remate em empena recortada e contracurva, de inspiração borromínica e possuindo o portal ornado por ampla moldura recortada e volutada. A torre apresenta um coruchéu bolboso pouco pronunciado. No interior, destacam-se os retábulos laterais, de feitura rococó, mas profundamente alterados no séc. 20, para adaptação a um novo espaço e os caixotões da capela-mor com uma gramática decorativa novecentista, optando por simples que enaltecem o sacrifício e amor de Cristo. O elemento mais interessante é o retábulo-mor, de talha dourada, com uma estrutura maneirista por andares, mas possuindo os eixos definidos por colunas torsas e ornadas por pâmpanos, prenunciadoras da linguagem do barroco nacional. Possui um interessante sacrário em forma de templete de grandes dimensões, com vários nichos e servindo de base ao trono expositivo que evolui na tribuna. Possui vários painéis pintados.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito, rebocada e pintada; cunhais, pináculos, modinaturas, coberturas, cornijas, pia batismal e pias de água benta em cantaria de granito; coberturas, coro-alto, púlpito e retábulos de madeira; cobertura exterior em telha; sino em bronze.

Bibliografia

COSTA, António Carvalho da (Padre), Corografia Portugueza..., Lisboa, Valentim da Costa Deslandes, 1706, tomo I; LEAL, Augusto Pinho, Portugal antigo e moderno: Diccionario geographico, estatistico, chorographico, heraldico, archeologico, historico, biographico e etymologico, Lisboa, Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia; 1873-1890, 12 volumes; LOPES, Eduardo Teixeira, Lousada e as suas freguesias na Idade Média, Lousada, Câmara Municipal de Lousada, 2004.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

DGARQ/TT: Memórias Paroquiais (vol. 11, n.º 314, fl. 2169-2172)

Intervenção Realizada

Séc. 20 - reforma das coberturas interiores; reforma das estruturas retabulares; tratamento de rebocos e pinturas.

Observações

M ESTUDO.

Autor e Data

Patrícia Costa 2002 / Diocese do Porto e Paula Figueiredo (IHRU) 2011 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese do Porto)



publicado por José Carlos Silva às 21:44 | link do post | comentar

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