Nem sempre se pode querer que uma casa de interesse histórico ou artístico represente na íntegra uma época ou um estilo. O que é normal, pelo contrário, é que a casa ao longo dos séculos tenha sofrido obras, restauros, ampliações e transformações, quer no exterior, quer no interior.1
A casa nobre Lousadense, enquadra-se nas características definidas por Carlos de Azevedo e adoptadas por Joaquim Jaime B. Ferreira-Alves para a casa nobre em geral, na sua obra: “ A Casa Nobre No Porto Na Época Moderna”. Os aspectos que a definem centram-se “ (…) no esforço arquitectónico e decorativo concentrado na fachada; no desenvolvimento horizontal, criando longas fachadas, articuladas com pilastras lisas pouco salientes, e acentuadas, sobre os telhados, por ornatos (urnas, fogaréus e pináculos); na existência de um piso dominante, o andar nobre, com janelas «quase sempre mais ricas do que no andar térreo», na acentuação da linha superior do edifício (emprego de frontões); na importância da entrada nobre, «enriquecida com colunas e pilastras», sustentando «balcão com o parapeito ou simples grade, continuada por uma janela central de tipo mais rico e rematada pelo brasão de armas da família», criando-se assim um eixo vertical que divide a fachada em duas zonas iguais. (…).”2 Como surge nas casas da Bouça, de Ronfe, de Rio de Moinhos, do Porto e de Alentém. Mas também temos casas com fachadas rasgadas por “janelas de sacada e janelas de peitoril, com ombreiras, peitoris e lintéis lisos. As portadas são também simples.”3 De que são exemplo: a Casa de Argonça, do Cam, e de Vilela (Casa Grande).
A escadaria assume um papel e uma importância fundamentais no exterior do edifício, imprimindo uma acentuada noção de movimento e desenvolvendo-se com a casa.
As escadarias da casa do Outeiro, de Argonça, de Alentém, da Bouça, de Vila Verde, do Ribeiro, da Lama, de Rio de Moinhos, de Real, do Valteiro, da Renda e de Juste, pelas suas características estilísticas, permitem-nos conferir-lhes um certo destaque. Além da escadaria, devemos também salientar a capela, a existência de pedra de armas e a torre.
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1 - AZEVEDO, Carlos de - Solares Portugueses. Introdução Ao Estudo Da Casa Nobre. 2ª Edição, [s/l]: Livros Horizonte, 1988, p. 14.
2 - FERREIRA-ALVES, Joaquim Jaime B. - o. c., p. 16 - 18. Cf. AZEVEDO, Carlos de - o. c., p. 70 -71.
3 - FERREIRA-ALVES, Joaquim Jaime B. - o. c., p. 15 - 16.
in tese de mestrado: A casa nobre no concelho de Lousada, FLUP, 2007.
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