Terça-feira, 17 de Agosto de 2010

St.ª Eulália de Barrosas já foi Vila, já foi concelho com Julgado próprio.

         Situada em aprazível vale entre dois pequenos montes (a este, o Choqueiro e oeste o Pena Vesteira), é terra fértil.

         É um povoamento pré - romano e lugares como “Barreiro”, “Barroca” e “Barro”, confirmam que Barrosas e o seu sentido se ligam com o barro.

         O lugar de “Assento” é hoje apenas o nome de uma Quinta, mas já quis dizer o assento de uma “Vila”.

         No séc. X, o conde Ermenegildo Gonçalves, filho herdeiro do conde Gonçalo Betores e condessa D. Teresa, aparece como possuidor de grande parte destas terras, não com o nome de Barrosas, mas de St.ª Eulália.

         St.ª Eulália de Barrosas foi curato de St.ª Marinha da Costa. E “não tem sacrário e he seo cura o Padre Manoel Borges de Saá; he igreja, que ainda se anda fazendo. Tem só cappella filial; a de Alexo, no lugar da hermida, fabricada pellos relligiosos de St.ª marinha da Costa.”[1] 

         Em 1927, e por decreto n.º 13:917 de 9 de Julho, o concelho de Louzada pertencia à comarca de Felgueiras. Até esta data Louzada era cabeça de comarca, distrito administrativo, dioc. e rel. do Porto, província do Douro.

         Foi sede do antigo concelho de Barrosas, extinto pelos decretos de 30 de Junho de 1852, e 31 de Dezembro de 1855, e passando por este último ao concelho de Lousada.

         É composta dos seguintes lugares: Bacelo de Baixo, Barreiro, barroca, Barros, Boavista, Bouça, Campo, Carreira Chã, Bouças, Casa Nova, Caselho, Casal, Cruz, Devesinha, Enfistela, Ermida, Fonte de Baixo, Fonte de Cima, Herdade Lamela, Latada, Mandamentos, Marco de dentro, Marco de Fora, Mata, Mondim, Monte, Nogueira, Outeiro, Outeiro de Baixo, Outeiro de Mão, Pereiros, Penedo, portelas, Prados, Quintans, Quinteiro, Quintela, Ramada Ramilo, Requeixos, Residência, Sub - Nogueira, Souto, Souto Longo e ferreiros.

         Teve Casais - Água Levada, Cabreiro, Carreiro, Senra, Covelo, Lavandeira, Pomares, Pomarelhos, Pousada, Rebordelho de Baixo, Rebordelho de Cima, Rompecias, Taipa, Telhado, Torre, Venda e Vila Pouca.

         Tem as Quintas - Assento, Boeira, Carreiro, Casais, Costinha, Curtinha, eira Vedra, Pia de Baixo, Pia de Cima, Porta, Pousada, Ribeira, Rielho, Sá e Vila Pouca.

         Em 1531, Santa Eulália de Barrosas, pertencia ao Duque de Bragança, que tinha o senhorio da Vila de Guimarães e seu termo e que só nesta data foi arrolada. Tinha 73 moradores. Em 1868 já tinha 258 fogos.

         No ano de 1706 tinha 100 fogos e em 1862 242 fogos e 1040 habitantes. Já em 1864 albergava 963 habitantes.

         O censo de 1890 diz-nos que havia 285 fogos e 1096 habitantes. Dez anos volvidos o n.º de habitantes é o mesmo e o n.º de fogos desce para 251.

         E em 1911, St.ª Eulália de Barrosas, conseguia Ter 1140 habitantes e 306 fogos.

         Já em 1993, esta freguesia conta com 4289 habitantes e em 1997 alberga 5500 pessoas.

         Em 1756 tinha uma capela e também nessa altura se andava a construir a sua igreja, já que “tem só capella filial, a de Alexo, no lugar de hermida, fabricada pelos relligiosos de St.ª Marinha da Costa.”[2]

         Actualmente, o lugar da Ermida, não tem qualquer vestígio de capela.

         St.ª Eulália de Barrosas - muito perto de Vizela e muito longe da Sede do concelho - tem crescido “sem rei nem roque” e por isso não é muito agradável ali viver. Qualidade de vida, praticamente não existe.

As Capelas de Barrosas (St.ª Eulália).

         St.ª Eulália de Barrosas já teve mais que uma capela.

         Uma delas foi no lugar da Ermida, a capela do Aleixo, que era fabricada pelos religiosos de St.ª Marinha da Costa.

         Isto, em 1756.

         Actualmente no lugar da Ermida não há capela alguma.

         Capela existe no lugar dos Milagres, que é a N. Sr.ª dos Milagres.

A capela de N. Sr.ª dos Milagres.

         Situa-se numa pequena elevação, junto à estrada, muito perto da fronteira de Barrosas (St.ª Eulália) com Vizela, defronte do “Intermarché” e no lugar dos Milagres. Está envolta em frondoso arvoredo e até é apetecível repousar um pouco à sua sombra, que é apetecível e espiritual.

Algumas Considerações Artísticas.

         A capela é formada por uma só nave e um retábulo em talha, com colunas torsas e tendo ao centro uma interessante imagem de N. Sr.ª dos Milagres. (Esta a imagem que nos deu das frestas insertas na porta de madeira que preenche o portal de entrada).

         É evidente que sofreu vários restauros ao longo dos tempos. E não tenho dúvidas em afirmar que recentemente - há poucos anos - sofreu uma intervenção já que as telhas, o telhado, que recobrem a sua cobertura mostram ainda sinais evidentes de um muito bom estado de conservação e um aspecto - que não deixa mentir - de que lá foram colocadas há poucos anos.

         É uma capela dos finais do séc. XVIII - inícios do séc. XIX porventura - uma construção em cantaria equilibrada. O entablamento não tem qualquer tipo de remate especial. O telhado de uma água tem por base a cimalha. A telha é vulgar e é do séc. XX (da actualidade).

         A cantaria não é rebocada, mas sim de junta tomada e fitada a branco.

         O alçado principal tem, ao meio, um portal de simples cantaria, e um pouco acima um oculo - já no timpano - com dois ferros em cruz e vidro martelado e baço. Frontão saliente recoberto pelo telhado e no seu cume uma elaborada cruz em cimento. Uma pequena sineta em torre sineira recente, logo acima da abertura em quadrifólio de construção recente.

         O alçado esquerdo apresenta um simples portal a meio. E num plano superior ao Portal, na direcção do alçado sul, rasgada no aparelho de granito, uma fresta (uma barra vertical e três horizontais - em ferro - e envidraçadas).

         No alçado sul nada há a realçar, a não ser a cantaria de junta tomada e fitada a branco e as pilastras salientes com a base e capitel trabalhadas.

         No alçado direito não há elementos alguns a assinalar.

         Esta capela sofreu - de certeza absoluta - intervenções que lhe subtraíram elementos arquitectónicos originais.

         Uma coisa é evidente, parece ser uma capela do séc. XVIII.

 

 

 

 

 

 


[1] Leal, Pinho; Portugal - Antigo e Moderno, 1909 e Craesbeeck, Francisco, Memórias Ressuscitadas, 1726, cap. 24.

[2] Craesbeeck, Francisco, Memórias Ressuscitadas, 1756, cap. 24.

 

 

 

IN Capelas Públicas de Lousada



publicado por José Carlos Silva às 16:50 | link do post

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