Quarta-feira, 24.08.11

 

 

 

A Capela de São Bartolomeu “está situada no lugar de Vilella além do Rio Souza para a parte do sul”. É assim que o abade de Aveleda apresenta esta bonita capela nas Memórias Paroquiais de 1758. Refere ainda que “foy a dita capella feyta à custa dos frutos desta igreja e pertence a fábrica e administração della ao Abbade.” Há documentos que nos asseguram a existência desta capela logo no início do século XVIII. Numa nota de Visitação escrita em 20 de Junho de 1709 o visitador determina que se faça uma nova imagem do padroeiro e que se enterre a antiga. Por meados do século XVIII terá sido remodelada.

A Capela de São Bartolomeu encontra-se implantada num cruzamento de caminhos antigos e muito importantes. A Ponte de Vilela, muito próxima da capela, revela, pela sua dimensão e qualidade de construção, a importância destas vias. O nome do lugar indica um povoamento ancestral mas reduzido, provavelmente com períodos de abandono. Seria um local ermo e com vegetação densa, ideal para emboscadas aos caminhantes. Associado a este real medo dos assaltos estava, também, o mito da encruzilhada que desde sempre foi relacionado com feitiçarias e morada de espíritos diabólicos. Sensivelmente a nordeste eleva-se o monte do Alto do Pinouco com ocupação da Idade do Ferro.

Não é, pois, de estranhar que este espaço viesse a ser consagrado por uma capela. Esta veio criar um espaço público, com largo e carvalhos, denunciando um antigo centro festivo. Debaixo da sua protecção foram-se aglomerando casas e o lugar ganhou vida.

Trata-se de uma capela devota cuja arquitectura evidencia o gosto do Barroco de meados do século XVIII. É uma construção que demonstra um certo cuidado artístico, muito equilibrada e sólida. Na frontaria, o portal emoldurado é sobrepujado por uma almofada muito proeminente. Um óculo ovalado deixa entrar a luz. O entablamento suporta o imponente frontão clássico encimado por uma cruz. Os remates são feitos por pirâmides em cada extremo.

A capela é de uma só nave, sendo os seus alçados originalmente rebocados. No alçado esquerdo foi posteriormente acrescentado um nicho de alminhas, invocando aos viajantes uma oração pelas almas do Purgatório.

O interior da capela revela um belíssimo retábulo de meados de século XVIII, dentro do difundido “estilo joanino”. Trata-se de uma obra de talha de grande valor artístico e patrimonial. Nele encontram-se alguns vestígio de policromia, o que sugere que tenha sido pintado. A estatuária é de boa qualidade, contemporânea do retábulo, à excepção do padroeiro, São Bartolomeu, que é bem mais antiga. Trata-se de uma belíssima imagem em pedra policromada.

www.eb23-lousada.rcts.pt/lsd/monumentos.htm

 



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Quinta-feira, 14.07.11

A freguesia de Aveleda está situada a três quilómetros da sede do concelho de Lousada, confinando com as freguesias de Macieira, Vilar de Torno e Alentém, Caíde de Rei, Meinedo, Pias e Nogueira. Classificada como área predominantemente urbana, ocupa cerca de quatro quilómetros quadrados.

A primeira referência documental à freguesia data do século XII, embora existam indícios de que a povoação tem raízes mais antigas, como é o caso dos vestígios pré-romanos encontrados sobre as povoações de Cartão e Vilela, a que se deu  nome de Crasto. Nas “Inquirições” de D. Afonso III (século XIII) já é descrita a formação da freguesia de então. A figura de D. Egas Moniz está inevitavelmente associada a esta terra, uma vez que possuía parte de Aveleda. A Igreja de São Salvador de Aveleda era já no século XII considerada ponto de encontro dos mordomos dos homens ricos da região, que aí pernoitavam e retemperavam forças.

www.jf-aveleda.pt/tmp/catDetail.asp?cat=36

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Terça-feira, 12.07.11
 

 

Os primeiros escritos relativos à freguesia de Aveleda, remontam ao século XII, se tenha notado a existência de um povoamento pré-romano no limite sudeste, assim como sobre as povoações de Cartão e Vilela, a que deu o nome de Crasto, nome mantido até então, fazendo parte de um todo, emanando belezas paisagísticas de grande riqueza e grande esplendor.

As inquirições de D. Afonso III, no século XIII, dizem-nos que esta freguesia estava distribuída por trinta e cinco casais, sete dos quais eram do Mosteiro de Paço de Sousa por doação da Rainha D. Mafalda, filha de D. Sancho I; dois pertencentes ao Mosteiro de Bustelo, por doação; um do Mosteiro de Freixo; um por pertença do nobre nome João Martins de Ataíde, fazendo dele parte, mais tarde, "Paço" e "Honra", entre os casais da própria Igreja.
Outro dos casais era posse de herdeiros da Rainha D. Mafalda e vinte casais eram da própria Igreja de S. Salvador de Aveleda.
Referência obrigatória desta freguesia é D. Egas Moniz, possuidor de parte de Aveleda. Tomando o exemplo da Igreja de S. Salvador de Aveleda, já no século XII considerada o encontro habitual dos mordomos dos homens ricos que aí tinham o hábito de comer e pernoitar, hábito posteriormente perdido aquando do seu padroado real e depois no da Casa de Bragança. Terra secular bem cimentada, manifesta as suas características singulares em múltiplas vertentes, como os usos e costumes, tradições e monumentalidade e, nesse modo, francamente apelativo nas festividades do seu padroeiro, S. Salvador.
Revigorada no seu presente e respeitadora do seu passado, a freguesia de Aveleda faz sentir forte e viva a sua presença entre as terras de Lousada.

www.jf-aveleda.pt/


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Segunda-feira, 16.08.10

Aveleda está situada num vale próximo do rio Sousa, na estrada de Paredes a Felgueiras e no cruzamento com a estrada de Paços de Ferreira a Penafiel. Aveleda está - em suma - num rincão ameno, florido, geograficamente feito beleza, e com o rio Sousa que, a seus pés, vai andando manso e sublime, tornando férteis os seus campos, dando-lhe formosura.

         É delimitada pelas freguesias de Pias, Meinedo, Caíde de Rei, Vilar do Torno, Macieira e Nogueira. Fica acerca de  4 Km. da sede do concelho. Fazem parte desta freguesia os lugares de Casas Novas, Agrela, Cabo, Lamas, Barrimau, Bouça da Pedra, Casal de Cima, Casal de Baixo, Mourinho, Gens Coutada, Aveleda, Moimenta, Igreja, Paiva, Aldeia Nova, Infesta, Vilela, Cartão, Vila Nustre, Pontesinhas, Barrelas, Lama, Casais Novos, Lagoa e Fundo de Vila.

         É denominada freguesia de meia encosta, com incidência de zonas de pequena montanha que desce para o rio Sousa. Na ladeira aprecia-se o aroma dos pinheiros e eucaliptos e junto ao rio, do apetecível vale, mais rico, aproveitado para vinhedo de forcado, feijão, pomares, milho, para alguns pés de oliveira e castanheiros, e, óptimo para a pastagem de gado bovino e ovino.

         Tem 871 hectares de terreno e comporta 1451 pessoas dos quais perto de 800 são eleitores recenseados, que se repartem por 400 fogos e dedicam-se essencialmente à agricultura. Outras estão empregadas nas indústrias existentes no concelho. Aqui pouca indústria existe.

         Aveleda é uma freguesia que está localizada na província do Douro, na comarca e concelho de Lousada, a 24 Km. Ao NE de Braga e a 360 Km, ao Norte de Lisboa. No princípio do séc. XIX o seu orago era S. Salvador. Em 1757 tinha 124 fogos, pertenceu ao Arcebispado de Braga e o pároco era abade apresentado pela casa de Bragança e tinha de renda 700$000 réis.

         A igreja de St.ª Cristina de Nogueira pertenceu aos senhores de Aveleda, já que em 1098, foi vendida por Pedro Astrófiz e sua mulher Emira Cédiz, a Guterres Mendes e Oreca Gonçalves - por 50 moios - a herança dos seus pais “quo modo se leva de Santa Cristina et fere usque ad Sousa quos vocitante Avellarreda serbtus mons Kavallo discurrente riuulo Sousa território portucalensis.”[1]

         A igreja é do séc. XII, mas sofreu muitas e grandes modificações no início do séc. XVII.

         Foi-lhe acrescentando, no mesmo estilo, o corpo da igreja, da parte da capela - mor, a qual com tipo moderno, se deslocou mais para nascente.

         O pórtico da fachada principal apresenta três arquivoltas em ogiva, assentes em colunas com capitéis de ornamentação floral. Por cima, um tímpano a dar luminosidade ao interior.

         A torre é um enxerto. A rosácea foi alterada. Portas laterais com tímpano sendo a do lado do norte mais singela. Modilhões, em geral lisos. Interiormente esta igreja está mudada. A pia baptismal é “antiga” e os tectos são pintados “parecendo ter havido neles uma interferência de artistas italianos.”[2]

         Exemplar raro do Vale do Sousa, é a Ponte Românica de Vilela, composta por quatro belos arcos e actualmente desactivada, fora de uso para o tráfego rodoviário. Só peões a atravessam.

         Tem duas capelas públicas - St.º Ovídio e S. Bartolomeu. A romaria em honra do primeiro é a 9 de Agosto, sendo uma das mais concorridas do concelho. A romaria tem lugar no sítio denominado Mourinho, aí também se encontra a capela.

         A casa de St.º Ovídio - restaurada recentemente, com uma belíssima fonte e pedra de armas encimando o portão - e a casa grande, em Vilela, são dois exemplares dignos de património construído existente nesta freguesia.

As Capelas de Aveleda.

         Tem a freguesia de Aveleda duas capelas públicas: N. Sr.ª do Rosário, mais conhecida por capela de St.º Ovídio, no lugar de Mourinho e S. Bartolomeu, no lugar de Vilela, que pertenceu à casa Grande de Vilela (hoje de Turismo de Habitação e que nos seus domínios encerra a capela - particular - de N. Sr.ª da Oliveira).

         São estas duas capelas - St.º Ovídio e S. Bartolomeu - que vão ser estudadas.

         A Capela de St.º Ovídio.

         O povo chama-lhe capela de St.º Ovídio, e a sua invocação, o seu orago é St.º Ovídio. É que na capela de St.º Ovídio, no lugar de Mourinho, está no seu altar a imagem do St.º Ovídio, o santo venerado pelos habitantes de Aveleda e que tem romaria em sua honra em 9 de Agosto. Esta não é a original, a primitiva capela.

         Mas houve mesmo uma capela em honra de St.º Ovídio, pertença da casa de Barrimau ou de St.º Ovídio e que por tricas políticas, aquando e depois da Implantação da República, acabou por ser demolida, e esta desde a década de vinte se passou a denominar capela de St.º Ovídio pelo povo de Aveleda e por todos os romeiros que demandam a Aveleda todos os anos, e em Agosto, no seu dia nove.

         Mas a capela de St.º Ovídio tem peripécias dignas de serem referidas, mesmo que sucintamente.

         É durante a década de vinte que a polémica estala quando os representantes da Junta de Aveleda querem que a capela de St.º Ovídio passe a ser pública. A isso vão-se opor ferozmente os seus donos, os fidalgos da casa de Barrimau ou de St.º Ovídio. Os republicanos ainda nesta época tentavam o arrolamento dos bens da Igreja. Aliás é a partir de 1910 que a capela de S. Bartolomeu se torna pública.

         Foi a 26 de Julho de 1927 que “veio de novo o Presidente da Corporação pedir mais a capela de St.º Ovídio.”[3]

         A capela de St.º Ovídio foi sempre particular “construída em terreno da Quinta de St.º Ovídio, dentro dela e em terreno demarcado e murado da Quinta.”[4]

         Guerras políticas e pessoais fizeram correr muita tinta em dois periódicos da época: Jornal de Lousada e Vida Nova.

         No seu n.º 1043 rezava o Jornal de Lousada (republicano) que “foi arrolada pela autoridade competente a célebre capela de St.º Ovídio, situada na freguesia deste concelho,... o último acto será,... a notícia de ter sido publicado o despacho que, oficialmente, considera a capela do milagroso St.º Ovídio propriedade exclusiva, in secula seculorum da freguesia do muito venerado S. Salvador de Aveleda. Podemos considerar a capela de St.º Ovídio como a praça de guerra de Aveleda.” [5]

         Apesar dos esforços dos fidalgos da casa de Barrimau ou St.º Ovídio, a capela de St.º Ovídio é entregue à comissão de culto por “Despacho de 15 de Julho findo, foi mandada entregar à Comissão do culto da freguesia de Aveleda, dêste concelho, entre outros bens, a capela de St.º Ovídio...”[6]

         Só em 1932 é que a capela é restituída à casa de St.º Ovídio, em definitivo, segundo o Heraldo de 27/02/32 e o Vida Nova de 5 de Março de 1932, é que publica o Despacho final sobre esta polémica. O Jornal de Lousada nem, se lhe refere.

         A última indicação do Jornal de Lousada é a de que a capela de St.º Ovídio foi demolida, ano de 1932. Actualmente a imagem de St.º Ovídio está na capela de St.º Ovídio, ali junto à igreja.

         A capela de St.º Ovídio seria reconstruída no lugar de Mourinho, já que segundo o fidalgo da casa de Barrimau “Demoli a capela que era minha, para a reconstruir num outro local...”[7] , pressupõe-se no lugar do Mourinho, já que não encontrei outra documentação que provasse o contrário.

         A dita capela de St.º Ovídio que se situa no lugar de Mourinho é, possivelmente, datada dos finais do séc. XVII, já que “Há 155 anos que os antepassados da Illustre família da casa de St.º Ovídio...requeram...licença para colocar na capela um confessionário”[8] , isto foi escrito no Jornal Vida Nova em 1928. O pedido para o confessionário foi feito em 1704. Ora a capela já anteriormente estava erigida. Daí situar-se entre os finais do séc. XVII, a sua construção.

         Todos a denominam capela de St.º Ovídio, mas esta capela tem por invocação N. Sr.ª do Rosário. E só é capela de St.º Ovídio desde que a antiga capela deste Santo foi demolida.

Algumas Considerações Artísticas.

         A capela, formada por nave e capela - mor. Altar com retábulo em talha nacional, tendo ao centro em nicho ricamente bem elaborado, N. Sr.ª do Rosário e não St.º Ovídio, já que este está em “casa” emprestada.

         Do lado direito e do lado esquerdo tem pequenos altares - aplicações posteriores - com sanefas salientes de um estilo joanino.

         Capela recheada de belas e ricas imagens.

         Do lado esquerdo tem uma sacristia, fruto de intervenções posteriores (séc. XIX e XX), mas que não consegui datar com precisão.

         Quem olha para esta capela de frente depara com uma pequena galilé em quatro pequenas colunas (frontais) e outras duas adossadas à fachada principal e primitiva, estas seis colunas sustentam uma cobertura de três águas e assentam por sua vez numa base murada que formada por um quadrado com uma abertura para um portão de ferro, a precisar de pintura. Abrindo esse portão, depara-se com um portal rectangular de madeira que dá acesso ao interior da capela.

         Nota-se no telhado da galilé que este já sofreu várias intervenções.

         Na parte central da fachada principal - na linha imaginária do início do frontão - encontra-se uma abertura rectangular, preenchida com umas quadrículas em ferro, quadrículas revestidas com vidro martelado, baço. No cume do frontão encontramos uma cruz em granito, e em cada ponto oposto, a culminar o entablamento deparamos com pirâmides ou o remate do entablamento com pirâmides.

         Do lado direito temos uma tosca sineira, num arranjo arquitectónico muito peculiar - uma coluna de pedra que não termina o entablamento e sino embutido no entablamento e na coluna erigida, ficando preso a um e a outro e desempenhando à mesma a sua função.

         Olhando com mais pormenor reparamos que a capela da St.º Ovídio tem uma galilé, encimada por frontão clássico. É uma equilibrada construção em cantaria de juntas tomadas, o que lhe dá alguma plasticidade, e na cornija, há um igual esquema arquitectónico. Os remates são feitos por pirâmides de bom recorte.

         No alçado direito, além da torre sineira, há um portal rectangular de acesso ao Templo, assim como uma fresta também rectangular que tem como função iluminar de forma  natural o altar - mor.

         No seu alçado esquerdo deparamos com um acrescento - sacristia - que também dá acesso ao Templo.

         No alçado sul, para além da cruz que encima o cume do frontão, encontramos ainda as duas pirâmides que rematam o entablamento.

         Esta capela foi toda ela rebocada, durante muitos anos, só que numa das últimas intervenções (não consegui obter a data) o reboco desapareceu, estando agora a pedra lisa e limpa e as juntas tomadas ou cheias.

         É uma bela capela do séc. XVIII - em princípio - com um interior que artisticamente vale a pena vislumbrar.

A capela de S. Bartolomeu.

         Quem vem de Lousada, em direcção a Pias e chega ao lugar do Jogo vira à esquerda e cem metros depois torna a virar à direita, pouco mais de um quilómetro andado passamos pela capela de St.º Ovídio. Se seguirmos sempre e depois da bela ponte românica de Vilela vamos deparar, à nossa esquerda, volvidos uns duzentos metros com a majestosa e bela capela de S. Bartolomeu.

         Outrora a sua romaria dava brado na região, hoje já não se efectua. Os tempos e os homens mudaram, são outros.

         A capela de S. Bartolomeu pertenceu à casa Grande de Vilela até à Implantação de República. Não descortinei a data precisa em que tal aconteceu. Mas aquando da polémica que envolveu a Comissão de culto da capela de St.º Ovídio e a casa de Barrimau, pela posse da dita capela, na muita correspondência trocada nos jornais locais, aparece o excerto em que se afirma que uma certidão passada pelo chefe da Secretaria Privativa da Comissão Jurisdicional dos Bens Culturais que diz: “A Corporação encarregada do culto católico da freguesia do Salvador de Aveleda, distrito e diocese do Porto pede a cedência em uso e administração,..., dos bens regulares: Primeiro, Igreja Paroquial com suas dependências e alfaias; segundo, Residência paroquial, quintais e devesa, Capela de S. Bartolomeu, no lugar de Vilela,...[9]

         Logo, foi depois de 5 de Outubro de 1910 que a capela de S. Bartolomeu deixou de ser particular e passou a ser pública.

         Sabe-se também que uma das imagens da capela de S. Bartolomeu foi enterrada, já que as imagens “que fossem encontradas em mau estado, ‘indecentemente pintadas ou envelhecidas’, eram mandadas enterrar nas igrêjas, afastadas das sepulturas dos defuntos, o que aconteceu em 1709, com uma imagem da capela de S. Bartolomeu, de Aveleda,...[10]

Algumas Considerações Artísticas.

         Foi mandada construir pelos senhores da casa Grande de Vilela, na primeira metade do séc. XVIII. Olha-se para ela e logo se vê aquele aspecto firme e sustentado do barroco, que o seu granito inspira e que o seu óculo confirma.

         A capela, formada por nave e capela - mor, sofreu várias intervenções de preservação e restauro (como é óbvio, telhado - as telhas não são os originais, as grossa paredes de granito já foram rebocadas, etc., etc.), mas a traça original foi mantida.

         É pois uma construção perfeitamente equilibrada em cantaria de junta fitada (não é cheia ou tomada), mas não pintada como é usual, ressalta o cimento e o granito.

         Olhando-a de frente, no seu alçado principal, deparamos com uma fachada granítica, em que as pilastras se elevam até ao entablamento e sustentam praticamente todo o peso do frontão clássico, este com tímpano liso, sem qualquer tipo de decoração.

         Porta rectangular - principal acesso à capela - com lintel saliente, em forma de almofada e entre esta e o entablamento aí se encontra o óculo com ferro em quadrados e em vidro claro que amplifica a iluminação natural da capela, em dias de sol.

         Quem olha o óculo de perto vislumbra o que parece ser a imagem de Jesus Cristo na cruz. Tal imagem é única no universo das perto de trinta capelas em estudo.

         No cume do frontão uma cruz assente numa pequena base. O entablamento tem como remate uma pirâmide em cada um dos seus extremos.

         No alçado esquerdo, mais ao menos rente ao chão e com pouca altura e diminuta espessura, encontramos umas alminhas, muito bem conservadas e com um belo fresco, tendo por centro a figura do anjo Gabriel.

         No topo da capela, por detrás do altar, deparamos com a capela - mor, o seu belo retábulo com belas imagens e uma talha nacional (pode-se considerar), já que as suas colunas torsas, salomónicas, falam por si, já que estas também se envolvem com cachos de uvas e por anjos.

         Ao centro do altar encontra-se a imagem de S. Bartolomeu. 

 

In As Capelas Públicas de Lousada

 

 



[1] Lousada - Terra Prendada, Aveleda, Ed. C.M.L., p. 73. 1993.

[2] Magalhães, Prof. Altino, Revista de Lousada, n.º 2, (Supl. Do Jornal T.V.S., n.º 324), 5 de Março de 1991, p. 11.

[3] Ferreira, Alfredo J.; A Capela de St.º Ovídio em Aveleda, Jornal de Lousada, n.º 1160, 30 de Agosto de 1928, p. 1.

[4] Idem.

[5]  A. J. F., A Praça de Guerra de Aveleda, Jornal de Lousada, 12 de Novembro de 1927, p. 1.

[6] Jornal de Lousada, Capela de St.º Ovídio, Agosto de 1931 p. 2.

[7] Jornal Vida Nova, 5 de Março de 1920, n.º 560, p. 1.

[8] A Capela de St.º Ovídio, Jornal Vida Nova, 6 de Outubro de 1928, n.º473, p.1 e 2.

[9] Ferreira, Alfredo J., A Capela de St.º Ovídio em Aveleda, jornal de Lousada; n.º 1160, 30 de Agosto de 1928, p. 1.

[10] Alves, Natália do Carmo M. M. F., A Arte da Talha no Porto na época barroca, 1986, p.43.


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Domingo, 30.05.10

 

O povo chama-lhe capela de St.º Ovídio, e a sua invocação, o seu orago é St.º Ovídio. É que na capela de St.º Ovídio, no lugar de Mourinho, está no seu altar a imagem do St.º Ovídio, o santo venerado pelos habitantes de Aveleda e que tem romaria em sua honra em 9 de Agosto. Esta não é a original, a primitiva capela.

            Mas houve mesmo uma capela em honra de St.º Ovídio, pertença da casa de Barrimau ou de St.º Ovídio e que por tricas políticas, aquando e depois da Implantação da República, acabou por ser demolida, e esta desde a década de vinte se passou a denominar capela de St.º Ovídio pelo povo de Aveleda e por todos os romeiros que demandam a Aveleda todos os anos, e em Agosto, no seu dia nove.

            Mas a capela de St.º Ovídio tem peripécias dignas de serem referidas, mesmo que sucintamente.

            É durante a década de vinte que a polémica estala quando os representantes da Junta de Aveleda querem que a capela de St.º Ovídio passe a ser pública. A isso vão-se opor ferozmente os seus donos, os fidalgos da casa de Barrimau ou de St.º Ovídio. Os republicanos ainda nesta época tentavam o arrolamento dos bens da Igreja. Aliás é a partir de 1910 que a capela de S. Bartolomeu se torna pública.

            Foi a 26 de Julho de 1927 que “veio de novo o Presidente da Corporação pedir mais a capela de St.º Ovídio.”[1][1]

            A capela de St.º Ovídio foi sempre particular “construída em terreno da Quinta de St.º Ovídio, dentro dela e em terreno demarcado e murado da Quinta.”[2][2]

            Guerras políticas e pessoais fizeram correr muita tinta em dois periódicos da época: Jornal de Lousada e Vida Nova.

            No seu n.º 1043 rezava o Jornal de Lousada (republicano) que “foi arrolada pela autoridade competente a célebre capela de St.º Ovídio, situada na freguesia deste concelho,... o último acto será,... a notícia de ter sido publicado o despacho que, oficialmente, considera a capela do milagroso St.º Ovídio propriedade exclusiva, in secula seculorum da freguesia do muito venerado S. Salvador de Aveleda. Podemos considerar a capela de St.º Ovídio como a praça de guerra de Aveleda.” [3][3]

            Apesar dos esforços dos fidalgos da casa de Barrimau ou St.º Ovídio, a capela de St.º Ovídio é entregue à comissão de culto por “Despacho de 15 de Julho findo, foi mandada entregar à Comissão do culto da freguesia de Aveleda, dêste concelho, entre outros bens, a capela de St.º Ovídio...”[4][4]

            Só em 1932 é que a capela é restituída à casa de St.º Ovídio, em definitivo, segundo o Heraldo de 27/02/32 e o Vida Nova de 5 de Março de 1932, é que publica o Despacho final sobre esta polémica. O Jornal de Lousada nem, se lhe refere.

         A última indicação do Jornal de Lousada é a de que a capela de St.º Ovídio foi demolida, ano de 1932. Actualmente a imagem de St.º Ovídio está na capela de St.º Ovídio, ali junto à igreja.

            A capela de St.º Ovídio seria reconstruída no lugar de Mourinho, já que segundo o fidalgo da casa de Barrimau “Demoli a capela que era minha, para a reconstruir num outro local...”[5][5] , pressupõe-se no lugar do Mourinho, já que não encontrei outra documentação que provasse o contrário.

         A dita capela de St.º Ovídio que se situa no lugar de Mourinho é, possivelmente, datada dos finais do séc. XVII, já que “Há 155 anos que os antepassados da Illustre família da casa de St.º Ovídio...requeram...licença para colocar na capela um confessionário”[6][6] , isto foi escrito no Jornal Vida Nova em 1928. O pedido para o confessionário foi feito em 1704. Ora a capela já anteriormente estava erigida. Daí situar-se entre os finais do séc. XVII, a sua construção.

            Todos a denominam capela de St.º Ovídio, mas esta capela tem por invocação N. Sr.ª do Rosário. E só é capela de St.º Ovídio desde que a antiga capela deste Santo foi demolida.

 

Silva, José Carlos Ribeiro da – As Capelas Públicas de Lousada, U. Portucalense, 1997



[1][1] Ferreira, Alfredo J.; A Capela de St.º Ovídio em Aveleda, Jornal de Lousada, n.º 1160, 30 de Agosto de 1928, p. 1.

[2][2] Idem.

[3][3]  A. J. F., A Praça de Guerra de Aveleda, Jornal de Lousada, 12 de Novembro de 1927, p. 1.

[4][4] Jornal de Lousada, Capela de St.º Ovídio, Agosto de 1931 p. 2.

[5][5] Jornal Vida Nova, 5 de Março de 1920, n.º 560, p. 1.

[6][6] A Capela de St.º Ovídio, Jornal Vida Nova, 6 de Outubro de 1928, n.º473, p.1 e 2.



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Sábado, 22.05.10

Em 1744, no lugar do Carro, pontificava o Capitão Agostinho Barreto. Como se demonstra:

Capptam Agostinho Borges Barretto, Lugar do Carro, Avelleda (Concelho de Unhão), Fidalgo da Casa Real.

ADP, - P0-1, Secção Notarial Livro nº 21, 1744,fl.11

 

Era interessante inventariar (através de uma pesquisa devidamente orientada e cientificamente sustentada), os títulos e cargos que foram atribuídos aos nossos antepassados e a influência que os mesmos (cargos e títulos) tiveram para o progresso e afirmação do território que veio a constituir o concelho de Lousada, Um desafio que fica.



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Segunda-feira, 17.05.10

A Igreja de Aveleda, pelo tipo de soluções arquitectónicas, pode ser datada dos finais do séc. XI/séc. XII; é o ex-líbris da freguesia e um dos mais valiosos e antigos monumentos que Lousada possui. «Remontará a igreja que lá se encontra (em Aveleda) ao fim do séc. XII mas antes (…) já existia outra igreja.». Foi assim descrita: Igreja românica do séc. XII. Sofreu grandes modificações, diz-se que no séc. XIII. Foi então aumentado, no mesmo estilo, o corpo da igreja da parte da capela-mor a qual foi deslocada mais para nascente, já de tipo moderno. A torre é um enxerto. O pórtico da fachada ocidental, com tímpano, tem três arquivoltas ogivantes, descansando em colunas com capitéis de ornamentações flóricas. A rosácea foi alterada. Portas laterais também com tímpanos. Modilhões lisos, em geral. O interior também foi alterado. A pia baptismal, verdadeira relíquia, é antiga e os tectos da Igreja são pintados, parecendo haver interferência de artistas italianos.

Sobre esta interferência: Em meados do séc. XVIII sofreu esta Igreja uma profunda modificação por ocasião de um restauro feito por iniciativa e com o auxílio da Casa de Santo Ovídio que mandou vir propositadamente à Aveleda arquitectos e operários de origem italiana. Foram estes artistas que se encarregaram da reforma do templo, inutilizando parte notória dele, por exemplo, a capela-mor, pelo que, ainda hoje, se notam dois estilos distintos. No interior podem-se observar pinturas de estilo D. João V . Jornal de Lousada (C.R.), 26. 5. 1957

MOURA, Augusto Soares – Lousada Antiga, Edição de Autor, 2009



publicado por José Carlos Silva às 22:11 | link do post | comentar

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