Terça-feira, 10.08.10

Capelas de Lousada

Lousada é um dos concelhos do Vale do Sousa que maior património artístico tem. Capelas abundam, quer particulares quer públicas. Até neste capítulo - capelas - o seu património é considerável.

          A maior parte delas foram construídas no séc. XVIII, uma ou outra no séc. XVII, uma no séc. XIX (Sr. dos Aflitos) e já no Séc. XX temos as reconstruções modernistas das capelas de St.º Amaro e de N. Sr.ª do Alívio.

         O concelho de Lousada é riquíssimo em outros tipos de patrimónios: Casa Solarengas e Solares - com suas capelas particulares - aquedutos, pontes e igrejas românicas, belas e artísticas alminhas, fontenários, cruzeiros, etc.

         As capelas públicas de Lousada centram-se, quase todas, no séc. XVIII, e “devem” ao profundo cariz religioso de certas pessoas (brasileiros), a razão principal para o seu restauro, ampliação e actual existência deste ou daquele templo. Foram estes “brasileiros” - no séc. XIX e princípios do séc. XX - expoentes máximos destas obras eminentemente religiosas, obras avultadas e dispendiosas, que num gesto nobre, mas pleno de ostentação e marcação de poder económico e social. O caso mais evidente foi, sem dúvida, o Visconde de Nevogilde.

         A maior parte das capelas têm uma tipologia muito semelhante; exceptuando a capela do Sr. dos Aflitos, N. Sr.ª Aparecida e N. Sr.ª da Ajuda.

                   A capela de maior importância é a capela de N. Sr. dos Aflitos, tendo só a capela de N. Sr.ª Aparecida a pedir-lhe meças, na vertente do escadório ou a de N. Sr.ª da Ajuda que apresenta uma bela traça arquitectónica, só que em dimensões mais reduzidas.

         De realçar que muitas destas capelas chegaram à actualidade em bom estado, bem preservadas, dada a “competição” entre os mais poderosos de cada freguesia, em prestar, dar, todo o apoio material à santa da sua devoção e assim, também, adquirir um maior prestígio na comunidade em que se inseria. Os “brasileiros” cumpriram esse desígnio na perfeição, não fossem eles os “novos ricos” da época. Era pois para eles a marca do poder e a margem de influência no meio social envolvente.

IN Seminário: SILVA, José Carlos Silva, As Capelas De Lousada, 1997, U. Portucalense,

 

 



publicado por José Carlos Silva às 19:39 | link do post | comentar

Quarta-feira, 30.06.10

A Capela de N. Sr.ª do Alívio.

 

Quem chega à igreja paroquial, só tem que virar à direita e subir até ao alto e irá encontrar junto ao cemitério de Covas a alva capela de N. Sr.ª do Alívio.

Esta capela já existia em 1914. É que, e segundo o Jornal local a capela da Sr.ª do Alívio, em Covas, “foi alteada e sofreu melhoramentos. Pagos pelo Major Moreira Ribeiro.

E o bispo do Porto autorizou que nesta capela se celebrasse missa.”[1][1]

 

Algumas Considerações Artísticas.

 

A capela de N. Sr.ª do Alívio é datada - pelo menos - de finais do séc. XIX, já que em 1914 é notícia de um restauro que foi feito - ateamento. E nessa altura deveria de ser uma pequena ermida em cantaria.

Actualmente, é uma construção - que parece ser toda ela em materiais modernos, actuais - rebocada, e pela espessura da parede não é em cantaria. Pintada em branco.

O alçado principal é muito simples, com um portal em arco e porta em ferro, sendo na sua maior parte envidraçada, o que permite uma excelente iluminação do templo.

No frontão, no seu cume, uma artística cruz, em ferro metalizado, encima o templo. Da cruz nasce um artefacto que permite iluminar, exteriormente, o templo.

Três degraus em mármore dão acesso ao portal do templo.

O alçado direito, assim como o esquerdo, apresentam frestas em arco, o que permitem uma boa iluminação do templo.

Templo de linhas simples e sóbrias.

 

 

 

A Capela de N. Sr.ª do Amparo.

 

No princípio do séc. XVIII já existia esta capela em S. João de Covas. A prová-lo lá está um calvário datado de 1723. Julgo que esta capela teve uma reconstrução mais recuada, mas não tive acesso a documentos que me pudessem provar estas suposições. Do primeiro quartel do séc. XVIII é.

“A capelinha de N. Sr.ª do Amparo situa-se no cimo de alta colina...”[2][2]

Esta capela sofreu várias intervenções, vários melhoramentos, o último dos quais em1996, em que o recinto da ermida foi calcetado, e custou 600 contos.

Do local onde está implantada a capela de N. Sr.ª do Amparo, pode-se apreciar a beleza que nos oferece o vale Mesio.

 

Algumas Considerações Artísticas.

 

A capela é composta por nave e altar - mor, e foi sofrendo restauros ao longo do tempo, o que lhe alterou a traça primitiva.

A ermida - primitiva - era mais baixa. Foi alteada, o que lhe deu um ar de imponência lá no alto da colina. Aliás, quem olhar a actual frontaria verifica que um pouco acima do portal há uma almofada que, porventura, faria parte do edifício primitivo.

Desconheço as datas em que esta capela foi restaurada. Sei que por várias vezes sofreu intervenções, já que algumas delas são visíveis, e em épocas diferentes.

É uma bela e equilibrada construção em cantaria, com a fachada principal em azulejo em padrão, azul, e os restantes alçados rebocados e em branco.

É uma construção de estilo barroco, séc. XVIII, primeiro quartel.

O alçado principal mostra-nos uma frontaria azulejada, em padrão, azul, e com pilastras salientes. O azulejo poderá ser situado no séc. XX, última década.

A meio da frontaria, um portal em cantaria simples e um pouco acima uma almofada em cantaria elaborada. Quer no lado direito, quer no lado esquerdo do portal, duas frestas - pequenas - ajudam à iluminação natural do templo.

A meia altura da frontaria no seu lado direito, vê-se um acrescento em cantaria e em azulejo da mesma origem e matriz de toda a fachada principal. O azulejo deverá Ter sido colocado na frontaria da capelinha ao mesmo tempo que foi feito este acrescento no seu alçado direito.

O remate do entablamento é feito por pirâmides em cantaria trabalhada. E no cume do frontão uma cruz.

Ocupando parte do tímpano e parte superior da frontaria, uma grande e artística cruz de Malta, diz-nos que em outros séculos mais recuados aquelas terras pertenceram à Ordem de Malta.

O alçado direito apresenta um acrescento, que na sua parte principal é azulejada e na restante construção é rebocado. Outras duas construções - Sacristia - mais recentes, rebocadas e sem serem em cantaria.

Logo no início do alçado direito, sobrepujando aquilo que parece ser uma construção que servirá de local de arrumos; uma fresta foi rasgada para permitir a iluminação do templo. Acima desta fresta, tendo por base o entablamento, uma sineira em arco perfeito, sem rins.

Sobrepujando a Sacristia outra fresta aparece rasgando o templo e para a sua iluminação natural.

O alçado direito é rebocado a branco e pode ver-se o que resta de uma imagem de N. Sr.ª do Amparo.

Já o alçado esquerdo tem a cantaria rebocada, um portal, a meio, e duas frestas que permitem a iluminação natural do templo.

Do alçado norte pode-se realçar as pirâmides que rematam o entablamento e a cruz que encima o frontão.

 

SILVA – José Carlos, In As Capelas Públicas de Lousada, U. Portucalense, 1997.



[1][1] Jornal de Lousada, 18 de Outubro de 1914, n. º 376 p.2-3.

[2][2] Jornal Terras Vale do Sousa, 22 de Abril de 1993, p. 6.



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